A INTERNET por sua vez é outro fenômeno. Não tão recente quanto o ecoturismo mas com expressão de crescimento semelhante. Muitos ecoturistas são igualmente "Internautas". O que ambos têm em comum? A sede por informação. O ecoturista quer conhecer fisica e teoricamente determinado destino antes de visitá-lo e busca informações (imagens, estatísticas, contatos, etc.) previamente à sua visita e in loco.
Operadores de ecoturismo presentes na rede já observam a crescente demanda por informações prévias, e tanto melhor que possam supri-las. Isso facilitará a conquista do cliente. Nada melhor do que a Internet para disponiblizar informações, a custos pequenos e com incrível agilidade. A tendência portanto é que o ecoturista chegue cada vez mais próximo à fonte, ou seja, contactando-se com pessoas e instituições cada vez mais próximas do destino que deseja visitar. O ecoturista deverá fechar negócio com quem der retorno mais rápido e ofereça melhor preço e condições.
É ainda possível que o destino possa ser visitado sem a interferência de qualquer operadora. A Internet já vem proporcionando - e a tendência é de aumento num futuro breve - a ligação entre "quem quer" com "quem tem", eliminando sumariamente qualquer atravessador. Aqui se incluem as agencias de viagens, haja visto que vários fornecedores de serviços turísticos como locadoras de automóveis, Cias. Aéreas, rede hoteleria, guias e até mesmo operadoras já possuem seus serviços disponíveis diretamente na rede ou em parceria com alguma ONG.
No caso do ecoturismo, terão melhor chance de sobrevivência as operadoras que desenvolvam trabalhos próximos à sua sede. Ou seja, a territorialização, super-especialização de serviços. Por exemplo, uma operadora do Rio de Janeiro que opere serviços no Rio de Janeiro e no resto do Brasil, perderá gradualmente terreno para as operadoras locais dos destinos fora de sua área base. Cada operador local poderá oferecer seus serviços com preços diretamente ao ecoturista, descartando aí os comissionamentos somados ao longo da venda. Essa prática obriga as agencias a serem mais criativas e se adaptarem aos novos tempos de globalização.
A questão não é unicamente preço. O ecoturista, demonstra através da Internet, o prazer, a sensação, o desafio de encontrar informações mais próximas do destino desejado. Portanto, ainda que uma operadora do Rio de Janeiro faça um excelente trabalho em Manaus, as chances naturais são de que o cliente opte por fechar diretamente com o operador local.
Naturalmente estamos falando de uma tendência para o futuro, observada já por algumas operadoras de ecoturismo ligadas à rede e por uma pesquisa que venho desenvolvendo na Internet. A rede vem ainda se delineando. No Brasil, as telecomunicações, ainda com os avanços observados, deixa muito a desejar. Com isso, localidades com atributos ecoturisticos que não dispõem ainda de telefonia levarão mais tempo para atrair diretamente seus clientes.
Assim, com a tendência apresentada, operadores deverão se adaptar, cada qual em seu território, para fornecer serviços com excelência e específicos, pois o ecoturismo vem se disseminando pelos quatro cantos do mundo com toda sorte de aventureiros, que encontram na insipiência do setor uma oportunidade para a prática de condutas pouco éticas ou mesmo sem qualquer sustentabilidade ambiental. É o "ecoportunismo", como bem colocou Roberto Mourão, na inauguração da coluna ECOTURISMO do PANROTAS, edição inaugural de janeiro de 1997. Pela Internet é mais fácil identificar os verdadeiros operadores de ecoturismo, prestigiando-os e contribuindo para consolidar uma atividade cujo cerne é a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. O ecoturismo até pode ser comparado a uma "epidemia global" e a Internet apresenta-se como sua vacina.