Perante   as nuvens escuras   que se aproximam   no horizonte do emprego,
muitos profissionais poderão vir a não ter motivos para rir 
Bolsa de Emprego 

É frequente ouvirem-se queixas relativas à perda de empregos por causa da informatização. Mas, só se destroem postos de trabalho? Não se criam, por ventura, novas ocupações?  
Conheça a fundo os empregos da Sociedade da Informação. 

«A emergência do ciberespaço está a agitar o meio profissional. As tecnologias da informação destroem muitos empregos, mas criam, ao mesmo tempo, condições para a multiplicação de serviços e de empregos novos». Este é o argumento usado pelos adeptos das tecnologias para responder e fazer face aos cépticos e críticos que acusam as máquinas de substituirem os humanos, atirando-os para a fossa do desemprego. Ainda que em parte possam ter razão, uma análise cuidadosa dá conta de que os profissionais substituídos são aqueles que executam tarefas rotineiras e que podem, perfeitamente, ser substituídos pela tecnologia, tornando obsoletos esses postos de trabalho, como poderá vir a ser o caso, a médio prazo, de secretárias, tradutores, maquinistas e motoristas… Na corda bamba, estarão também a agricultura, a indústria mineira e todos os trabalhos manuais e de linhas de montagem que, diz-se, tenderão a desaparecer no século XXI.  
Só não compreendo quem cultivará para nós comermos, coserá  
a bainha das calças quando eu precisar e executará uma pequena peça de artesanato que tanto gosto de apreciar… mas isto é outra história. 

Mas então, quem se «salvará»? De um modo geral, todos os empregos relacionados com a informação, comunicação, controlo de qualidade, meio ambiente, lazer, serviços à comunidade, engenharia genética e medicinas alternativas. Dominique Nora refere que «certas profissões se adaptam melhor do que outras ao trabalho no domicílio e à distância. Mas com um equipamento e uma rede de comunicação adaptados, muitas actividades de serviços (venda directa, secretariado, design, edição, contabilidade) podem ser efectuados à distância».  
 Isso abrirá um vasto leque de oportunidades «aqueles de nós que têm experiência e competências “vendáveis”, e que são adeptos do teletrabalho. Certamente que têm um melhor ponto de partida para se adaptarem às mudanças no mercado de trabalho. A localização da casa de cada um tornar-se-á menos importante em relação ao “local” do emprego. Além disso, eu espero ver novas formas de trabalho que brotarão das redes, como por exemplo da Internet», comenta, por sua vez, Jack Nilles.  

Sendo que a maior parte dos teletrabalhadores desenvolvem a sua actividade em torno da informação, será nesta área que se verificará um grande boom de novas profissões. «Em primeiro lugar as profissões ligadas à informação, o que não é uma grande distinção, já que essas constituem 60 por cento da força de trabalho na maioria dos países. Alguns profissionais da informação, eu diria entre 10 a 20 por cento, ainda dependem do local onde estão para fazerem o seu trabalho, por exemplo os jornalistas. À medida que a força de trabalho for evoluindo ao longo dos próximos anos praticamente qualquer tipo de trabalho dependente da informação poderá ser teletrabalho. Um dos exemplos que costumo dar é o da cidade de Los Angeles, onde muitos polícias são neste momento teletrabalhadores, porque têm muito trabalho burocrático e podem fazê-lo muito melhor em casa do que na confusão da esquadra», refere Nilles.  
Mas nem todos são polícias em LA. Muitos dos aderentes «serão os profissionais relacionados com a informação e, em geral, as chamadas profissões liberais — jornalistas, sociólogos, desenhadores, contabilistas… — quem melhor se adaptará a esta modalidade de trabalho, que permite escolher o horário que melhor se ajusta às necessidades de cada indivíduo».  

Na realidade, as transformações a operar nos campos empresarial, social e económico serão mais profundas do que se pode imaginar actualmente. Com a «revolução da informação» de que fala Bill Gates, «todas as indústrias irão sofrer alterações e um processo deste tipo é geralmente motivo de preocupação para as pessoas. Alguns intermediários que trabalham ao nível da distribuição de informação ou de produtos deixarão de oferecer serviços úteis para o novo mercado e mudarão de ramo, enquanto que outros conseguirão acompanhar o desafio da competição. Existe um número infindável de tarefas por explorar nas áreas de serviços, educação e assuntos urbanos, para não falar dos funcionários necessários para a auto-estrada em si. Toda esta nova eficácia irá criar inúmeras oportunidades de emprego de todos os tipos».  

Somos levados a ser positivos perante esta nova realidade. Não pensamos nas convulsões que se sucederão, nos que ficarão à margem e em todos aqueles que, por inadaptação ou, pura e  
simplesmente, por falta de condições e meios, acabarão por se tornar em «info-excluídos». Não é um cenário cor-de-rosa aquele que nos espera. Nuvens negras de «precariedade e dispersão física da empresa, modificação permanente das categorias de emprego, redução do ciclo de vida profissional, regresso em força da actividade independente, necessidade constante de formação» são já visíveis no horizonte, constituíndo «algumas das características desta nova economia global e fluída, “nómada”, onde as PME do Massachussets concorrem directamente com as de Sophia Antipolis ou de Manila». Suficientemente aterrador? 

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