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 Resumo da Conferência de Imprensa do CNRT
sobre o atentado contra Xanana Gusmão

08/02/01
CNRT/Congresso Nacional 
Presidência

Resumo da Conferência de Imprensa
7 de Março de 2001, Sede do CNRT/CN.

Presentes: Presidente Xanana Gusmão
Brigadeiro-General Taur Matan Ruak
Vice-Presidente Mário Carrascalão
Comissário Costa e Sousa

A Conferência de Imprensa abriu com um relatório do Comissário Costa e Sousa da CivPol, relatando os acontecimentos de hoje que ocorreram durante um debate organizado pelo Conselho de Solidariedade dos Estudantes Leste-Timorenses em Díli. O simpósio tratava das implicações para a sociedade timorense da transformação das Falintil em Forças de Defesa de Timor-Leste.

Ontem à tarde a CivPol tinha sido informada de possíveis distúrbios no simpósio que seriam provicados por cinco grupos de vinte pessoas liderados por três indivíduos, cujo objectivo consistia em ameaçar a vida do Presidente Xanana Gusmão.

A CivPol tomou as medidas que considerou adequadas para garantir a ordem na reunião e a segurança do Presidente Xanana e de todos os presentes. Essas medidas incluíram a colocação na sala de um contingente mesmo antes do início do simpósio. Esse contingente era directamente comandado pelo Comissário Costa e Sousa, que também estava presente. A polícia colocou-se nos seus postos muito antes do início do debate e revistou todos os participantes antes de estes entrarem na sala.

Segundo o Comissário Costa e Sousa, durante as apresentações feitas pelo Presidente Xanana Gusmão e Roque Rodrigues, a CivPol identificou os indivíduos que tinham sido indicados nas informações recebidas como organizadores dos distúrbios. Os três indivíduos foram detectados: o líder estava sentado em frente do estrado dos oradores, face ao Presidente Xanana Gusmão, o segundo perto da entrada principal e o terceiro deslocava-se pela sala. Dois dos indivíduos tinham ordens de captura pendentes emitidos em 1 de Fevereiro de 2001 por supeita de implicação no incêndio de dois veículos da ONU em Delta Comoro. O Comissário Costa e Sousa ordenou aos militares da CivPol presentes que prendessem os dois indivíduos logo que o Presidente Xanana saísse da sala.

A CivPol concluiu que a posição ocupada pelos três indivíduos indicava que eles planeavam bloquear a saída do Presente Xanana do edifício. Por conseguinte, a CivPol começou a preparar uma saída alternativa para o Presidente.

Os distúrbios tiveram início depois de concluídas as apresentações e de aberto o período de perguntas e respostas, quando um dos três indivíduos abordou o Comissário Costa e Sousa dizendo-lhe que este seria incapaz de controlar a situação pelo facto de o número de pessoas a controlar fora e dentro da sala ser superior ao que a CivPol poderia gerir. O Comissário Costa e Sousa pediu explicações, mas o indivíduo dirigia-se já para o lado oposto da sala onde abordou um segundo agente da CivPol, dizendo-lhe algo semelhante. Este agente pediu-lhe igualmente que se explicasse, mas o indivíduo dirigiu-se para o estrado dos oradores. O agente pediu ao indivíduo que não se aproximasse do estrado. Neste momento, o agente identificou o homem como sendo um dos que deveria ser detido e informou-o de que estava preso. O indivíduo foi detido, em primeiro lugar, por haver contra ele uma ordem de prisão, em segundo lugar, por ter ignorado um pedido formal de um agente da polícia e, em terceiro lugar, por se dirigir para o estrado dos oradores com uma intenção desconhecida.

Enquanto este suspeito, Gil Fernandes, era detido, um segundo indivíduo, Américo, agrediu, com duas cadeiras, o agente da CivPol que detinha o outro. Verificou-se que este indivíduo tinha também uma ordem de prisão.

Perante estes acontecimentos, o Comissário Costa e Sousa concluiu que a única solução era prender Américo, utilizando a força necessária, nomeadamente um cassetete. Este indivíduo foi preso, em primeiro lugar, porque ignorou uma ordem de um agente da polícia, em segundo lugar, porque atacou um agente e, em terceiro lugar, porque se verificou que havia contra ele uma ordem de prisão.

Simultaneamente, a CivPol prendeu também o terceiro indivíduo colocado perto da entrada principal.

Os três prisioneiros foram levados para o posto de polícia de Díli onde aguardam julgamento.

Após estes acontecimentos, os restantes membros do grupo começaram a atacar verbalmente a CivPol. Saíram da sala e dirigiram-se para junto das traseiras do Quartel-General da UNTAET, onde iniciaram uma manifestação com cerca de 100 pessoas que ficaram reduzidas a 30 aproximadamente duas horas mais tarde.

O Comissário Costa e Sousa terminou o seu relatório declarando que não tinha dúvidas de que se tratava de uma acção destinada a criar distúrbios na reunião entre o Presidente Xanana Gusmão e os estudantes e que, dado o nível de violência, aquela acção se destinava também a ameaçar a vida do Presidente.

O Presidente Xanana Gusmão iniciou as suas declarações dizendo que a conferência tinha um objectivo muito positivo, que era o de clarificar questões que a sociedade timorense deseja explorar. O Presidente exprimiu o seu apreço aos organizadores pela alta qualidade das exposições e assinalou que esta conferência se tornaria um marco importante na participação da sociedade civil no processo político.

O Presidente Xanana Gusmão lamentou as actividades de grupos que se classificam a si próprios como sendo de natureza política e que utilizam as reuniões públicas para destabilizar a situação em geral. Sublinhou o facto de o CNRT/CN ter recebido várias informações sobre as actividades desses grupos e de essas informações seres enviadas directamente pela população. Dado que o CNRT/CN não tem autoridade para actuar relativamente a este tipo de informações, limita-se simplesmente a analisá-las. O comité encarregue da supervisão do processo político toma essas informações em consideração, dado que tem por missão avaliar constatemente a situação política e o seu impacto na sociedade.

As informações recebidas indicam que, durante o incidente de Abril de 2000 no estádio de Díli, foi Américo que lançou uma granada de mão. A população em geral ficara preocupada pelo facto de a CivPol não ter detido aqueles indivíduos mais cedo, na medida em que tinha havido testemunhos sobre a organização e incêndio de dois veículos da UNTAET em Janeiro de 2001.

Em seguida, o Presidente Xanana Gusmão mostrou uma fotografia de Américo, tirada a 16 de Janeiro de 1994 na companhia de dois membros da Kopassus, numa reunião em que foram criadas as ‘Ninjas’ em Timor. O Presidente observou que Américo, fundador das ‘Ninjas’ e defensor da integração na Indonésia, se identifica actualmente como membro da CPD-RDTL e defensor da declaração de independência em 1975. Outro dos agitadores hoje identificado é um antigo membro dos serviços secretos indonésios muito conhecido.

Combinadas com as informações já expostas, foram igualmente descobertas, nas buscas aos participantes na reunião, várias garrafas vazias que seriam utilizadas como projécteis durante a conferência.

O Presidente Xanana Gusmão declarou que todas as informações são importantes para compreender as acções em cursos destinadas a destabilizar a situação política em Timor-Leste. Acrescentou ainda que, numa reunião que tinha tido ontem com os jovens, estes afirmaram que não há grupos de jovens organizados que levem a cabo acções de destabilização, e que é o inimigo que se está a utilizar do clima social e económico desfavorável de Timor-Leste.

O Presidente reafirmou que as informações sobre essas acções lhe tinham simplesmente sido transmitidas porque os estudantes o viam como um "irmão mais velho". Tinha-lhe sido entregue uma gravação de uma conversa em que se mencionava o assassinato do Presidente e do Brigadeiro-General Taur Matan Ruak com granadas. Essa gravação foi ouvida pelos participantes na Conferência de Imprensa. O Presidente foi igualmente informado de uma reunião realizada ontem para organizar o seu assassinato e da formação de quatro grupos para provocar distúrbios no simpósio de hoje. Estas informações referiam também que estes grupos seriam dirigidos por Américo, Gil Fernandes e Júlio Gueguer. 

O Presidente prosseguiu, recordando os acontecimentos de sábado passado durante a reuniáo da Confederação dos Desportos (data inicialmente prevista para o simpósio de hoje) e o papel desempenhado por Gil Fernandes incitando a multidão. O Presidente referiu que um dos jovens que discutiu com ele fora da reunião tinha os olhos vidrados e parecia ter tomado droga.

O Presidente referiu ainda que esses grupos declaram que as ameaças contra a sua vida se devem ao facto de ele ter tentado clarificar o papel das RDTL e que as ameaças contra Taur Matan Ruak são devidas ao facto de este ter permitido que as Falintil se tenham transformado nas Forças de Defesa de Timor-Leste. O Vice-Presidente José Ramos-Horta está também na lista dos dirigentes timorenses ameaçados.

O Presidente terminou a Conferência de Imprensa com um alerta aos jovens para que não se deixem manipular e para que tenham consciência do tipo de grupos com que se estão a envolver. Alertou-os igualmente para a forma como poderiam ser utilizados por estes grupos, cujo único objectivo é destabilizar o processo político, criando nomeadamente um sentimento anti-estrangeiro que se traduz nas provocações contra a CivPol e a GNR.

  Tradução do FAF           

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Receios de "complot" para assassinar Xanana Gusmão


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Segundo a polícia, três homens agiam de forma suspeita

  

BBC - Três pessoas foram presas em Timor-Leste por suspeita de implicação num possível complot para assassinar o dirigente independentista Xanana Gusmão.

Segundo a polícia das Nações Unidas, os três homens estavam a agir de forma suspeita numa reunião em Díli, na quarta-feira de manhã, com a participação de Xanana Gusmão.

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Espera-se que Xanana Gusmão
venha a ser o presidente

Xanana Gusmão, que se pensa vir a ser o primeiro presidente de Timor-Leste, acusou os seus opositores políticos ligados ao exército indonésio de estarem por detrás do susposto complot.

O comissário de polícia José Luís da Costa e Sousa disse que um dos homens se tinha recusado a obedecer a uma ordem da polícia para mudar do lugar onde estava sentado, na reunião, directamente em frente a Xanana Gusmão

Seguiram-se distúrbios em que foram atiradas cadeiras a um agente da polícia. Fora feitas mais duas detenções.

Ameaça

Segundo Costa e Sousa, dois dos três homens detidos eram já procurados por terem disparado contra veículos da ONU.

A reunião de quarta-feira foi convocada para explicar aos estudantes os motivos da desmobilização das Falintil – que lutaram durante 24 anos contra a ocupação indonésia – e a sua transformação na Força de Defesa de Timor-Leste.

"Fomos informados de distúrbios que poderiam ameaçar a vida do Presidente Xanana Gusmão", disse Costa e Sousa. "A CivPol (polícia civil) tomou as medidas necessárias para garantir a segurança de todas as pessoas presentes na reunião", acrescentou.

Gravação

As informações não explicitaram a identidade dos detidos, mas segundo a agência noticiosa AP funcionários da ONU declararam que dois dos homens eram antigos membros do serviço secreto indonésio.

Mais tarde, Xanana Gusmão disse aos jornalistas que os três suspeitos eram membros de um bando pró-Indonésia, tendo ainda passado uma gravação em que três homens discutiam a forma de o matar num ataque à granada.

BBC (tradução do FAF)     

 


 

A Polícia Civil defronta-se com distúrbios
numa reunião de estudantes em Timor-Leste


Xanana Gusmão


7 de Março – As forças de polícia das Nações Unidas em Timor-Leste prenderam hoje três indivíduos por distúrbios numa conferência, em Díli, quando Xanana Gusmão se dirigia a centenas de estudantes.

A presença da Polícia Civil, também chamada "CivPol," surgiu após o aviso de possíveis conflitos que teriam como alvo principal Xanana Gusmão, declarou hoje a Administração Transitória da ONU (UNTAET).

Um dos homens foi preso depois de ter desobedecido à ordem de não se aproximar de Xanana Gusmão, que se dirigia aos estudantes. Segundo a UNTAET, dois dos três indivíduos que se encontram agora detidos para interrogatórios têm acusações pendentes na sequência do incêndio de veículos da ONU em Fevereiro deste ano.

"O incidente que teve lugar hoje no ginásio de Díli recorda-nos como é importante que a lei e a ordem sejam asseguradas de modo a permitir uma transição pacífica de Timor-Leste para uma nação independente e democrática", disse Jean-Christian Cady, chefe-adjunto da UNTAET. "Ao evitar uma agressão contra Xanana Gusmão, a CivPol fez o seu dever. O processo político em que estamos implicados só pode ter êxito num clima em que o diálogo e a tolerância prevaleçam sobre a violência", acrescentou.

Tradução do FAF