Trabalho de Conclusão de Curso I

Roteiros de aula

Unidade 1

Unidade 1 -  Aula 1

1. CRENÇAS E CRENTES
 

         - “Um pressuposto básico adotado pela filosofia da ciência é o de que esta pode
ser entendida como uma atividade prática e intelectual sem referências a forças
e influências  socias, seja de que gênero forem. No entanto, a ciência é uma atividade
social. É levada a cabo por grupos de pessoas para grupo de pessoas; e os seus
resultados ou produtos são utilizados pela comunidade” (Ron Harré, As filosofias
da ciência, p. 213)
 
    - Harré estabelece a distinção entre dois distintos planos de análise:
        - a ciência na sociedade
        - a ciência como sociedade
 

    - A ciência é uma atividade que se justifica pelo valor das suas aplicações .
Portanto, a ciência seria neutra e apenas suscitaria problemas morais quando
aplicada
    - A ciência é uma atividade justificada pelo seu valor intrínseco
 
      - Os paradigmas e a sua alteração
           Um conjunto de pressupostos metafísicos, de métodos empíricos e de
provas de trabalho valioso funciona como um paradigma. A ciência normal é
a investigação dentro de um paradigma, mas, quano a ciência atravessa períodos
revolucionários, os paradigmas alteram-se, mas não de maneira racional
 
    - Influências sociais sobre o conteúdo da ciência
         - A tese marxista: o conteúdo das teorias científicas, na qualidade de
superestruturas da sociedade, pode representar um produto da posição de
classe dos cientistas e, portanto, ser economicamente determinado
         - A tese ideológica: uma ideologia geral está subjacente tanto ao pensamento
científico quanto às formas de produção material
        De acordo com com Abbagnano o significado do têrmo dogmatismo foi
estabelecido pelos céticos, ao contraporem a sua posição de não emitir opinião
sobre o que quer que fosse, com a posição dos dogmáticos que definem sobre
cada ponto a sua opinião. Assim, seriam dogmáticos todos os filósofos que não
fossem céticos. Recentemente, Kant definiu o dogmatismo filosófico como a
tentativa de aventurar a razão em pesquisas que estão fora da sua possibilidade,
porque além da esfera da experiência possível, encontra um incentivo no
dogmatismo comum, que consiste em raciocinar levianamente sobre coisas das
quais não se compreende nada e das quais nunca ninguém no mundo
entenderá.  (Abbagnano, N.  Dicionário de Filosofia, p. 275)
 
      No plano psicológico, Milton Rokeach ocupa-se da noção de dogma,
referindo-se a determinadas estruturas do sistema de crenças e modos de
funcionamento cognitivo. Nesses termos, o dogmatismo deveria ser entendido
como uma mentalidade fechada, com uma grande rigidez no campo
psicológico. Outros estudos psicológicos apontam a tendência de pessoas dogmáticas
em se apoiarem na autoridade.  Talvez o mais conhecido destes estudos seja o de
Adorno e colaboradores. Em linhas gerais, ela aponta a existência de diferenças
individuais em um quadro geral de direção para o ódio e a intolerância. Poder-se-ia
falar, portanto, em uma situação de algumas pessoas que seriam intolerantes, numa
condição em que algumas pessoas serim dogmáticas ou preconceituosas não por força
das influências sociais, mas pelo fato delas serem o que e como são. Seriam as
denominadas personalidades autoritárias. Quais seriam as características psicológicas mais
marcantes deste tipo de pessoa ?
    - tende ser uma pessoa com opiniões extremamente rígidas;
    - tende a adotar valores convencionais;
    - tende a ser intolerante com a fraqueza (seja a sua ou a dos outros);
    - tende a ser fortemente punitiva;
    - tende a ser extremamente desconfiada;
    - dedica um profundo respeito à autoridade; e
    - tende a demonstrar um alto grau de preconceito contra todos os grupos minoritários
          - O caso de Cyrill Burt: o que o teria motivado ? Qual a necessidade de se
falsificar e inventar dados ou de se criar colaboradores fictícios ? Se os valores
envolvidos na pesquisa científica fossem considerados por Burt, os episódios nos
quais ele esteve envolvido teriam se manifestado ?
 
    - Critérios para se determinar se os valores deveriam ou não serem considerados
na pesquisa científica:
        - opiniões
        - viéses ou inclinações meramente pessoais
        - pressupostos éticos
        - discussões sobre a estimativa do significado profissional
        - agendas sociais explícitas ou veladas
        - preferências teóricas
          - Ceticismo global: Nada pode ser efetivamente conhecido. Este tipo de
ceticismo pode ser considerado como auto-contraditório, desde que ele próprio
já envolve afirmações sobre um determinado estado de coisas
 
       - Ceticismo regional: existem algumas esferas da realidade que não podem
ser conhecidos. No entanto, em outras áreas é perfeitamente possível se chegar
a obter crenças científicamente justificadas. Assim sendo, a adoção do otimismo
epistemológico é perfeitamente aceitável
 
       - No entanto, a concepção de que devemos substituir a busca do conhecimento
verdadeiro pelas crenças científicamente justificadas deve ser entendida como uma
solução apenas parcial para o problema do conhecimento científico, já que ela não
apresenta respostas convincentes para dois dos principais argumentos apresentados
pelos céticos: os argumentos do erro e o das coincidências
           -  Muitas vezes em nossas vidas cometemos uma série de erros e só
descobrimos que estávamos errados depois de algum tempo. Quem nos garante
que aquilo em que acreditamos hoje não seja apenas um erro e que só iremos
descobrir que estamos errados depois de algum tempo ?
          -  Contra o erro podemos tomar uma série de cuidados e precauções. Contudo,
de nada adianta todos os cuidados e precauções do mundo se o que observarmos for
apenas um conjunto de coincidências que se manifestou naquela situação particular
e que nos fez desviar do caminho da verdade.
 
 
 

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