Por todo o mundo,   são visíveis os sinais   que dão conta   do crescimento exponencial   que o teletrabalho   está a registar,   mesmo em países   como o nosso 
  
  
Factos, Números e Previsões  

No que toca ao número de teletrabalhadores, os EUA vão muito mais à frente que a Europa. Mas as perspectivas de crescimento são excelentes. E Portugal? Acompanharemos nós a tendência mundial? Vejamos, por agora, o que revelam os números, estatísticas e previsões no que toca ao teletrabalho.  Dos Estados Unidos à Europa, sem esquecer a emergente Ásia, e o caso concreto de Portugal. 
  
Nos Estados Unidos, onde se iniciou todo este «movimento», 
«o teletrabalho e a telecomutação continuam a crescer em popularidade». Isso mesmo refere Jack Nilles numa entrevista ao Expresso. E continua: «hoje há 11 milhões de cidadãos norte-americanos num regime activo de telecomutação, segundo as minhas estimativas, e, pelo menos, o dobro de teletrabalhadores em geral. A taxa anual de crescimento, em ambos os casos, é de 15 a 20 por cento, donde eu posso antecipar à duplicação dos dois números no final do ano 2000. [Segundo os meus cálculos - os de Nilles - actualmente já metade da população activa norte-americana tem tipos de trabalho que podem ser candidatos a uma certa forma de telecomutação, pelo menos parcial. E esta percentagem pode aumentar nas próximas décadas, em virtude das mudanças na tecnologia]».  
Detenhamo-nos um pouco mais pelos números da «terra do Tio Sam». As previsões da Jala International Inc., apontam para mais de 30 milhões de «telecommuters» (e não qualquer outra forma de teletrabalho) em 2005, podendo esse número ascender a mais de 50 milhões no ano 2030.  

Europa: O Peso da Idade  
De lá para cá, para a Europa, as coisas mudam de figura. Talvez mesmo por causa da idade (e tudo o que isso implica), a Europa está muito atrasada em relação aos Estados Unidos. E mesmo dentro deste continente, as disparidades entre a Europa do Norte (leia-se rica) e os vizi-nhos do Sul, onde se inclui Portugal, são colossais. Razões económicas, políticas, sociais e culturais são as condicionantes. Mesmo assim, não há razões para recear o pior. Com a continuação de alguns exemplos que a seguir se relatam, é de esperar que algum do atraso em relação aos Estados Unidos seja recuperado. Senão vejamos.  

«Quanto à União Europeia», refere Jack Nilles, «estimo em cerca de três milhões os teletrabalhadores e em cerca de 60 milhões os trabalhadores da informação. Desde os primeiros testes, nos anos 70, o crescimento anual médio nos EUA foi acima de 20 por cento. Calculo em oito milhões o número de teletraba-lhadores na União Europeia no ano 2000, se progredir de modo similar ao da América». 
Nuns países mais que noutros, o crescimento já é visível, poder-se-á mesmo falar em regiões e países que vão à frente no que toca ao teletrabalho. Mais uma vez, é Jack Nilles quem assim o diz: «o Reino Unido. E a Escócia em particular. A Suécia e a Holanda também, à volta de Amsterdão. A França e a Alemanha também não estão mal. Na Europa ocidental a maior parte da actividade fica a dever-se essencialmente às multinacionais que introduziram o teletrabalho nos EUA e depois o alargaram às subsidiárias europeias». 

Alguns estudos têm sido conduzidos no sentido de auscultar opiniões e traçar tendências. No âmbito do projecto TELDET (Telework Developments and Trends, da DG XIII-B da Comissão Europeia), a Empirica questionou, em 1994, decisores de organizações e o público em cinco países da União Europeia, a saber, a Alemanha, França, Espanha, Itália e Reino Unido, resultando os dados obtidos num estudo cujas conclusões a seguir se apresentam. «A taxa de penetração do teletrabalho atribui o palmarés ao Reino Unido e à França. Num total de 1,1 milhões de "teletrabalhadores" já em actividade [estima-se que sejam, em toda a UE, e em 1994, cerca de 1,25 milhões] dispersos por cinco das organizações existentes nestes cinco países, mais de 560 mil encontrar-se-iam no Reino Unido, mais de 210 mil em França, quase 150 mil na Alemanha, pouco mais cem mil em Espanha e um pouco menos de 100 mil em Itália. Em termos de incidência nas organizações, ela é, por isso, maior que a média apurada (de 5 por cento) no Reino Unido (7,4 por cento) e em França (7 por cento), devido a razões sociológicas (sobretudo entre os britânicos, dada a maior popularidade das profissões em regime independente) e a políticas voluntaristas ligadas, por exemplo, ao Minitel, entre os gauleses, ou à febre do uso dos computadores pessoais no Reino Unido. O estudo (…) revelou, ainda, que os sectores bancário e segurador europeus foram aqueles em que o teletrabalho mais se impôs. Estas soluções organizativas são, também, mais usuais nos grupos empresariais (envolvendo mais de 500 ou mais de 1000 pessoas, consoante o países) e centram-se nos meios urbanos».  
Dados mais recentes do Instituto do Emprego britânico, dão conta de que mais de 1,5 milhões de pessoas já estão em regime de telecomputação naquele país.  

Mas estes números correm o risco de já estarem desactualizados, se tivermos em conta a velocidade a que se assiste no sector das tecnologias da informação (TI). «O incrível crescimento da Internet está a acelerar a tendência para a telecomputação que começou nos anos 80 e está agora a crescer 7% por ano em toda a Europa. No Reino Unido, um estudo revelou que 30% das empresas têm trabalhadores em casa ou tencionam fazê-lo brevemente.»  
As particularidades de cada país podem ser (e são) condicionantes. Mas os políticos não o são menos, e podem mesmo ser culpabilizados pelo atraso que se vive. Tal como afirma Miguel Brandão (TELEMANutenção), comentando o que se passou durante o Telework 96, «deu para perceber que a Europa, exceptuando-se o Reino Unido e os Países Nórdicos, ainda está numa fase de muita discussão, muitos projectos mas muito poucas acções concretas». Quanto aos gauleses, deu-se «a confirmação da França como um país que não acredita no teletrabalho a partir de casa, mas sim de telecentros devido a factores sócioculturais pouco explicados, mas de alguma forma demonstrados».  

Portugal: A Léguas  
Se na Europa, a situação não é muito boa (ainda que apresente boas perspectivas), a de Portugal não é nada famosa. No entanto, as perspecitvas positivas mantêm-se.  
Segundo um estudo realizado por uma pequena empresa nacional que se especializou em actividades de «broker» de teletrabalho, a TELEMANutenção, existe entre «1,5 a 2 por cento da população activa envolvida neste regime de uma forma regular ou irregular, em larga medida a tempo parcial e como actividade complementar - uma percentagem que se aproximaria da italiana, mas que ainda estaria quase a meio ca-minho da nossa vizinha Espanha (3,6 por cento, segundo dados da firma Empirica) e muito longe dos líderes europeus (mais de 7 por cento no Reino Unido, e valores próximos deste na Suécia, Holanda e França)», o que, traduzido em números, significa entre 65 a 90 mil portugueses que recorrem de alguma forma ao teletrabalho, sendo que 25 por cento serão, possivelmente, «independentes» que procuram através dele realizar-se profissionalmente, e 65% são subordinados, ao utilizar o teletrabalho como um auxiliar precioso e um complemento na actividade profissional, sobretudo no princípio ou final do dia ou aos fins-de-semana, como garantia de aumento de produtividade e flexibilidade no emprego.  

Há quem diga, no entanto, que o número de 65 mil teletrabalhadores em Portugal é excessivo e que, na realidade, rondaria os 30 mil. Seja como for, as perspectivas são boas, ainda que só a longo prazo. Para Jack Nilles, o «pai» do conceito do teletrabalho, «o número de trabalhadores portugueses que lidam com a informação e o conhecimento, em diversos graus e registos, andaria à volta dos 890 mil , o que apontaria para uma base de "voluntários" da ordem dos 180 mil, quatro por cento da população activa - um valor de nível "europeu"».  
Mas isto ainda não é nada. Um cálculo elaborado pela Jala International Inc. (a firma de Nilles), apresentado no decorrer do primeiro seminário nacional «O Teletrabalho e a Nova Ordem Empresarial», só a partir do ano 2000 se espera um boom de teletrabalhadores, e de tal modo que em 2030 poderemos vir a ultrapassar a fasquia do milhão de teletrabalhadores, ao passo que o total de portugueses que trabalham com base na informação ascenderia já aos dois milhões (também em 2030).  

Conclusões  
Não vai ser tão depressa, como nos querem fazer crer, que o teletrabalho vai ser implantado na nova odem empresarial que se adivinha, fruto de uma economia cada vez mais global e internacionalizada.
Talvez só daqui a meio século se comecem a colher alguns resultados muito mais visíveis. Entretanto, ainda que ausentes nesta explicação, os chamados mercados emergentes da Ásia, como sejam Taiwan, Singapura, Indonésia, Malásia e Índia, não estão interessados em perder o comboio. Muito pelo contrário, a sua forte adaptabilidade está na base do crescimento sustentado que se tem registado nos últimos anos, o que faz deles uma ameaça constante e real para os EUA, Europa e Japão.
Jack Nilles manifesta-se crédulo no potencial por explorar. «O potencial [de teletrabalhadores], em princípio, tanto nos EUA como noutros países desenvolvidos, aponta para que se chegue a um estádio onde 40 a 50 por cento da força de trabalho seja composta por teletrabalhadores, o que representa muita gente. Mas não esperamos que isso aconteça antes do ano… 2042». 

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