Filosofia e Idéias

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IDÉIAS

O Que é

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Texto de palestra apresentada a audiências variadasrds

Copyright 1989 by Frederick Edwords, Executive, Director American Humanist Association

 

 

 

O tipo de resposta que você vai obter para essa pergunta depende da espécie de humanista a quem você pergunta!

A palavra "humanismo" tem muitos significados e, uma vez que autores e conferencistas geralmente não deixam claro a qual significado se referem, os que tentam explicar o humanismo podem facilmente gerar confusão. Felizmente, cada significado da palavra constitui um diferente tipo de humanismo — os diferentes tipos sendo facilmente separados e definidos através do uso de adjetivos apropriados. Portanto, permitam-me resumir as diferentes variedades de humanismo da seguinte maneira:

Humanismo Literário — é uma devoção pelas humanidades ou cultura literária.

Humanismo da Renascença — é o espírito de aprendizado que se desenvolveu no final das idades médias com o renascimento das letras clássicas e uma renovada confiança na habilidade dos seres humanos para determinar por si mesmos o que é verdadeiro e o que é falso.

Humanismo Cultural — é a tradição racional e empírica que teve origem, em grande parte, nas antigas Grécia e Roma e evoluiu, no decorrer da história européia, para constituir atualmente uma parte fundamental da abordagem ocidental à ciência, à teoria política, à ética e à lei.

Humanismo Filosófico — é uma visão ou um modo de vida centrado na necessidade e no interesse humanos. Subcategorias deste tipo de humanismo inclui o Humanismo Cristão e o Humanismo Moderno.

Humanismo Cristão — é definido em dicionários como sendo "uma filosofia que defende a auto-realização humana dentro da estrutura dos princípios cristãos". Esta fé com maior direcionamento humano é em grande parte produto da Renascença e representa um aspecto daquilo que produziu o humanismo da Renascença.

Humanismo Moderno — também chamado Humanismo Naturalista, Humanismo Científico, Humanismo Ético, e Humanismo Democrático, é definido por um dos seus principais proponentes, Corliss Lamont, como "uma filosofia naturalista que rejeita todo supernaturalismo e repousa basicamente sobre a razão e a ciência, sobre a democracia e a compaixão humana". O Humanismo Moderno tem uma origem dual, tanto secular quanto religiosa, e estas constituem suas subcategorias.

Humanismo Secular — é uma conseqüência do racionalismo do iluminismo do século XVIII e do livre-pensamento do século XIX. Muitos grupos seculares [...] e muitos cientistas e filósofos acadêmicos sem outra filiação defendem esta filosofia.

Humanismo Religioso — emergiu da Cultura Ética, do Unitarianismo e do Universalismo. Hoje em dia, muitas congregações Unitario-Universalistas e todas as sociedades de Cultura Ética descrevem-se como humanistas no sentido moderno.

Os humanistas seculares e os humanistas religiosos compartilham a mesma visão de mundo e os mesmos princípios básicos. Isto fica evidente a partir do fato de que ambos, humanistas seculares e humanistas religiosos, assinaram o Primeiro Manisfesto Humanista, em 1933, e o Segundo Manifesto Humanista, de 1973. Do ponto de vista exclusivamente filosófico, não há diferença entre os dois. É apenas na definição de religião e na prática da filosofia que os humanistas seculares e os humanistas religiosos discordam efetivamente.

O Humanismo Religioso é "fé em ação". Em seu ensaio "The Faith of a Humanist", Kenneth Phife, de congregação Unitario-Universalista, declara:

O Humanismo nos ensina que é imoral esperar que Deus aja por nós. Devemos agir para acabar com as guerras, os crimes e a brutalidade desta e das futuras eras. Temos poderes notáveis. Termos um alto grau de liberdade para escolher o que havemos de fazer.O humanismo nos diz que não importa qual seja a nossa filosofia a respeito do universo, a responsabilidade pelo tipo de mundo em que vivemos, em última análise, cabe a nós mesmos.

A tradição humanista secular é uma tradição de desconfiança, tradição que remonta à antiga Grécia. Podemos ver, até na mitologia grega, temas humanistas que raramente aparecem, se é que aparecem, em mitologias de outras culturas. E eles certamente não foram repetidos pelas modernas religiões. O melhor exemplo, no caso, é o personagem Prometeus.

Prometeus se sobressai por ter sido idolatrado pelos antigos gregos como aquele que desafiou Zeus. Ele roubou o fogo dos deuses e o trouxe para a terra. Por causa disso, foi punido. E mesmo assim, continuou seu desafio em meio às torturas. Essa é a origem do desafio humanista à autoridade.

Outro aspecto da tradição humanista secular é o ceticismo. O exemplo histórico disso é Sócrates. Por que Sócrates? Porque, depois de todo esse tempo passado, ele ainda é único, entre todos os santos e sábios famosos, desde a Antiguidade até o presente. Toda religião tem seu sábio. O Judaísmo tem Moisés, o Zoroastrismo tem Zaratustra, o Budismo tem Buda, O Cristianismo tem Jesus, O Islamismo tem Maomé, o Mormonismo tem Joseph Smith... Todos afirmaram conhecer a verdade absoluta. Foi Sócrates, e unicamente ele, entre todos os sábios, que afirmou que NADA sabia. Cada um devisou um conjunto de regras ou leis, exceto Sócrates. Em vez disso, Sócrates forneceu-nos um método — um método para questionar as regras de outros, um método de inquirição. [...] Sócrates permanece como um símbolo, tanto do racionalismo grego como da tradição humanista que surgiu a partir daí. E, desde sua morte, nenhum santo ou sábio igualmente considerado juntou-se a ele, nesse aspecto.

O fato de que o Humanismo possa, ao mesmo tempo, ser religioso e secular apresenta, de fato, um parodoxo, mas não é este o único paradoxo. Um outro é que ambos colocam a razão acima da fé, geralmente até o ponto de evitar completamente a fé. A dicotomia entre razão e fé freqüentemente recebe ênfase no Humanismo, com os humanistas tomando lugar ao lado da razão. Por causa disso, o Humanismo Religioso não deveria ser visto como uma fé alternativa, mas sim como um modo alternativo de ser religioso.

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