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Entrevista da Fernanda Venturini e da Ana Paula para o programa "H" no final de Outubro de 96.

Entrevistador - Ana Paula, quantos anos de voleiball?

Ana Paula - Eu comecei com 11, aos 15 fui pra Belo Horizonte e com 20 eu vim morar em São Paulo.

E - O voleiball , hoje em dia, parece ser muito mais profissional. Em matéria de estrututra das equipes , de viagem, de hotéis, de tudo.
Mudou muito desde que vocês começaram até hoje em dia?

AP - Mudou, mudou bastante! Até o espaço que o voleiball tomou no Brasil , hoje! Não só no Brasil como no mundo, né? É muito grande.
Então, além de ser esporte, ser saúde, tal , é um grande esquema de marketing, também. Dá muito retorno pra quem patrocina...

E - O retorno de mídia da Nestlé, por exemplo, é muito maior do que ela investe?

AP - É, é muito maior porque às vezes você fica...as duas semifinais do paulista que a gente jogou foram 3 horas de jogo na televisão. Então só isso já paga o investimento, né?
Falando ali "Nestlé, Nestlé , Leites Nestlé!!! " por três horas eu acho que é um bom investimento.

E - Fala aí do uniforme! O uniforme do basquete é muito menos sexy do que o do vôlei , mas o do vôlei pode ser mais sexy também , não podia? Mudou muito , mas não podia melhorar ainda mais?

AP - Você quer que a gente jogue de fio dental , daqui a pouco... [risada]
A gente já joga de sunga, já! Já é o suficiente. E a nossa sunga... a brasileira usa uma sunga um pouco mais cavada, também né?

E - É diferente?

AP - É diferente! A japonesada, a chinesada é tudo lá em baixo...

E - E sobre as cubanas, o episódio que ocorreu. O que vocês acham? Uma profissional olímpica de voleiball tem que tá preparada pra tudo ? Até pra brigar?

AP - Com elas, eu acho que sim! Principalmente apanhar, também , que eu apanhei muito em Atlanta! Eu tava sozinha , no corredor , todo mundo ficou sabendo do episódio depois do jogo...

E - Como é que foi? Conta pra gente!

AP - Ah , teve a confusão na quadra com a Ana Moser e com a Marcia Fu, e como eu fui a última a entrar no vestiário, eu nem tava na confusão da quadra. Tinham duas passando atrás de mim, e começaram do nada, ali: chute, pentapé, soco...
Aí deu caso de polícia , a gente chamou a polícia, fez ocorrência e tal... Aí chegou na China...

E - Mas você se defendeu, ou você ficou...

AP - Eu tentei me defender, aí ...

E - Nada?

AP - Não, elas são muito maiores do que eu... [risada]

E - Chama a Márcia Fu, que eu ví ela outro dia... As costas dela é deste tamanho...

AP - Aí chegou na China, que a gente ganhou de 3 a 2 , ficou entalado aqui em mim pra dois meses, né? Aí eu tive que dar o troco...

E - Eu queria saber se você já foi convidada pra posar na Playboy!

F - Já, já ! Mas eu disse não . Minha resposta foi não !

E - Eu vi numa entrevista sua que você não descarta a hipótese!

AP - Não, não descarto assim... agora não faz parte dos meus planos, e eu acho que pra fazer um trabalho desse tem que tá muito preparada, a cabeça tem que tá super trabalhada e , agora não ... vai demorar... vai demorar, eu acho...

E - Eu queria saber se vocês tiveram apoio da família pra se profissionalizar no vôlei.

AP - Eu tive , eu até tenho que agradecer muito aos meus pais, porque eu saí de casa com quinze anos, interior de Minas, né? Em Lavras, uma cidade pequena, e , na época, todo mundo: "Nossa, mas vai deixar ela sair com quinze anos e tal...?" E os meus pais deram maior força: "Não , é isso que ela quer...você vai sabendo que se alguma coisa der errado, sua casa tá aqui, você pode voltar".E eu acho que foi isso que me ajudou a ter o sucesso que eu tenho...

E - Vocês são a favor da liberação do aborto?

AP - Eu acho que tem casos e casos... E acho que... eu sou católica e por ser católica eu teria que ser contra, mas eu acho que existem casos em que o aborto seria uma saída, né? Caso de estupro ou se o feto não é fisicamente perfeito...
É um assunto muito polêmico! A gente poderia ficar horas aqui falando...
Tem casos e casos, eu acho que tem que ser pensado, sim...

E - A menina que transa com o namorado e ,sem querer, engravida. Ela não teria o direito de tirar a criança, digamos assim...

AP - Não, eu acho que não , eu acho que tirar um feto saudável, principalmente em uma menina que transa com o namorado ou por falta de experiência ou de informação do que se pode evitar, aí eu acho que não, aí eu acho que ela não tem o direito de tirar não... Mas eu acho que estupro e essas coisas tem que ser pensado...

E - Como é que é o processo de envelhecimento na cabeça de vocês? Ver o tempo passar, a hora que vai ter que parar de jogar, a coisa da beleza se incomoda a atleta, como é que é envelhecer?

AP - Eu acho que mesmo envelhecendo eu vou tá muito ligada ao esporte, parece que tá no sangue. A gente fala tanto em stress, tô cansada e tal... mas quando a gente fica um tempo um pouquinho maior parada a gente sente falta .
Então eu penso pelo menos em não parar de jogar e depois ter filhos, mas em dar uma quebrada. Até porque eu tô com 24 anos, eu acho que 25, 26 seria ideal porque aí o corpo ainda tá em forma, volta mais rápido. Daí continuaria até uns 34, 35.

E - O que vocês sentiram quando vocês estavam lá e estorou a bomba em Atlanta?

AP - Eu me lembrei da Olimpíada de 72, que teve aquela confusão lá!

E - Em Israel, né?

AP- É, e eu conheço pessoas que estiveram nessa Olimpíada.
Então eu falei: "Ai, meu Deus. Será que vai acontecer tudo de novo?".
Até porque a segurança em Atlanta não tava tão esquematizada . Tinha muita falha. Então a gente ficou com medo de que pudesse acontecer alguma coisa dentro da vila, logo depois que aconteceu a bomba naquele parque...


Clique no botão para fazer um download da entrevista completa incluindo a participação da Fernanda Venturini.

 


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