Galeria
Aglomerado "Caixa de Jóias" (NGC-4755) do Cruzeiro do Sul em uma imagem obtida de uma pequena fração do campo de uma câmara de Schmidt |
A fotografia foi uma das mais revolucionárias técnicas introduzidas na Astronomia, desde a invenção do telescópio. Com esta foi possível aos pesquisadores, registrar suas observações com elevada precisão e fidelidade. Seu domínio prevaleceu até os anos 70, quando foi desenvolvido o detetor CCD (Charged Couple Device) que possui uma sensibilidade muitíssimo superior. Atualmente, a fotografia com película é utilizada em instrumentos de grande campo no céu, como os astrógrafos e câmaras de Schmidt, porque seus filmes tem dimensões consideráveis (mais de 10cmX10cm) e a associação de diversos chips CCD para cobrir esta área ficaria muito cara.
158 anos após Whipple (EUA) fotografar a estrela Vega, qualquer um que possua apenas uma câmara fotográfica pode registrar com relativa facilidade uma série de fascinantes eventos e objetos celestes como eclipses, cometas (brilhantes, quando de suas passagens próximas à Terra), galáxias (nuvens de Magalhães e Andrômedra), nuvens interestelares (Orion), etc. Esta parte do HP é dedicada a mostrar o que pode ser feito com um câmara barata, um pouco de sorte e dedicação.
Câmara de Schmidt de 1,2m de abertura, montagem equatorial de forquilha do Observatório Palomar |
Descrição das imagens mais interessantes
Cometa Hyakutake, ampliação da imagem #10 |
As fotos 2, 7 e 8 foram feitas no Observatório de Búzios (RJ) através do telescópio Celestron Compustar 14 (35cm) associado a uma câmara Olympus O1. A imagem #2 foi obtida com o uso do Lumicon Easy-Guider e redutor focal que forneceu ao C14 uma razão focal de f/~6. As imagens # 7 e 8 se valeram da técnica de projeção da imagem resultante de uma ocular de ~20 mm sobre a película do filme e um filtro off-axis colocado no tubo do telescópio
A imagem # 14 foi obtida colocando-se uma câmara Zenit 12XS sobre o telescópio Zeiss do LNA (semicírculo no canto da foto). Este efeito de traço nas luzes da cidade de Pouso-Alegre (MG) é causado pelo telescópio acompanhando as estrelas em seus movimentos aparentes. Você pode ver uma foto parecida com esta no HP do LNA.
Na imagem #3 notamos um anel colorido. Este anel, denominado de coma por lembrar esta estrutura cometária, foi ocasionado por um alinhamento não adequado da parte óptica de meu telescópio nesta ocasião.
Na imagem
#1, temos, ao centro, as cordilheiras dos Montes Apenninus (esquerda) e Montes Caucasus (direita) obtidas com um telescópio newtoniano de propriedade do autor. No hipertexto Lua - Imagens do refletor 30cm f/6, temos mais duas imagens de nosso único satélite natural. Na superior, o eclípse total de 27/09/1996, notamos claramente crateras como Plato ( A ), Copernicus ( B ) e Tycho ( C ). Na imagem inferior, temos o sul lunar com 360x de aumento. Em ambas, à direita das imagens, temos o corte do campo da ocular. Para a obter estas imagens, o foram seguidos os seguintes procedimentos: desatarraxar a lente-objetiva da Zenit 12XS e colocar o corpo da câmara (a abertura que aloja a lente) voltado para a ocular/focalizador do refletor de 30cm f/6. Pelo não uso de um adaptador, nota-se que as imagens estão meio tremidas e fora de foco. O foco foi feito aproximando ou afastando o corpo da câmara da ocular/focalizador. Os tempos de exposição foram escolhidos conforme o sinal verde (aprovação de tempo de exposição) do fotômetro da câmara. Apesar da aparente precariedade deste método, isto é uma prova que é possível fazer astrofotografias de relativa qualidade de astros brilhantes, com um mínimo de recursos.As imagens 23 e 24 foram obtidas no LNA através do telescópio Zeiss de 60cm. O detector CCD utilizado foi o "WI101" (1024pixel x 1024pixel) com tempos de exposição de 400s para Chiron (dentro do círculo verde, mag~16) e 10s para o cometa Lee (mag~7). Na imagem do Lee (que esta em cores falsas) notamos uma estrutura retilínea que pode se constituir em um fenômeno de desconecção de cauda ou o traço deixado por um meteoro. Um campo desta área obtido do
Digitized Sky Survey não mostrava qualquer estrutura parecida.
Em 15 de janeiro de 2001, entre 04:50:38 e aproximadamente 04:52, hora de Brasília, o autor registra a passagem da nave chinesa
Shenzhou-2 da cidade do Rio de Janeiro (reta pouco acima da copa da árvore; imagem 29). Nesta ocasião, a nave estava em uma órbita de 330km x 340km e inclinação de 42,6 graus em relação ao equador. Para um observador localizado em 22,9000 graus S e 43,2330 graus W (coordenadas geográficas do Rio de Janeiro (MCT/ON) no Heavens Above), a nave esteve a uma distância mínima de 503km. A maior altura em relação ao horizonte foi de 41 graus ocorrendo as 04:50:38 na direção SSW. A fotografia foi obtida com uma câmara Zenit 12XS, filme Kodak Gold 100 e cerca de 2 minutos de exposição. A magnitude estimada foi um pouco menor que 2.Cerca de 5 minutos antes da aparecimento da Shenzhou-2, o autor fotografa a trajetória do segundo estágio do lançador
CZ-2F (reta no lado direito da árvore; imagem 30). Nesta ocasião, o estágio estava em uma órbita elíptica com menor altitude que a Shenzhou-2. O estágio queimou na atmosfera no dia 20 de janeiro de 2001. A fotografia foi obtida com uma câmara Zenit 12XS, filme Kodak Gold 100 e cerca de 2 minutos de exposição. A magnitude estimada foi um pouco menor que 2.
Nova Velorum 1999 (seta, imagem 31). Esta
Nova apareceu na constelação da Vela em maio de 1999. Sua magnitude visual em 29/05/1999, 18:30, instante da obtenção desta foto, era ~3 sendo a mais brilhante desde Nova Aquile 1975. Imagem obtida pelo autor com uma câmara Zenit 12XS, filme ASA 100, 15s de exposição, na cidade do Rio de Janeiro.Cometa C/2001 A2 (LINEAR). Imagem (glóbulo azulado próximo a antena mais elevada, imagem 32) obtida no bairro do Barbalho, Salvador (BA) em 22/06/2001, aprox. 4 horas da manhã. O filme empregado foi o Fuji Superia ASA 100, com um tempo de exposição de ~ 30s, através da câmara Zenit 12XP.
O Sol e Lua que foram fotografados com telescópio são extremamente brilhantes, justificando o pequeno tempo empregado.
Para obter astrofotografias de qualidade, a baixo custo, necessitaremos de um câmara ajustável que possua a velocidade de obturação "B" (tempo de exposição determinado pelo usuário) e objetiva com abertura variável de diafragma. A seqüência de procedimentos para obtenção de astrofotografias sem telescópio pode ser resumida na seguinte ordem:
1) Ajustar a velocidade "B".
2) Abrir o diafragma da lente ao máximo (por exemplo, na Zenit 12XS é f:2,0)
3) Regular a lente para focar o infinito (
¥ )4) Apontar a câmara para o(s) objeto(s) de interesse.
O tempo de exposição é de no máximo vinte (20) segundos para obtenção de fotos semelhantes as imagens 5 e 11, para um céu com pouca poluição luminosa a atmosférica, filme colorido ASA 100 ou 400, e próximo da regiões polares celestes. Para registrar os caminhos da estrelas no céu, resultado da rotação terrestre, o tempo de exposição é da faixa de minutos para obtenção de fotos semelhantes a 6 ou a que abre o
A câmara vai precisar também estar imóvel durante as exposições. Firme-a na direção do objeto com um tripé (para objetos próximos ao horizonte, o tripé de bolso da MIRAGE pode ser adequado) ou a coloque entre dois livros. Todas as alternativa são válidas, o importante é a câmara estar firme. Para o disparo é aconselhável o uso de um cabo flexível, facilmente encontrado em lojas de artigos fotográficos.
O último cuidado é a revelação: normalmente as astrofotografias não são ampliadas. Elas são interpretadas como fotos veladas.
Verifique sempre o negativo contra à luz no ato do recebimento.
* O traço foi causado pelo movimento de um balão de ar quente, desses de São João, nesta astrofotografia de 30s de exposição da região do Sagitário/Escorpião
** CCD#009 + redutor focal no telescópio USP/IAG 60cm