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Apresentação

RESUMO

        O objetivo do presente trabalho é mostrar as condições difíceis em que vive o pequeno produtor rural no município de Pastos Bons no Estado do Maranhão / Brasil, região que enfrenta grandes problemas com secas prolongadas contrapondo com o clima favorável e a potencialidade agrícola dos solos cobertos por vegetação de Cerrado. Estas condições, associadas ao preço baixo das terras, são atrativos para agricultores capitalizados de grandes centros produtores do país que levam tecnologias não recomendadas para a região, ocasionando transtornos sociais e ao meio ambiente. São apresentadas as condições ambientais com fotos e imagens de satélite, os aspectos sócio-econômicos, além dos impactos ao meio físico e à comunidade local. Para minimizar esta situação é apresentada uma proposta de implementação de uma agricultura sustentável que valorize e proteja a biodiversidade regional e impeça a degradação dos solos, a ser instalada em um projeto de assentamento de produtores rurais, em todas as fases de criação do projeto, da aquisição da área à comercialização da produção, objetivando a melhoria da qualidade de vida com princípios de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.

1 - APRESENTAÇÃO

        A degradação ambiental e as desigualdades sociais têm sido elementos constitutivos do processo de desenvolvimento da agricultura brasileira desde os primórdios da nossa história. Mas é a partir da década de 60 que a crise sócio-ambiental intensifica-se e amplia-se em níveis sem precedentes, como resultado de rápidas e profundas transformações na organização física, técnica e social do espaço rural, conhecidas como a "modernização da agricultura".
        Desde os anos 60 os sucessivos programas governamentais tem reiterado o objetivo de viabilização da modernização conservadora via leis, regulamentos, programas e instituições, para garantir a produção de exportáveis e alimentos de mercado interno, aumentando a produção agrícola via acréscimo na produtividade KAGEYAMA (1990). Após três décadas de vigência da estratégia modernizadora, constata-se que, embora a produção e a produtividade tenham aumentado bastante, não se conseguiu superar os problemas da pobreza enfrentados pela maioria da população. Nos dia atuais, dois terços dos brasileiros padecem de subnutrição e fome. Ao mesmo tempo, o processo que converteu a modernização em fonte de riqueza e de pobreza, acarretou danos ambientais que põem em risco a prática da agricultura para as gerações atuais e futuras, comprometendo o ambiente como um todo.
        Na região nordeste, a exploração agrícola praticada via de regra é inadequada, e não alcança as aspirações sociais e econômicas de sua população. Até mesmo a mera sobrevivência em períodos de seca tem sido bastante difícil para os nordestinos como tem sido demonstrado ao longo dos anos.
        A tecnologia importada por agricultores capitalizados vindos de grandes centros em busca de terras baratas, na maioria das vezes, consiste na derrubada de grandes áreas para a produção de soja, arroz e milho, com manejo intensivo e o emprego inadequado de máquinas agrícolas, evidenciando-se fortes agressões ao meio físico.
        Fatos também corriqueiros são a fome, e o êxodo rural, que expõem comunidades à modernização "selvagem", sem qualquer preocupação ambiental. Cabe aos especialistas preocupados com o tema intervirem de forma efetiva e urgente, na orientação para uso adequado de fertilizantes e defensivos agrícolas; identificando o manejo ideal para o uso de máquinas e implementos agrícolas; organizando os agricultores e alertando as autoridades responsáveis quanto à necessidade de políticas públicas voltadas ao benefício da maioria da população.
        A iniciativa do presente trabalho surge da responsabilidade de estudiosos ligados às questões agrárias, conhecedores dos problemas decorrentes dos modelos agrícolas praticados no meio rural, e da necessidade de se levar aos agricultores formas alternativas que propiciem a melhoria da qualidade de vida, nos dias atuais, com garantia de sustentabilidade. Para tanto, foi escolhido, como área de interesse, uma região agrícola do Nordeste brasileiro, Pastos Bons (MA), onde as dificuldades climáticas e de acesso funcionaram como barreiras à entrada da modernização da agricultura local, e onde reside o agricultor nordestino tradicional, ainda não envolvido nas regras da produção em massa. (FIGURA 01 e 02).
        É nesta região que se pretende implementar uma agricultura que não comprometa o meio ambiente, com a proposta de apresentar aos agricultores os resultados de investigações sobre formas racionais de aproveitamento dos recursos naturais, bem como, com a sua participação, aprimorar práticas empregadas na região que se mostrarem oportunas ao clima e adaptados às condições sócio-econômicas locais, levando-se em consideração os aspectos conservacionistas e que, no final, levam à sustentabilidade.