back1.gif (8311 bytes)                                                    GRANDES AMORENSES

 

JOSÉ CARLOS CUNHA

Jos Carlos Cunha.jpg (88431 bytes)

UM AMORENSE EXEMPLAR

«Ele vivia entre dois amores : a Sociedade Filarmónica e o Amora F. C. »

É assim que , deixando escapar uma lágrima , a Srª. Dª. Maria Amélia , viúva de José Carlos Cunha , caracteriza esta que foi uma grande figura do Amora Futebol Clube . A sua dedicação à Sociedade Filarmónica Operária Amorense , ao Amora F.C. e à terra onde nasceu , a Amora ,era tal ,que ía a casa praticamente apenas para dormir (pouco) e fazer as refeições . Maria Amélia confessa que por vezes se impunha por ele chegar tarde , mas a resposta era :«Tenho tempo de dormir quando morrer » . E agora , depois de uma vida intensa , José Carlos Cunha está ,finalmente ,a dormir desde o dia 25 de Novembro de 1998 . Morreu a um mês de completar 78 anos de idade .

UMA VIDA DEDICADA ÀS COLECTIVIDADES

Tudo começou em 1938 , quando com apenas 14 anos , se tornou executante da banda de música da S.F.O.A. . No ano seguinte , além da banda , era já membro do grupo de jazz "Os Águias D'Ouro" . A partir daí participou em vários conjuntos de jazz e , aos 19 anos , era primeiro secretário da Direcção da Sociedade Filarmónica . O Amora F.C. aparece nos seus registos pessoais em 1947 , ao tornar-se segundo secretário da Assembleia Geral . No ano 1950 e seguinte houve uma espécie de interregno . Durante este periodo morou em Mora , no Alentejo . Mas nem aí abandonou a música , fez parte da Banda Musical Morense . Já de regresso à sua terra natal , aos 41 anos de idade chegou a ser simultaneamente , vice-presidente da Assembleia Geral do Amora F.C. e presidente do mesmo órgão da S.F.O.A. . O teatro era outra paixão . Durante 20 anos (de 1938 a 1968) fez parte do Grupo Cénico da Sociedade Filarmónica Operária Amorense . Ao nivel da representação , esteve também no Patronato e na União Recreativa Amorense . No seu currículo estão ainda as marchas populares de 1940 e 41 , o cargo de escriturário na Cooperativa Amorense e ainda o papel de arquivista na S.F.O.A. . A sua vida foi um misto de várias actividades . Acumulou cargos de dirigente no Amora F.C. , na Sociedade Filarmónica e na Cooperativa ; foi participante em várias Bandas , nomeadamente de jazz , chegando a ser contra-mestre durante 15 anos ; foi presidente da junta de freguesia de Amora em 1972/73 ; e ainda fundador da A.P.A. Associação para o Progresso da Amora , da qual foi director .

A GENEROSIDADE  E O APEGO À JUVENTUDE

José Carlos Cunha não lucrava nada , a nivel financeiro , com a sua dedicação . Era um homem que se sentia bem a servir as colectividades e a ajudar as pessoas ,  principalmente a juventude . Segundo a Srª. Maria Amélia , « foi ele que aguentou muito tempo os jovens na Filarmónica . E eles próprios gostavam muito dele e recorriam a ele sempre que precisavam » . Era , de facto , uma pessoa bastante popular entre a juventude , quer na Sociedade Filarmónica quer no Amora Futebol Clube . Além disso , em nome de toda a generosidade e honestidade nos serviços prestados , qualidades que lhe eram caracteristicas , recebeu condecorações oficiais da Federação das Sociedades de Cultura e Recreio . Da Câmara Municipal do Seixal recebeu uma medalha de bronze . A  S.F.O.A. também o homenageou com uma porcelana ornada em ouro . E a Incrivel Almadense deu-lhe alguns diplomas .

QUANDO O AMORA F. C. GANHAVA ÍA JANTAR FORA

José Carlos Cunha assistia sempre aos jogos do Amora Futebol Clube , só nos dias em que ía tocar , ao serviço da Sociedade Filarmónica , é que não podia estar fisicamente no campo , a acompanhar de perto o desenrolar do jogo .   Mas nessas alturas , estava constantemente com o ouvido num qualquer rádio de pilhas , na tentativa de saber qual o resultado . A sua alegria era tanta que , sempre que o clube do seu coração ganhava , ía jantar fora . Isto também para gáudio de sua esposa , que nos confessou sorridente que , nesses dias , não tinha que fazer o jantar . Mas se o Amora F.C. perdesse , ficava muito aborrecido e a Srª. Maria Amélia , além de preparar o jantar , tinha de conviver com a má disposição de José Carlos Cunha e ter paciência ... , quem sabe o Amora F. C. iria ganhar da próxima vez .

UM SÍMBOLO DA CIDADE E DE SUAS COLECTIVIDADES

Ao recordar o saudoso Senhor José Carlos Cunha , podemos sempre lembrar a forma amável e cordial no trato que tinha para com todos . Sempre foi um homem querido pelos Amorenses e uma referência desta cidade . Consideramos que a sua morte constituiu uma grande perda para as colectividades de Amora , pois como se disse , era um Amorense de quem todos gostavam e certamente , todos lamentam o seu desaparecimento . Numa das salas do Amora F.C. , foi-lhe feita uma homenagem (ou pelo menos aquela que foi possivel) , sendo descerrado um quadro com a sua fotografia , como forma de perpectuar a sua memória naquela que foi também a sua casa .

Sabe-se que foi apresentada uma proposta à Assembleia de Freguesia de Amora , para que seja dado o nome de Maestro José Carlos Cunha , à Avenida Baía do Seixal .

Antero Ferreira