Quantitativa
- o mundo opera de acordo com leis causais
- os dados da pesquisa se originam da observação sensorial
- a realidade consiste em estruturas e instituições identificáveis
enquanto
dados brutos por um lado e crenças e valores por outro. Estas
duas
ordens se correlacionam para fornecer regularidades e generalizações
- o que é real são os dados brutos; valores e crenças
são dados subjetivos que
só podem ser compreendidos através dos primeiros
- busca das relações entre variáveis independentes
e variáveis dependentes
Qualitativa
- preocupação com um nível de realidade que não
pode ser quantificado
- busca de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes
- Modalidades
- descrever o conteúdo dos fenômenos
- buscar a essência ou estrutura do fenômeno
- desenvolver formas de representação
1) experimentar - envolve a manipulação de
determinados aspectos do mundo
natural com o intuito de identificar as relações não-contingenciais
entre duas
ou mais variáveis;
2) observar - envolve o reconhecimento ostensivo da existência
de determinados
objetos presentes no mundo natural e a suposição de que
se é possível esclarecer
as relações porventura existentes entre os objetos; e
3) perguntar - supõe a possibilidade de se adentrar o
universo conceitual do
interlocutor com o objetivo de circunscrever através de uma
relação intersubjetiva
o sentido das ações humanas.
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Quais seriam as razões que justificariam
a realização de um estudo que
envolve a observação sistemática ?
1. quando se aceita a admissão de que um experimento poderá
gerar padrões
de comportamento muito artificiais;
2. nas circunstâncias em que a observação é
a única forma de se registrar o
comportamento, como, por exemplo, no caso de bebês muito pequenos;
e
3. quando o experimento não pode ser realizado por justificativas
de natureza
moral, por exemplo, no caso de estudos que envolveriam a privação
em crianças.
Como os dados observacionais podem ser registrados ?
1. Visualmente: através de vídeos e fotografias
2. Auditivamente: através do registro de diálogos
e conversas por meios
magnéticos; e
3. Escrita: quando registramos de forma escrita o que está acontecendo.
A depender do que se está a observar o registro escrito envolve
a adoção
de um sistema de notação. Quais seriam as principais
formas de se fazer
a notação dos comportamentos observados:
a) através de tabelas
Tempo Tipo de comportamento
minutos
A B C D
01
02
03
b) através de escalas
+ ------------------------------- -
c) através de um sistema de codificação
| pé
^ andando
_ deitado
# sentado
Afinal de contas, o que pode ser observado
? Certamente que nem tudo
pode ser observado. Os observadores precisam inicialmente definir o
que e
como irão realizar as suas observações. Eles precisam
definir os termos em
que serão realizadas as amostras de comportamentos a serem
observados.
Podemos circunscrever, neste particular, três tipos de amostra:
i) amostra temporal: observa-se o que ocorre em determinados períodos.
Por
exemplo, entre 14 e 14:15 h; na hora do recreio etc.
ii) amostra pontual: observa-se exclusivamente o comportamento de um
dado
indivíduo, passando-se para o seguinte apenas quando o registro
anterior
estiver completo; e
iii) amostra por evento: observa-se um tipo específico de evento
todas as vezes
em que ele se manifesta. Por exemplo, registro de lutas infantis, de
episódios de
interação social etc.
Uma das principais características da observação
sistemática é a de que ela
pode ser considerada um recurso extremamente inpressionista e dependente
dos
estados subjetivos do observador. Para lidar com esta dificuldade,
e tornar mais
confiáveis os dados obtidos através da observação,
os investigadores procuram
estabelecer a correlação entre os registros de vários
observadores que fizeram
as suas observações em uma mesma circunstância.
Esta correlação permite
estabelecer uma estimativa de confiabilidade inter-observadores.
Assim, nas
circunstâncias em que esta estimativa é baixa, pode-se
dizer que se manifestou
um forte viés do observador, sendo necessário tratar
os resultados com uma
cautela extrema.
O principal problema com a observação
naturalista reside na necessidade de
se definir claramente o sietma de registro e de classificação
dos comportamentos
a serem observados. O problema pode ser considerado extremamente grave,
uma
vez que ele não se localiza na acurácia ou
na adequação do sistema de registro,
mas sim na suposição de que o simples fato de se estabelecer
um sistema de
classificação já é o suficiente para se
perder completamente a dimensão
contextual e as condições reais em que o comportamento
se manifesta.
Forças e fraquezas das diferentes modalidades de observação,
quando
comparadas com a experimentação
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O problema do disfarce dos objetivos da investigação
Há uma suposicão amplamente
aceita na pesquisa psicológica de que o
investigador não pode deixar transparecer para o participante
do estudo o
verdadeiro objetivo da investigação, sob pena de comprometê-la.
Por que ?
Pode-se admitir que se o participante sabe
o verdadeiro objetivo da
investigação ele pode dirigir as suas respostas para
duas direcões distintas.
Ele pode, para agradar ao pesquisador, responder não de acordo
com o que
pensa, mas de acordo com aquilo que imagina que o pesquisador gostaria
de encontrar. Por outro lado, o participante do estudo pode, ao procurar
demonstrar que os seus padrões de comportamento fogem do convencional,
modificar as suas respostas com a finalidade de mostrar ao pesquisador
que
possui características individuais próprias. Além
desses dois aspectos, não
podemos perder de vista o fato de que se as informações
forem potencialmente
embaraçosas para o participante e se ele tiver clareza
que as respostas
solicitadas pelo pesquisador se encaminham nesta direção,
ele pode modificar
o teor das suas respostas.
Se tudo isto é verdadeiro, é perfeitamente
natural que o pesquisador procure
disfarcar o verdadeiro objetivo da sua investigação.
Quais as estratégias que
podem ser adotadas para atingir esta finalidade ?
1. inserir a questão de interesse no meio de outras questões
indiferentes para a
investigação em questão; e
2. utilizar algum indicador mais objetivo concomitantemente à
entrevista (por
exemplo, um medidor do potencial elétrico da pele)
Estas precauções, no entanto,
não são suficientes para para livrar o
investigador de algumas preocupações recorrentes quando
se utiliza os diferentes
métodos de self-report. Na literatura especializada já
se encontram isolados
uma série de fatores que são capazes de afetar os métodos
de self-report.
Eis alguns deles:
a) gênero: as pessoas respondem de forma mais positiva
a investigadores do
sexo oposto, desde que as achem atraentes;
b) origem étnica: as pessoas reagem mais formalmente
em relação aos
membros de outros grupos étnicos do que em relação
aos membros do seu
próprio grupo;
c) formalidade do papel: o participante pode considerar
o pesquisador uma
figura importante e ajustar a sua linguagem àquela do investigador;
d) subjetividade: pode existir uma “química” entre
o pesquisador e alguns
participantes que favoreça a expressão de dados mais
autênticos e genuínos;
e) desejabilidade social: o participante pode responder
não o que acha, mas
sim o que imagina ser a resposta desejada pelo investigador; e
f) pistas avaliativas: o participante procurar obter do
pesquisador pistas e
indícios a respeito das suas respostas. Para lidar com esta
situação o investigador
deve evitar expressar indícios que ensejem ao participante pensar
que ele
concorda ou discorda com os pontos de vista expostos.
Podemos identificar dois tipos básicos de
métodos de self-report: as entrevistas
e os métodos instrumentalizados. Consideremos
rapidamente cada um deles:
Tipos de estrevista
Não-diretiva: Muito utilizada na terapia centrada
no cliente. O seu objetivo
primordial não é o de obter dados, mas sim o de ajudar
ao paciente.
Informal: Voltada para a obtenção de dados,
neste tipo de entrevista o
entrevistado é convidado a falar abertamente, enquanto o entrevistador
escuta pacientemente, apresentando no máximo alguns comentários
"inteligentes", evitando apresentar argumentos diretos.
Semi-estruturada: o entrevistador deve seguir um conjunto
de questões
previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante
ao de uma conversa informal. O entrevistador fica atento, dirigindo
no
momento que achar oportuno a discussão para o assunto que o
interessa.
Estruturada, mas aberta: Existe um conjunto fixo de questões
que o
entrevistador deve seguir, mas ele pode responder livremente a qualquer
questionamento feito pelo entrevistado.
Estruturada: Existe um número fixo de questões,
uma ordem apropriada
para a apresentação das mesmas e o entrevistador determina
as possíveis
respostas que podem ser escolhidas pelo entrevistado.
Meios de obtenção dos dados:
1) face a face
2) telefone
3) carta ou e-mail
Vantagens e desvantagens da entrevista
- vantagens
- informações mais fidedignas
- desvantagens
- depende bastante de fatores subjetivos
- relação autoritária entre entrevistador e entrevistado
Questionários
Os questionários são frequentemente
utilizados em surveys para a obtenção
de dados sobre um amplo conjunto de questões, em especial a
respeito de
determinados padrões de comportamento
Temas tradicionalmente investigados através da aplicacão de questionários:
- modalidades de disciplina infantil;
- hábitos (alimentares; sexuais etc);
- atividades de lazer;
- princípios morais;
- comportamento eleitoral etc
Escalas
As escalas são construídas com a finalidade
primordial de identificar posições
relativamente permanentes ou habituais de uma determinada pessoa a
respeito de
um dado assunto. Elas são construídas geralmente a prtir
da definição de um conjunto
de proposições sobre as quais o participante deve indicar
o seu grau de concordância
ou discordância.
Eis alguns exemplos de ítens de escalas:
1. Acho que todos os ganhadores de loteria deveriam dividir o seu prêmio
com uma
instituição de caridade.
( ) concordo totalmente
( ) concordo parcialmente
( ) não concordo nem discordo
( ) discordo parcialmente
( ) discordo totalmente
2. Acho que todos os ganhadores de loteria deveriam dividir o seu prêmio
com uma
instituição de caridade.
a) Caso incomuns. Na situação em que exista um número
reduzido de fenômenos
semelhantes em estudo ou de que o número não permita
uma investigação de
natureza quantitativa o estudo de casos pode ser uma boa alternativa.
b) Contradição de uma teoria. De acordo com a perspectiva
refutacionista que
discutimos anteriormente, um único contra-exemplo pode trazer
sérios danos
para uma teoria firmemente estabelecida. Assim, pode-se utilizar o
estudo de
casos para esclarecer este exemplo.
c) Coleção de dados. Se em uma determinada área
de estudos existe um número
muito reduzido de exemplares submetidos a investigação,
o estudo de casos pode
ajudar a preencher este espaço vazio, na medida em que através
deste método
se é possível acumular uma quantidade razoável
de casos que podem vir a ser
submetidos a uma análise posterior.
Aula 1 Unidade 3
* As tabelas apresentadas nesta página
foram adaptadas de:
Coolican, Hugh - Introduction to Research Methods and
Statistics in Psychology.
London: Hodder & Stoughton,
1996