Alice - Nº 1 da Lista Vermelha
Chovia bastante. Aquela era uma noite singular. A lua não deixava as trevas, e as trevas caminhavam pelas ruas em busca das almas. Aquela não era uma noite comum, aquela era uma noite de nuances. O lugar era escondido. Afinal era um lugar de iniciados. Naquela velha construção os caminhos se revelavam. Era um dos domínios de Destino. Foi naquela noite que ele foi falar com o senhos dos caminhos únicos. Ele entrou na pequena tenda, e lá, sentada, a velha senhora se encontrava a sua espera. Não que ela o tivesse esperando de fato, mas é que os caminhos são únicos... Ele entrou. O cheiro do incenso remetia sua memória às batalhas que travou na velha Índia. Um pequeno sorriso brotou de seus lábios. A lembrança era agradável. Pronto, desperta de sua pequenina viagem, e a imagem da velha lhe mostra novamente a voz de Desespero. Ele se senta. Não era necessário dizer nada. A antiga senhora sabia do que se tratava, e sabia o que fazer. Lentamente ela troca o já desgastado baralho de tarô que tinha em mãos por um totalmente novo. Seus pensamentos alcançaram o infinito. Ela não acreditava que a noite havia chegado e que finalmente ela iria usar aquelas cartas diferentes, e tão especiais. Aquele não era um tarô qualquer, era um tarô para seres que trilham outros caminhos nos jardins de Destino. O ritual teve início. As chamas das velas dançavam como que em um êxtase. As velas queimavam com um certo prazer promíscuo, e a música, que não existia, transformava o lugar em um mundo que até mesmo Faerie teria dificuldades de criar. Os ponteiros do velho relógio de parede passavam mais lentamente, e a Morte assistia o jogo. O lugar todo transpirava uma aura de magia, medo e agonia. O oráculo havia trocado de mãos, e o local sentira isto. As cartas pareciam trocar de ordem ao seu gosto, mas nós sabemos que elas é que estavam se ordenando de forma a se adequar ao caminho único. No entanto, aqueles gestos provocavam o ar, e este respondia com majestade. O baralho retorna para as mãos da senhora. Ela sente o contato das trevas com suas mãos suadas, mas isso não lhe devolve ao mundo da razão, ela sabia que não poderia tombar naquele instante. Algo importante estava ocorrendo, e ela fazia parte daquele caminho. Havia chegado o momento. O relógio de parede não mais se movia. E as destorcidas e aleijadas mãos da anciã, lentamente revelavam as cartas sobre a estranha mesa hexagonal. O som de suas mãos movendo-se pelo pesado ar, empunhando a carta como uma espada ou uma cruz, exalava um sabor salobre, de discórdia e sangue. Os sete arcanos são dispostos de maneira diferente, e são revelados um a um. A primeira imagem foi um choque. Era Teth! A carta mostrava o ancião encapuzado, andando sobre um campo coberto de crânios, trazendo em uma das mãos uma tocha ardente, e na outra uma serpente vermelha. A velha senhora começa a falar sobre o significado. As esperanças caem por terra, e pela primeira vez em séculos ele reza para Caim. A eternidade descansava sobre a tenda. E a segunda carta foi revelada. Resh! O último dia. A imagem dos seus deixando suas tumbas diante do sol, contrastava com a figura do anjo e sua trombeta, que anunciavam o fim dos tempos de forma tranqüila. A dualidade e a incerteza da representação do destino lhe incomodava e lhe fazia pensar a respeito do quanto tudo aquilo era verdadeiro ou lendário. Mas a dúvida não existia, e seu coração lhe contava a verdade, e esta não era a que ele desejava. Lamed apareceu, e este era a sua mente. A figura de um homem com um pé atado a um tronco de carvalho, pendurado de ponta-cabeça era a representação de sua condição. Preso ao destino, sem escolha e sem alternativa, ele era então um escravo do seu próprio conhecimento. Ele sabia a respeito de seus ancestrais, e sabia onde encontrá-los. A quarta carta, o presente, era o Anjo caído. Samech. Duas luas estavam separadas pela figura de Lúcifer sentado em um bloco de pedra ao qual estão acorrentados uma figura feminina e uma masculina. A estrela da manhã tem seu pulso aberto, e segura em sua mão um cálice de sangue, o qual oferece aos dois cativos. Ele agora pensa no significado desta carta. E o medo percorre suas entranhas por saber o que deve ser feito. As três cartas seguintes são as oraculares, e a primeira delas era Iod. O jogo, a barganha e a mentira. O pentagrama de sangue e sombras é o tabuleiro e os personagens monstruosos que se acercam do círculo são as representações das regras do jogo. e muitas vezes as regras não são justas. Ele sabia disso. Mas as coisas são como elas devem ser. Shin foi o alívio. O jogo não seria de todo perigoso. Ao menos foi o que seus olhos viram, mas sabemos que a realidade é muito maior que nossos míseros olhos podem enxergar. O andarilho noctívago lhe recobrou as esperanças. A carta mostrava um viajante carregando seus pertences em uma pequena trouxa, caminhando a esmo. O caminho é desconhecido, mas há um caminho, e isso lhe confortava. A última carta oracular era Vau. A figura mostra um homem, embora essa não seja a definição mais digna, seguido por duas mulheres. O ser parece guiá-las, e elas o seguem com devoção e paixão. A carta dos enamorados ecoa no vácuo de suas abstrações. Ele não sabe ao certo o que ela significa, e a dúvida perturba sua aparente serenidade. Neste momento a senhora fixa seus olhos nos dele, e o tempo volta a correr. Ela está apavorada com as revelações. Muito do que ela lhe disse havia sido revelado naquele momento, mas é preciso ir até o fim, porque assim deve ser feito. Ela então, recolhe as cartas da mesa e as entrega novamente ao ser da noite. O mesmo ritual transcorre, o peso das trevas novamente se fixa nas cartas, e é sentido pela velha ao retomar o baralho. O movimento é uma passagem de sua mão esquerda sobre a mesa, deixando que todas as cartas repousem coma metade de suas costas à vista do ser da noite, formando um arco perfeito. Ele aponta a carta de sua alma. Com uma delicadeza inesperada, a anciã separa a carta da fila elegantemente formada e a desvira no centro. O medo salta dos olhos dele, e a esperança o apunhala pelas costas. É Cuph, o Sol... A Morte!... Na noite seguinte ele se lembrou de John Dee. Ele estava próximo a fazer o mesmo. O antigo Tremere que ele conheceu na Inglaterra no século desessete. Dee é quase uma lenda entre os humanos. Sua fama de mago se estende até nosso século. Nós sabemos que ele foi um mago, mas essa é uma outra história... As lembranças não eram muito encorajadoras, afinal, o grande magus havia perdido o confronto com o inferno, e hoje, todos os dias, nas terras do poderoso anjo caído a alma de Jonh Dee arde em chamas, e seus gritos de agonia podem ser ouvidos por toda a infinitude do inferno. Ele estava com medo, afinal, não era essa a eternidade que ele queria para si. Mas o ritual precisava ter início. O pentagrama havia sido desenhado com o sangue de dois velhos vampiros, e as pontas da estrela eram os crânios das crianças sacrificadas nas chamas. No braseiro os restos de um querubim agonizavam. Ele se coloca no certro, e o ritual tem início. Ele começa a conjurar em uma língua proibida, e as oferendas são ofertadas. Não é em qualquer pentagrama que se pode barganhar com o senhor do mundo inferior. Lúcifer aparece. O terror congela seu sangue. Lúcifer estava dentro do pentagrama. E ainda na língua proibida ele pergunta:

__ Mortal, onde deixaste tua razão? Porque importunas os senhores das terras caídas? A voz saía trêmula. Ele nunca havia conhecida esta face do medo.

__ Senhor do inferno, eu, Vedjrg Gryand, lhe conjurei para que...

__ Mortal, ninguém pode nos conjurar. Nós viemos porque assim quisemos. Viemos para jogar. Viemos para que tu nos divirta. Sua mente mal conseguia sair do labirinto criado pele pavor, mas ele seguiu em frente.

__ Mestre das trevas, estou aqui porque assim devia acontecer...

__ Mortal, nós conhecemos Destino. E também todos os seus irmãos. Não nos faça perder tempo. Diga-nos, porque estás aqui? O fato de ainda se encontar isolado de Satanás pela tênue linha do círculo central, lhe deu o pouco de coragem que precisava. Um erro.

__ Escute, Senhor dos abismos, a minha vontade agora irá prevalecer. Tu irás me dizer o que deve ser feito sobre... Neste instante o Demônio deixa seu lugar no pentagrama e invade o círculo central. O terror o acompanha. Lúcifer ergue-o do solo segurando-o pelo pescoço. Suas mãos tem o cheiro da morte, e seus olhos possuem o vazio do abismo infinito. Vedjrg procura pela esperança, e a encontra sangrando sobre si.

__ Mortal, aqui tu não tens poder, porque Nós somos o verdadeiro poder! Agora escute, para querer barganhar conosco, é preciso muito mais que mil anos de verdadeiros conhecimentos. Pobre mortal, tua alma fede o cheiro podre e delicado do pavor. Certa vez seu ancestral primeiro barganhou conosco. Depois disso ele nunca mais foi o mesmo, ou tu nunca te perguntou o verdadeiro motivo pelo qual ele vos abandonou? Caim nunca se arrependeu de nada, a não ser, talvez, da noite em que aceitou nossa oferta. Então, escute com atenção, seu destino agora nos pertence, e será feito aquilo que nós eu ordenarmos. Os que hoje descançam devem voltar para que Caim pague suas dívidas. e será você o mensageiro do juízo final. Tu sabes onde encontrar um deles. Disperte-o, inicie o inevitável, que nós lhe asseguraremos a eternidade. Este é o seu destino. Não te desvies do caminho, porque se o fizer, o demônio que lhe acompanha lhe mostrará sua morte. E assim será, porque nós, Lúcifer, assim determinamos. O Diabo lhe devolveu ao solo, e por pouco suas pernas não lhe traem, atirando-lhe de encontro ao chão. Seu corpo tremia, seu sangue estava amargo, e em sua mente ecoava o som das asas de Lúcifer deixando este mundo. Mais um ciclo havia se completado... ________________________________________________________________________________________----_____________________________________________

Ele havia deixado a Bulgária naquele mesmo ano. Viajava sem destino, como determinara seu destino. Em 1989 chega à Romênia em plena revolução. Os conflitos dos humanos não lhe interessavam a muito tempo, mesmo que tivessem mãos sem vida por trás deles. Seus interesses eram outros: permanecer "vivo". Os Tremere voltaram a lutar contra os Tzimisce abertamente, depois de mil anos. O país era sangue. E em meio a todo esse sangue, o destino lhe apresentou Alice. A bonita e jovem Tzimisce se encontrava agachada sobre o corpo de um dos três Tremere que jaziam a sua volta, modelava sua face com uma perfeição extraordinária. A metade esquerda do rosto do pobre Tremere guardava as marcas da batalha, enquanto que a face direita tomava a forma perfeita do rosto de Etrius, o grande Tremere de Viena. Ela sabia mandar recados... Vedjrg estava de pé atrás da moça, que só o percebeu quando este a tocou. O susto foi rapidamente controlado, e novamente ela estava pronta para a batalha.

__ Não iremos lutar, jovem. Eu não sou um Magus, e estes assuntos não me interessam. Estou a procura de um conhecido seu.

__ Você acha mesmo que essas coisas eu saio dizendo para qualquer vampirinho que aparece na minha frente?

__ Presta a atenção, eu nem sei quem você é, e eu não gostaria de ter que matar alguém que nem ao menos sei o nome. Portanto, fique calma e vamos conversar. Quem é você?

__ Quem sou eu? ? Quem é você?!

__ Vejo que eres uma pessoa difícil. Mas vou ajudar-te. Sou Vedjrg Gryand. Visigodo, nascido no ano de 403 em Salona, hoje Croácia. O conheci em Varna, Bulgária, e seu nome é Drácula.

__ Você veio aqui atrás do Conde? Esqueça, você não vai encontrá-lo.

__ Sozinho é bem possível que não, mas você irá me ajudar.

__ E o que eu iria ganhar com isso?

__ Tua vida, se te agrada.

__ Há maneiras mais delicadas de se conseguir as coisas de mim.

__ Como queira, jovem, se estás disposta a cooperar...

__ Pois bem, mas nada mais justo do que eu saber quem realmente eu estou ajudando

__ Me tornei o que sou em 444 na Baixa Aquitânia, e pronto meu mestre me levou ao seu lugar de origem. A Bulgária. Muito viajei pelo mundo, mas a Bulgária é o meu lugar. Conheci Drácula em 1913 em Varna. E tenho assuntos importantes a resolver com ele.

__ Mas quem você é de fato?

__ Queres saber meu clã?

__ Sim.

__ Assamita por sangue e Inconnu por ideal.

__ E que assuntos tens a resolver com ele?

__ Você está passando dos limites, jovem. A curiosidade de Alice estava desperta. A Tzimisce o reencontra em quatro dias e lhe diz que o encontro estava marcado. Deu-lhe a direção e a hora, agora era só esperar. Vedjrg tem um rápido encontro com Drácula. Alice havia moldado seu próprio rosto à imagem do Conde. A trampa havia sido armada... As formalidades foram cumpridas e Vedjrg começa a falar.

__ Um dos antediluvianos está no Brasil, e um antigo vampiro sabe exatamente onde.

__ E quem é esse vampiro?

__ Ele foi o primeiro de seu sangue a chegar no país, e foi na sua chegada que descobriu onde o bastardo se esconde. O nome... Gryand, neste momento percebe que não era Drácula com quem conversava. Segura firmemente o pescoço de Alice e começa a estrangulá-la. Ela consegue se livrar do Assamita, e quase sem voz, diz:

__ Há mais de vinte vampiros fora desse castelo, e você só irá sair com vida se estiver ao meu lado.

__ Eu posso sair daqui sem que ninguém perceba, mas antes de te matar eu quero saber onde está Drácula?

__ Há mais de cinqüenta anos que ninguém aqui sabe onde se encontra o canalha traidor. Eu juro. Ele por algum motivo havia admirado aquela mulher, talvez o destino, talvez o Diabo. Não importa. Ele então lhe perguntou o que ele pensava a respeito dos de antes do dilúvio, e se espantou com a resposta de tamanho repúdio. Os Sabbat só acreditam na liberdade conquistada com o fim do terror causado pela destruição dos Antediluvianos, mas na aura daquela jovem, ele viu que aquele ideal era fé. E aquele, pensou Vedjrg, era seu destino. Então o vampiro a convidou para seguí-lo até o Brasil. Alice aceitou. E o terceiro ciclo se fechava. ________________________________________________________________

Por precaução ele nada mais revelou a Alice até que chegassem ao Brasil. Alice pacientemente dominava sua curiosidade. Estavam no Rio de janeiro, e Vedjrg meditava sobre seu destino. Ele não queria fazê-lo, nunca lhe seduziu o assassinato. Até se envergonha que seu clã tenha tomado isso como um modo de vida. Mas as coisas são como devem ser. E foi pensando nisso que a revolta cresceu. Até que a revolta dominou sua razão. Naquela noite ele pediu para que Alice deixasse o apartamento por alguns instantes. Ela, contrariada, obedeceu. Sozinho, Vedjrg comunica sua decisão ao inferno:

__ Eu não vou continuar essa busca! Eu não concordo com isso! Quem és tu, demônio maldito, para que minha vida seja sua? O que você quer com... A sala do apartamento continha apenas Vedjrg sua voz e sua indignação. No entanto, as paredes nuas e sujas daquela sala, foram sumindo enquanto falava, dando lugar à uma lembrança distante e forte. A lembrança do dia em que seu mestre o abençoou. Uma falsa sensação de paz acaricia seu coração. Aquela que fora um dia sua mulher mortal se aproxima e lhe abraça. O vampiro chora seu sangue, agora negro. A esposa lhe acaricia o ouvido com sua suave voz, e o esquecido sentimento do amor retorna a lhe reconfortar. Seus olhos se cerram e os lábios se aproximam até se tocarem. As línguas trocam confidências. Ele está no paraíso. O beijo doce perde lentamente o sabor suave para um gosto de fel. Ele abre os olhos e enxerga o vazio do abismo infinito nos olhos de sua amada. Não havia mais o que fazer, a não ser conhecer Desespero, enquanto sua alma e sua vida eram lentamente consumidas pelas chamas do inferno. Quando retornou, Alice encontrou apenas o corpo seco e sem vida daquele antigo vampiro, concluindo o quarto e último ciclo. _____________________________________________________________________________________________________________________________________

__ Na velha torre, o som das vozes daqueles homens e mulheres despertavam o medo das pedras da antiga construção. Os mortos, enterrados naquela catedral não podiam descansar, e a tormenta obtinha poder da presença daqueles seres magníficos. A mais de cem anos tanto poder, tanta força não estavam no mesmo lugar. Os líderes ou representantes máximos dos clãs da Camarilla do país estavam ali reunidos. Decisões importantes serão tomadas... O Primogen Ventrue, quebra o silêncio:

"__ Senhores, a exatos noventa e dois anos, uma reunião como esta teve início. Alguns de nós estavam presentes, outros não. Naquela ocasião tratamos da estrutura da Camarilla no país. Decisões importantes foram tomadas. Hoje, nobres senhores, dois assuntos de vital importância nos trazem a este lugar. O primeiro, é sobre uma vampira chamada Alice. O segundo, sobre a Jihad. "

__ Eles sabem o que irá ser tratado nesta noite, e é por saber, que a preocupação os atormenta. Todos voltam seus olhos para o antiquíssimo Gangrel no momento em que este, das sombras das colunas da edificação, formula a pergunta que muitos ali possuíam: "

__ Lorde Theodor Mouster Creeck, não são novidade para nenhum de nós os incômodos que esta mulher está causando à Camarilla. No entanto, esta mulher ainda permanece um mistério para mim, e talvez para outros aqui presentes. tenho certeza que não fomos chamados aqui para tratarmos de um assunto relacionado com uma pessoa da qual todos desconhecemos. Sendo assim, gostaria que o mais indicado à fazê-lo, respondesse. Quem é Alice?"

__A Grega Ártemis Kospolous, inicia o debate:

"__, Andirá, Senhores, saudações. Nós do clã Brujah, desde que a kindred conhecida como Alice nos afrontou com sua primeira "brincadeira", a passados quatro meses, tivemos a lucidez de procurar informações a seu respeito. No entanto, devido ao tempo curto, e a grande névoa de desconhecimento que envolve sua pessoa, pouco de concreto foi obtido."

"__ No entanto, ma parece que de fato algo de concreto foi obtido, portanto, prossiga, porfavor..."

"__ De fato, Rafael Cauduro, algo foi descoberto, mas porque motivo eu deveria contar? "

"__ Senhorita. Não deves ter tomado consciência da magnitude do problema que estamos travando. Me parece que seus conhecimentos e informações estão realmente muito aquém do que imaginas. Quatro cidades do nordeste já sucumbiram em detrimento das manobras desta mulher misteriosa, caindo sob controle dos Sabbat. Portanto, o que estamos fazendo aqui não é um joguinho qualquer para confronto de poderes, nem mesmo, embora a ocasião seja propícia para alguns, para brincarmos de auto afirmação. Estamos reunidos juntos para tratarmos juntos de assuntos que dizem respeito a todos aqui presentes, e àqueles que guiamos. Portanto, adorável Ártemis, conte-nos o que sabe."

"__ Vante, você ainda irá se enforcar em sua própria língua..."
 

"__ O mar tem os olhos atados. E o inferno se deságua em danças de asas nupciais. São essas as diretrizes de um homem. Morcegos, recolham suas asas. Morcegos parem de nadar, pois de olhos fechados a única coisa que poderão ver será a escuridão da ignorância. recomecem do início, para que o fim não seja um término."

"__ Aquele sem nome tem razão. Seria infantil de nossa parte nos agredirmos quando algo muito mais sinistro está sendo colocado em prática neste instante. Por favor, Ártemis, retome o seu colóquio."

"__ Me parece sensato, criatura das profundezas. Contar-lhes-ei o que sei. Alice é uma das do seu clã, mestre Yagul. Ela é uma Nosferatu, e está no Brasil para levar de volta para Portugal uns Nosferatus traidores da coroa de lá. No entanto, não sabemos por que motivo Alice está interferindo nos assuntos da Camarilla."

"__ Me parece, Ártemis, que obter informações não é o seu forte. Alice não é uma Nosferatu, como tu podes pensar. Alice é uma Malkavian, e suas pretensões são muito maiores que capturar traidores infantis. Ao que pudemos averiguar, Alice sabe da localização exata da tumba de um antidiluviano. E é aqui no Brasil. Alice pretende, com sua mente distorcida, despertar este antidiluviano, dando início à tão temida Gehena. E esta é a verdadeira Alice."

"__ Meu caro Yagul, estás um pouco distante da verdade, embora algo de concreto tenhas decifrado. Alice realmente sabe da localização da tumba de um antidiluviano. No entanto Alice não é uma Malkavian com a esdrúxula intenção de deflagrar a Gehena. Alice é uma maldita Tzimisce. Aquela mente deturpada pela infame ideologia do Secto negro, pretende algo um pouco mais elaborado. Os membros do Sabbat são fanáticos em relação aos seus ideais. Muitos deles acreditam que a redenção, o caminho correto é a sua aproximação de Caim. E essa aproximação é adquirida quando a distância de seu sangue para o sangue de Caim diminuir. E a maneira pela qual eles edificam essa conquista é através da amaldiçoada e vil Diablerrie. O que Alice deseja é chegar até Caim, e para tanto, pretende tomar o sangue do ancestral em torpor. Ainda não o fez porque não sabe ainda onde está a tumba, mas sabe quem pode sabê-lo. Quanto aos ataques à nossa instituição, eles são frutos de uma tentativa de reverter o amplo domínio que a Camarilla exerce sobre este país."

"__ Certa vez ouvi uma história, a qual não dei muito crédito, que mencionava que antes da chegada dos europeus e antes da descoberta da América, havia uma cidade na Amazônia que havia sido fundada por vampiros. Pode ser que essa história seja verdadeira. pode ser que os vampiros que a fundaram sejam antediluvianos. pode ser que tenha sido Enoch, ou a segunda cidade, e pode ser que seja nesse mesmo local que esteja a tumba de um deles."

"__ Todos e nenhum de vocês sabem o que estão dizendo. Alice são três. São nosferatu, são tzimisce, são Malkavian e são a mesma figura, o mesmo rosto e o mesmo nome. mas não sabem que querem coisas diferentes, e uma se esconde das outras. Alice não existe. Alice são as várias sombras que vos assolam porque Alice são mais do que a verdade que vocês enxergam. cuidado, senhores."

"__ Me parece ser este um dos grandes delírios que jamais havia ouvido. Alice são três pessoas com o mesmo rosto!? Senhores, me parece que não sabemos de fato quem realmente é essa Alice, mas a situação é imperativa de atitude. Uma caçada de sangue deverá ser instaurada em seu nome!"

"__ Realmente típico de seu clã, jovem Lorde Theodor Mouster Creeck. Mas me parece que o senhor não teve o discernimento de perceber que nós não sabemos ao certo quem é Alice. E instaurar uma caçada de sangue a uma entidade desconhecida é no mínimo ridículo. Devemos concentrar nossos trabalhos, em primeiro lugar, em descobrir quem ela é, para , aí sim, tomarmos uma atitude racional e coerente."

"__ Fomos convocados aqui para tratarmos de um assunto que nem mesmo sabem qual é! Isso é absolutamente ridículo. Se nenhum outro assunto relevante e concreto será tratado, eu me retiro. Minhas saudações, caros senhores."

"__ Um momento, Andirá, a reunião ainda não terminou. Alice está interferindo nos planos da Camarilla brasileira, e os Sabbat estão tirando proveito disso. A situação é gravíssima, por isso estamos aqui reunidos. Se este assunto não lhe diz respeito, tens toda liberdade de se retirar. Mas as decisões que tomaremos aqui, com ou sem a sua presença, serão incontestáveis."

"__ Há ainda uma segunda questão a ser tratada. A Jihad e o problema que Brasília está enfrentando. Alguém está manipulando a mente de certos vampiros de lá, e ao que parece, tem algo a ver com um certo vampiro chamado Pablo Kantor... Há alguém nesta sala além de nós..."

__ Neste momento, venerável Hiegn, o Ventrue parece ter sentido minha presença. Eu permaneci oculta nas sombras, e não fui descoberta. No entanto, a reunião foi suspensa. Confesso que meu sangue gelou.

__ Então Alice permanece uma incógnita?

__ Sim, ninguém sabe quem ou o que é Alice.

__ O Secto se orgulha de seu trabalho, Rocio. Terás o reconhecimento que mereces. Podeis irdes agora, minha criança.

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