Jack Nilles
O «pai» do teletrabalho
A Origem  
e as Definições de Teletrabalho  
Como surgiu o teletrabalho? Qual a diferença entre este e a telecomutação?   
O que se requer de todo aquele que não quiser perder o TGV da revolução que se pressagia no trabalho? Jack Nilles, o «pai do teletrabalho», responde.   
              
O teletrabalho está hoje, por várias razões, na ordem do dia. Mas isso não significa que o conceito e as ideias em torno do teletrabalho sejam novidade. Muito pelo contrário, foi nos anos 70 que o teletrabalho surgiu, graças à reflexão do ex-cientista Jack Nilles, o pai do teletrabalho, e uma das mais conceituadas autoridades sobre o assunto em causa.   
Numa entrevista ao semanário Expresso, aquando de uma das suas vindas a Lisboa, Nilles teve a oportunidade de explicar como tudo começou.  

No príncipio…  
«Nos anos 60», refere, «eu era um cientista aeroespacial, desenhando aviões para a Força Aérea norte-americana e para a NASA, e em 1970 comecei a investigar a forma como as tecnologias de ponta poderiam ajudar a resolver problemas do mundo "real". Fiz um trabalho de prespectiva a vinte anos para o novo director da NASA e visitei, no ano seguinte, vários responsáveis de planeamento urbano. Um dia, num desses encontros, um deles disse-me isto: "Se vocês até conseguem colocar um homem na Lua, porque é que nada conseguem fazer em relação ao caos do trânsito; porque é que não conseguem, por exemplo, colocar gente a trabalhar em casa, de modo a descongestionar o tráfego?". E eu pensei para com os meus botões: "Porque não?", e, então, comecei a trabalhar nesta ideia de reduzir o trabalho que exige deslocação diária do trabalhador para o local de trabalho, através do uso das telecomunicações. Fiquei tão entusiasmado com a ideia a ponto de, em 1972, ter deixado a empresa aeroespacial para me dedicar a um programa de investigação interdisciplinar na Universidade do Sul da Califórnia [em Los Angeles], sobre o que chamei de "permuta entre transportes e telecomunicações", que viria a ser apoiado pela National Science Foundation no ano seguinte».  

Teletrabalho Vs. Telecomutação  
Ainda neste campo, convém clarificar dois termos que permeiam todos os artigos dedicados a esta temática. São eles «teletrabalho» e «telecomutação» e, ao contrário do que muitos pensam, não são, de modo algum, sinónimos. É o próprio pai do teletrabalho que faz a distinção: «por teletrabalho, eu entendia, em geral, a substituição do trabalho que exige a deslocação a um local de emprego por outro qualquer tipo de trabalho apoiado nas tecnologias da informação (telecomunicações e computadores). Por "telecommuting" (telecomutação), tinha em vista uma forma específica de teletrabalho, que diminui ou elimina a necessidade diária de quem trabalha se deslocar ao local de trabalho». «Telecommuting» é pois uma forma de teletrabalho.   

Mas, tal como na tecnologia, as mudanças são um imperativo e o significado que se atribuía à telecomutação, há uns vinte anos atrás, já não é o mesmo. «O objectivo no início dos anos 70 era reduzir o número de pessoas que iam e vinham para e do trabalho todos os dias nos seus carros. A ideia geral do teletrabalho é enviar o trabalho para o trabalhador em vez de enviar o trabalhador para o trabalho. Mas isto pode valer para alguém que mora em Lisboa e trabalha em Londres ou Buenos Aires enquanto que o "telecommuting" se refere essencialmente a distâncias curtas, tendo em conta que é isso que a maioria das pessoas faz. Existem teletrabalhadores de longa distância, mas há muito mais "telecommuters". O "telecommuting" refere-se às situações em que basicamente se fica em casa ou se trabalha num centro de teletrabalho, que é simplesmente um escritório que fica mais perto de onde se mora que o tradicional escritório da Baixa», explica Nilles.  

Ainda que a distinção tenda a tornar-se académica, o que importa compreender é o que está implícito no teletrabalho. «A flexibilização e deslocalização do trabalho e a necessidade de uma aprendizagem permanente ao longo da vida», são, para Miguel Brandão, director-geral da portuguesa TELEMANuntenção, alguns dos aspectos a não desconsiderar. «Só assim o indivíduo consegue manter-se competitivo num ambiente tecnológico que pelo menos duplica a sua potencialidade a um ritmo incrível de 18 meses», conclui.

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