O ANO DA PAZ



Um ano depois do referendo e a meio caminho da independência prevista para 2001, os timorenses saram as suas feridas e lutam pela normalidade. Cada dia é uma mistura única de incertezas e esperanças


Foi há um ano o grito de independência de Timor Loro Sae. Agora, há em Aileu um velho guerrilheiro com quatro marcas de bala no corpo que está cansado da vida parada no acantonamento das Falintil e sonha ser soldado do seu país libertado. Em Baucau um ex-agente da Polícia Judiciária abriu o restaurante Amália Rodrigues e tem planos para construir hotéis de praia e candidatar-se a deputado. Em Same nasceram duas crianças no acampamento dos refugiados que voltaram a fugir das aldeias com medo das milícias infiltradas.


Em Viqueque um ex-quadro da Resistência clandestina monta-se numa motorizada e visita povoações quase isoladas para avaliar a possibilidade de instalação de professores portugueses. Esta é uma viagem a um país de chão destruído, onde cada dia continua a ser uma mistura única de incertezas e esperanças.

Um ano depois da tragédia de Setembro de 1999, reconstrução continua a ser a palavra-chave. Acções de emprego temporário financiadas pela ajuda internacional de emergência permitiram remover quase todo o entulho, destroços e barrotes queimados de que ficou coberto o território. Permanecem agora as ruínas nuas, não menos aterradoras: têm, talvez, um ar mais definitivo do que nos dias que se seguiram à violência. Em qualquer sentido que se percorra o país, de Díli para Liquiçá ou Baucau, ao longo da costa norte, nos cafezais de Ermera ou Ainaro no interior, nos arrozais do Leste, na estrada de fronteira entre Batugadé e Bobonaro, nas aldeias de montanha onde populações debilitadas sobrevivem nos limites mínimos, a mesma visão de pesadelo contamina paisagens de beleza sufocante.


Quilómetro após quilómetro, sucedem-se edifícios rebentados e incendiados - tudo o que eram serviços administrativos, centros de saúde, hospitais, postos de correio, centrais eléctricas, instalações comunitárias, além dos quartéis e bairros dos funcionários indonésios. A destruição mais chocante, evidência de um ódio bruto e gratuito: as escolas reduzidas a escombros, sistematicamente, aldeia após aldeia. Em povoações como Manatuto ou Maliana, a desmesura das ruínas faz pairar o espectro das cidades-fantasma que polvilham o sudeste asiático, rastos de invasões ou retiradas de exércitos.



Em Dilore dezenas de famílias
continuam a viver em abrigos improvisados


Neste cenário destruído, é visível o esforço de regresso à normalidade. Milhares de habitações queimadascontinuam a ser reerguidas ou reparadas graças à distribuição gratuita de traves de madeira, chapas de zinco, cimento e ferramentas; contudo, ainda só foram entregues metade dos 35 mil «kits» de reconstrução que se julgam necessários. Iniciaram-se obras em algumas estradas intransitáveis, limpam-se valas de água, foi reposto o fornecimento de energia eléctrica em 85% do território - embora, por regra, de apenas algumas horas por dia. Todos os dias abrem pequenas oficinas e estabelecimentos de comércio ou serviços e há um programa de microcrédito para esse fim. Os principais hospitais foram reconstruídos e reequipados, 25 clínicas vão ser construídas até ao final do ano e dezenas de organizações não-governamentais (ONG) internacionais dinamizam projectos de apoio à produção agrícola e de desenvolvimento local.


Tudo isto, porém, é apenas o sarar das feridas que sangravam mais. Está ainda no domínio das medidas de emergência - os «pensos rápidos», como lhes chama Mari Alkatiri, dirigente da Fretilin e ministro da Economia na administração transitória. «A reconstrução não começou ainda. Não há um verdadeiro plano de reconstrução, mas diversas ideias e iniciativas. O dinheiro dos doadores tem chegado e o Banco Mundial está a apoiar, mas os investimentos têm que ser integrados e não discricionários», diz Alkatiri. Na mesma linha, um responsável da missão portuguesa considera que «ainda está tudo a ser feito muito na base do desenrasca: engenharia militar, professores militantes, acção da Igreja, voluntários das ONG».


Nos arrozais de Viqueque
recuperam-se os estragos das enxurradas


Dilore é exemplo do que ainda falta. Para lá chegar é preciso ir até Viqueque, no lado sul da ilha, e subir as montanhas por uma estrada arruinada que só há poucas semanas voltou a ser precariamente transitável, depois de vários troços terem sido arrastados para o abismo pelas enxurradas de Abril passado. Com um bom veículo leva-se uma hora e meia a percorrer pouco mais de 30 quilómetros, mas o povo anda a pé ou a cavalo, o principal transporte nas montanhas.

Todos os domingos de manhã, a população de Dilore reúne-se na igreja para rezar em conjunto. Mulheres de um lado e homens do outro, entoam cânticos e repetem as orações que alguém puxa, à vez, porque padre não há. Depois das milícias, vieram as chuvadas torrenciais que deixaram a região quase isolada. E em seguida, como se não houvesse medida para os desastres, uma praga de ratos que destruiu quase 70% das culturas de arroz e milho, a base da alimentação. A situação continua precária, o sagu (farinha de troco de palmeira) tornou-se a base alimentar de muita gente e as orações são bem sentidas.


Aqui pouco se vê de reconstrução, o que nos mostram é «o lugar das casas»: no centro da povoação, grandes áreas com coqueiros carbonizados, onde se descobrem, entre o mato que vai crescendo, as fundações de pedra de centenas de casas de bambu e colmo queimadas pelas milícias. Dezenas de famílias continuam a abrigar-se em precárias estruturas de bambu cobertas com os oleados azuis distribuídos pelo ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). Salvador da Silva, que se dedica à «acção sócio-cultural» na zona, resume as necessidades, ao nível do primário: «Além das casas, precisamos de arroz, sabão, azeite e sal.


Em Díli a vida renasce nas ruas
com ruínas


E também de jornais, o último que chegou foi em Maio.» Como na maior parte do território, ainda não é possível captar a rádio de Díli e televisão só há por parabólica; sabe-se demasiado pouco do país que está a nascer, embora se saiba o essencial.

No distrito de Viqueque, onde fica Dilore, foram mais de mil as casas destruídas pelas milícias, mas a reconstrução está quase parada. As várzeas de arroz em que a zona é rica também estão em boa parte desaproveitadas, porque escasseiam os búfalos para as trabalharem - foram mortos pelos indonésios - e, para agravar a situação, as enxurradas destruíram os canais de irrigação. No suco (aldeia) de Uma-Uain-Craic, o ex-liurai (chefe tradicional) Martinho Sarmento senta-se numa cadeira de bambu, em pose digna, descalço e de calções, e diz: «Em nome da população, peço um tractor antes da época das chuvas. E peço que o Governo português dê facilidades aos nossos jovens para estudarem na universidade em Portugal.»


Para quem chega dos sucos do interior, não admira que Díli pareça um turbilhão de progresso. Na capital a electricidade ainda é falível e continuam em ruínas o bairro Colmera, antiga zona comercial da cidade, a maioria dos edifícios emblemáticos e ruas inteiras do centro e da periferia. Mas, à volta, a vida renasce. Todos os dias abrem oficinas, restaurantes, lojas de acessórios de informática, alfaiates, cabeleireiros, carpintarias, uma pizzaria, muitas vezes em lojas recuperadas ainda com a moldura dos edifícios semidestruídos.



Aldeia após aldeia, como no suco de
Uma-Uain-Craic, as escolas foram destruídas pelos indonésios em
retirada. As crianças aprendem
sentadas no chão, enquanto está atrasado o programa de recuperação
de 2100 salas de aula


As quatro moedas que circulam (os dólares australiano e americano,a piastra indonésia e, em menor escala, o escudo) animam um florescente câmbio de rua. Sinaleiros timorenses foram formados à pressa para porem ordem nos cruzamentos engarrafados com aproliferação de jipes da ONU e de velhos veículos sortidos, muitos dos quais com matrículas fantasiosas («Nostalgia 2001», «Baby may love», «Escudo», «Maldito amor»). Na praia, ao  fim-de-semana,há aulas de artes marciais, enquanto em recantos das ruínas e num terreiro no bairro Bidau se organizam lutas de galos, o desporto nacional, com apostas astronómicas para o nível de vida.

Sobrepovoada desde o referendo com uma população de jovens desempregados que gera tensões, a capital fervilha com funcionários das Nações Unidas, soldados da força de manutenção de paz, voluntários das ONG, comerciantes estrangeiros. Os milhares de forasteiros (os «malais») animam algum comércio local e geram emprego, mas também provocaram uma escalada desproporcionada dos preços e os efeitos perversos de uma economia a duas velocidades. Os negócios mais rentáveis, dirigidos aos consumidores estrangeiros, estão nas mãos de comerciantes também «malais», a preços inacessíveis aos timorenses.


As praias junto a Baucau, a segunda cidade do país, são quase paraísos ecológicos. A estrada serpenteia pela encosta abaixo entre selva, coqueiros, árvores frondosas. Na areia há barcos de pesca coloridos, redes ao sol, vendedores de bebidas, um ambiente de langor preguiçoso. Praias assim estendem-se pela ponta leste da ilha e podem tornar-se o principal pólo turístico de Timor Loro Sae. Não é utopia: há semanas, um fotógrafo dos guias turísticos «Lonely Planet» pedia na UNTAET, em Díli, boleia num helicóptero militar para ir ao enclave de Oecusse fotografar casas típicas e paisagens.


No centro de Baucau, ao pé das fontes e da cascata onde as mulheres lavam roupa e tomam banho, fica o restaurante Amália Rodrigues, com uma fotografia do Sporting na parede. O dono, Carlos Gonçalves, é o mecenas do Sporting Clube de Baucau, campeão distrital. Foi agente da Polícia Judiciária em Moçambique e em Faro e depois emigrante de sucesso na Austrália, durante 23 anos. Agora quer investir o que ganhou no turismo. Prepara-se para tomar conta do Hotel Flamboyant, o melhor da cidade, e depois planeia abrir hotéis com boa vista e parques de caravanas, para o turismo mais barato, em duas ou três praias.

 
«Entre 1969 e 1974 tínhamos potencial turístico», recorda. «Os australianos vinham cá passar fins-de-semana e luas-de-mel. Chegámos a ter 15 avionetas no aeroporto para um fim-de-semana. O hotel ficava cheio.» A ambição de Gonçalves, exemplo da capacidade económica de um sector da diáspora timorense, vai para lá do turismo e do desporto: «Vou dedicar-me à política», anuncia. É secretário regional da União Democrática Timorense (UDT) e quer candidatar-se a deputado nas eleições de 2001.

 



Em Same, Maria de Jesus (em cima) e Domingas da Costa deram à luz duas crianças. Nasceram sob o signo do medo, longe das aldeias abandonadas, para fugir às milícias infiltradas a partir de Timor Ocidental

O turismo é alínea obrigatória nos estudos de viabilização da economia timorense. «Está-se agora a passar da cultura da emergência para a cultura do desenvolvimento, da cultura de guerra para a cultura de paz», diz Mari Alkatiri. Os responsáveis do CNRT/Congresso Nacional acreditam que não será difícil conseguir a auto-suficiência em arroz e milho e duplicar em três anos a produção de café, o principal produto de exportação. Sérgio Vieira de Mello, o administrador das Nações Unidas, diz que a economia poderá ser sustentável já em 2004 ou 2005. Para já, os países doadores prometem investir, através do Banco Mundial, 522 milhões de dólares (cerca de 120 milhões de contos) em três anos.

 A principal garantia da economia timorense, porém, é a exploração do petróleo e, sobretudo, das gigantescas jazidas de gás natural que foram descobertas no mar de Timor. A Austrália está vitalmente interessada nessas fontes de energia. Os dirigentes timorenses dão prioridade à renegociação da fronteira marítima para recuperar a soberania sobre uma vasta área cedida pela Indonésia à Austrália no âmbito do tratado Timor Gap, de exploração do petróleo. «A fronteira marítima deve ser equidistante dos dois países», afirma Alkatiri.

 
Mesmo que as feridas da destruição sejam cicatrizadas, o progresso económico da nova nação esbarra, para já, com uma avassaladora falta de quadros técnicos e de pessoal qualificado a todos os níveis. Esse poderá tornar-se o principal obstáculo ao desenvolvimento. Cerca de 800 jovens timorenses estão a estudar em universidades indonésias, mas é incerta a sua integração na vida activa do seu país. A cooperação internacional continuará, forçosamente, a ter um papel decisivo.

 



No acantonamento das Falintil, em Aileu, 800 antigos guerrilheiros   esperam, e só a espera preenche o tempo. Quase sem apoios, vivem precariamente e preparam-se para ser o núcleo das Forças Armadas nacionais

O perigo de fracasso, todos o sabem, poderá espreitar de outro lado: o surgimento de dissenções políticas insanáveis e violentas entre as diversas correntes que integram o CNRT/Congresso Nacional. A oposição acesa entre os partidos históricos Fretilin, de Lu-Olo e Mari Alkatiri, e UDT, de João Carrascalão, não foi disfarçada durante o congresso do CNRT, no final de Agosto, e é detectável em todo o território, mesmo 25 anos depois da guerra civil. O principal dado novo é o lançamento do Partido Social Democrata (PSD), do ex-governador Mário Carrascalão, vice-presidente do CNRT. «Pode absorver uma boa parte da UDT e também uma tendência da Fretilin, que está dividida em várias correntes», vaticina um observador português.

 Quanto aos outros partidos, têm ainda que provar a representatividade ou, até, a viabilidade. Estão previstas eleições para o segundo semestre de 2001, mas nos sucos absorvidos com a sobrevivência diária não se sabe, sequer, que alguns desses partidos existem.


Em Same, 130 quilómetros a sul de Díli, Maria de Jesus embala o seu menino, Vidal, com três dias de idade, junto ao fogo. Mãe e filho estão abrigados por um muro arruinado e por um oleado do ACNUR. Segundo o costume das aldeias da montanha, o bebé deverá ficar ao pé do lume durante pelo menos três meses, dia e noite, ganhando forças para viver. Mas Vidal nasceu com a condição de deslocado e sob o signo do medo, tal como nascera, quatro dias antes, Anuncia, filha de Domingas da Costa. Numa escola em ruínas estão cerca de 130 homens, mulheres e crianças do suco de Aituha, que fugiram para Same, onde há tropa portuguesa, logo que souberam que andava na região de Alas um grupo de milícias armados, infiltrados a partir de Timor Ocidental. «No ano passado disseram-nos que, se voltassem, seríamos as próximas vítimas», conta Teófilo Jesus.

 


Elias da Costa, veterano das Falintil, com 25 anos de luta nas montanhas, espera que a idade não o afaste do Exército da independência. «Os indonésios puseram-me quatro balas no corpo, mas não consegui morrer»


Noutro local de Same, amontoados em casas abandonadas, estão mais cerca de 400 refugiados das povoações de Manus e Lurin. A Manus foram os milícias, em meados de Agosto. «Eram 28, armados com espingardas e lança-granadas», conta Paquito Morato. «Ficaram lá duas noites e pediram-nos para os ajudarmos com comida. Eram todos de povoações desta zona. Disseram que não vão fazer mal à população mas que não querem ver os estrangeiros e a juventude da Resistência, porque foram eles que causaram a derrota. Agora estão no mato e roubam nas hortas.» A população fugiu para o pé do quartel com medo de ser envolvida em combates. «Antes da consulta popular foram eles que nos torturaram. Aqui sentimo-nos mais seguros», explica Francisca Fernandes, de Lurin.

As Nações Unidas admitem que haja entre 80 e 120 elementos das milícias infiltrados em Timor-Leste e temem que estejam a tentar montar redes de apoio. Já foram mortos dois «capacetes azuis» da PKF (Peace Keeping Force, força de manutenção da paz) na região da fronteira, além dos três funcionários do ACNUR assassinados em Atambua, Timor Ocidental. (Na semana passada, a tropa portuguesa convenceu os refugiados de Same a regressarem às aldeias, e foi presumivelmente com o grupo de milícias avistado em Alas que se travou a escaramuça de domingo).

 
No acantonamento onde estão confinadas as Falintil, à volta da vila de Aileu, 50 quilómetros a sul de Díli, as movimentações das milícias causam inquietação. Os antigos guerrilheiros - 800 homens, repartidos por cinco companhias - montaram barreiras na estrada e revistam os carros. De resto, limitam-se a uma morna rotina de treino físico e «educação moral e cívica», preparando-se para ser o núcleo das futuras Forças Armadas de Timor Loro Sae. Lia Lulic, oficial da 4ª Companhia, diz: «A PKF é profissional, mas não conhece as pessoas nem o terreno. Nós podíamos ter um maior papel, porque a população confia nas Falintil e conhecemos todos os locais onde as milícias se podem esconder. Já os usámos».

 


Em Díli, como em todo o território, estão pujantes os combates de galos, autêntico desporto nacional

Recentemente, 57 ex-guerrilheiros passaram a actuar como oficiais de ligação com as tropas internacionais, servindo de guias e intermediários com a população, desarmados.

A inacção já cansa. Quando não estão no treino, os homens dormem, desocupados, nas casernas improvisadas. As condições de vida são precárias. «Não recebemos vencimentos, não podemos ajudar as famílias. A comida é suficiente mas falta molho, não dá para toda a gente. Não há medicamentos», informa o comandante da 1ª Companhia, Amélio Ximenes. Um professor de português dá aulas em Aileu, mas só a 50 alunos. Há projectos aprovados de formação profissional para agricultura, mecânica, carpintaria e, até, informática, mas nada se iniciou. «Orçamento», explicação válida em todo o país. Os guerrilheiros esperam, e só a espera preenche o tempo.


A maioria são jovens, veteranos serão pouco mais de 30. Um deles é Elias da Costa, com 45 anos, comandante de pelotão. Foi para as montanhas em 1975, na ponta leste da ilha, e nunca mais parou de lutar. «Os indonésios puseram-me quatro balas no corpo, mas não consegui morrer. Se o comando achar que já estamos velhos, retiro-me. Se não, estou pronto para continuar.» A sua escolha é evidente.

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A normalidade marca pontos sobre a guerra. Em Dilore nada consegue estragar a tranquilidade de um domingo


João Bogalho, agente da PSP colocado em Viqueque, dedicou o tempo livre, desde Fevereiro, a animar uma espécie de ATL nas traseiras da casa dos polícias portugueses. Um dia, contou 60 crianças debaixo do telheiro, a desenharem com lápis de cor. «Nos primeiros tempos, todas as crianças faziam o mesmo desenho, dia após dia, semana após semana», recorda. «Desenhavam a guerra: soldados, espingardas, a bandeira das Falintil.» Mas depois, com a ajuda de livros para colorir enviados de Portugal, os desenhos começaram a mudar. Hoje, a imaginação das crianças de Viqueque já não é refém da guerra. Talvez seja essa, afinal, a mudança mais importante neste ano de paz em Timor Loro Sae.

Expresso           

Textos de FREDERICO CARVALHO, fotografias de ANA BAIÃO, enviados a Timor Loro Sae