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É permitida a reprodução desde que citada a fonte. Grupo de Trabalho Pelo Fechamento da Febem, 31/01/2000, www.geocities.com/fecharfebem)
SUMÁRIO

Tenente Coronel Ruy César Melo, Comandante Interino do Policiamento de Choque da Capital

No dia 4 de dezembro de 1997 foi ouvido o depoimento do Tenente Coronel Ruy César Melo, Comandante Interino do Policiamento de Choque da Capital. Ele afirmou que a Tropa de Choque esteve 2 vezes na FEBEM/Imigrantes, uma em 6 de novembro, no período noturno, por determinação do Comando da Polícia Militar, para conduzir uma tropa, que possibilitasse ao Corpo de Bombeiros efetuar o trabalho de combate a incêndio nos pavilhões (2 pelotões de choque e 1 pelotão de canil). No contato com a Diretoria local, foi orientado de que a entrada seria dificultosa e não deveria ocorrer naquele momento, principalmente por ser período noturno. Os bombeiros já tinham entrado com caminhões para combater o incêndio, mas foram recebidos a pedradas pelos adolescentes, que, inclusive, danificaram alguns veículos.

A Tropa de Choque ficou fora dos portões de entrada da FEBEM, sendo a situação controlada pelos próprios monitores. Na parte interna, as crianças se encontravam soltas na área livre e parte dos pavilhões estava queimada. Havia muita animosidade da parte dos internos e pela própria presença da imprensa, principalmente da televisão que, com seus holofotes, acabava por acirrar os ânimos. Foi feita uma primeira linha de isolamento pela tropa do 3º Batalhão da PM e uma segunda linha pela Tropa de Choque. Por volta das 22/ 22:30 horas, as crianças tomaram e abriram os portões, a Tropa de Choque se posicionou mais à frente e usou bombas de efeito moral, para evitar novo processo de fuga, pois já haviam fugido 300 internos. Sem entrar no interior das instalações, chegaram até o portão e espantaram as crianças para o interior da FEBEM.

Desta forma ficaram até meia noite/1 hora, quando se iniciou a retirada de algumas crianças do interior da FEBEM, depois de um longo processo de negociação. Com alguns ônibus da Própria FEBEM, um ônibus particular e 3 micro-ônibus da PM foram retiradas cerca de 250 crianças: 100/120 foram para uma Escola no Tremembé e 120/130 foram para a Rua da Alegria. Foram feitas 2 viagens, sendo a última por volta das 4:30/5 horas da manhã. Depois disso, estando a situação sob controle, a Tropa de Choque se retirou e permaneceu apenas a Tropa de Área do 3º Batalhão da PM Metropolitana.

No dia 7 de novembro, por volta das 7 horas, a Tropa de Choque foi novamente acionada, porque a situação havia piorado, as crianças tinham derrubado um alambrado e tentado incendiar um carro. A Direção pediu a entrada imediata da Tropa, com medo de vítimas no interior dos pavilhões. Foi montado um esquema de ação para evitar enfrentamento, inclusive com pedido de reforço da Tropa, e foram jogadas 2 ou 3 bombas de efeito moral, em locais determinados pela Comandante, evitando que alguém fosse machucado. O Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros tentou ainda uma ação conciliadora, no sentido de que as crianças fossem sozinhas para o interior dos pavilhões e, sem resultados positivos, a Tropa de Choque entrou de forma técnica, profissional, às 11:15 horas.

Com o estouro das bombas, as crianças debandaram do local e foram para um terreno em aclive em direção aos pavilhões, que ficavam no fundo deste terreno. A Tropa entrou num posicionamento central, com apoios laterais e apoio à retaguarda, para evitar a entrada de mães, parentes e outras pessoas curiosas. O apoio lateral era para ocupar um campo de futebol, que de campo não tinha nada, pois estava coberto de mato de mais ou menos 1 metro e vinte de altura. As crianças não ofereceram resistência à entrada da Tropa, refugiaram-se nos pavilhões intactos (Alas A e B), onde haviam monitores. A Tropa não teve contato corpóreo com as crianças e adolescentes. As revistas foram feitas pelos monitores e os garotos ficaram só de cuecas porque alguns materiais de cozinha e de corte e costura (faca, tesoura, garfo) estavam com elas. As crianças foram concentradas em uma área descampada em frente aos pavilhões, onde ficaram expostas ao sol e, por intervenção de alguém da área de direitos humanos, foram transferidas para outro local, por estarem correndo risco de insolação. A transferência foi feita por um caminho que passava por uma bela piscina desativada. Na quadra para onde foram transferidos, ficaram protegidos do sol. Posteriormente foi servido um lanche, e negociou-se a retirada de mais 150 crianças da FEBEM. Neste dia sobraram 420/430 crianças, porque não havia mais locais para levá-las.

Depois, mais 150 crianças foram levadas para a R. da Alegria. Durante esta operação, um monitor disse que algumas crianças poderiam estar no meio de uma mata, razoavelmente fechada, que fica no fundo da FEBEM. O Pelotão de Canil foi encarregado de realizar uma busca na mata, e não encontrou nada, apenas cobertores e lençóis. Frente à afirmação de vítimas na mata, foi acionado um grupo do COE/Comando de Operações Especiais, especialista em mata, e não encontrou nenhuma criança, apenas colchas, cobertores, roupas, calcinha, soutien, cueca, preservativo, modess. Acharam uma terra removida, onde encontraram alguns vidros de medicamentos e absorventes. A lagoa também foi rastreada e nada foi encontrado.

As Tropas agiram desarmadas no interior da FEBEM, apenas os sargentos e Oficiais estavam armados. Não houve tiros, apenas explosões de efeito moral e, segundo ele, no interior da FEBEM não morreu nenhuma criança. A prova disto, para ele, é que o filme da TV mostra o “Testinha”, um dos adolescentes apontado como morto pelos outros.

A determinação da entrada na FEBEM foi feita pelo Sub-Comandante PM Coronel Bononi, a pedido da Presidência da FEBEM. As crianças foram novamente transportadas com apoio da PM, sendo que 300 permaneceram na Imigrantes e 150 embarcaram nos ônibus para a R. da Alegria. O cálculo de fugitivos em 05 de novembro foi de 350/400 adolescentes.

A operação da tarde de 5 de novembro estava sob a responsabilidade do tenente Coronel Jairo Paes de Lira, que não ingressou na FEBEM, apenas as viaturas do Corpo de Bombeiros. A Tropa de Área foi comandada pelo tenente Coronel João Batista dos Santos e o Corpo de Bombeiros, pelo Tenente Coronel Leopoldo Corrêa.

O blecaute ocorrido na noite de 5 de novembro, sobre o qual não houve informação oficial, influiu no retardamento da retirada dos adolescentes, porque dificultou o controle, na medida em que os holofotes do Corpo de Bombeiro não eram suficientes para iluminar toda a área. No período do blecaute houve terror, explosões esparsas, um dos monitores guardou um projétil, o barulho parecia de tiros, e, segundo informações do Corpo de Bombeiros, 5 adolescentes foram feridos.

Os adolescentes fugitivos recapturados pela PM mostravam sinais visíveis de espancamento. A entrada dos Conselheiros Tutelares foi proibida, porque uma das condições do Comandante para a entrada da Tropa de Choque foi a proibição da entrada de outras pessoas.

Durante a rebelião entraram na FEBEM, ambulâncias, o resgate do Corpo de Bombeiros, mas não houve entrada de nenhum carro funerário, conforme dito pelos adolescentes. Algumas crianças passaram mal, consta ter havido uma certa orgia e, possivelmente consumo de tóxicos.

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