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Xanana e as Falintil

 

 

             As FALINTIL não são um simples grupo
                 armado, mas sim a expressão militar
               de uma verdadeira resistência nacional

 

Os guerrilheiros das FALINTIL
e a responsabilidade da comunidade internacional

30/06/00
La'o Hamutuk

     Díli - Há muitas razões para as recentes tensões existentes nas FALINTIL em Aileu.
     Embora a imprensa e a UNTAET tenham dado muitas explicações, não referiram um aspecto importante: a atitude de negligência e marginalização das FALINTIL por parte da comunidade internacional.
     Apesar de terem desempenhado um papel heróico na libertação de Timor-Leste do brutal projecto colonial da Indonésia, as FALINTIL estão agora totalmente marginalizadas, tanto do ponto de vista militar como social e económico. Os guerrilheiros vivem num gueto no qual têm muito poucos meios de viver com dignidade.
     Infelizmente, a comunidade internacional parece apreciar muito pouco o papel desempenhado pelas FALINTIL em Timor-Leste nos últimos 25 anos. As FALINTIL não são um simples grupo armado, mas sim a expressão militar de uma verdadeira resistência nacional. Neste aspecto, é impossível distinguir as FALINTIL da sociedade leste-timorense no seu conjunto. Assim, não é de surpreender que os guerrilheiros tenham tido recente e historicamente uma atitude de comedimento e autocontrolo, evitando em geral os abusos que caracterizam muitas vezes os movimentos de guerrilha.
     Porém, em lugar de permitirem que as FALINTIL se espalhem pelo país e trabalhem juntamente com as forças de manutenção da paz nas acções de segurança e de reconstrução do país, as Nações Unidas forçam os guerrilheiros a manter-se acantonados. E, na sua grande maioria, os grupos internacionais de ajuda ignoram as necessidades humanitárias das FALINTIL por estas se manterem armadas. Por outro lado, embora o Governo Português tenha prometido em Abril passado fundos para preencher as necessidades básicas dos guerrilheiros, fontes das FALINTIL afirmam que ainda não receberam qualquer ajuda de Lisboa.
     No princípio de Junho, membros do La'o Hamutuk visitaram as FALINTIL em Aileu. As condições de vida são muito difíceis, os alimentos são insuficientes e os guerrilheiros pouco têm em que ocupar construtivamente o tempo. Um guerrilheiro declarou que a vida nas montanhas durante a ocupação indonésia era melhor que a vida em Aileu: pelo menos, nas montanhas, tinham comida. Outro guerrilheiro comparou a vida em Aileu à vida numa prisão.
     Obviamente, esta situação não é boa para as FALINTIL, mas é também potencialmente negativa para a saúde de toda a sociedade leste-timorense. Fontes das FALINTIL confirmaram a percepção de que a pobreza e o tédio que caracterizam a vida em Aileu ajudaram a desencadear as recentes tensões no interior das forças de guerrilha.
     É do interesse da comunidade internacional presente em Timor-Leste intensificar os esforços para melhorar o estatuto das FALINTIL, fazendo por integrar melhor os guerrilheiros na reconstrução do país.
     É possível encontrar soluções criativas e justas se existir a vontade política de o fazer.

Tradução do FAF