Malkavians

RIO DE JANEIRO, 1 DE ABRIL DE 1995.

Eu te conheço tem pra mais de cem anos, e sou sempre eu quem realiza o trabalho pesado para que você possa se dar bem. Mas dessa vez você exagerou! Espero ganhar um adicional! E espero também que você tenha um ótimo motivo para me pedir essa loucura. Não é nem um pouquinho fácil se infiltrar no meio de um bando de vampiros pirados e descobrir seus segredos. Esse meu talento nato deveria ser mais valorizado por você. Embora você determine o roteiro, e dirija a situação, quem desempenha com maestria as representações dos personagens sou eu. A intenção desta carta não é elogiar as minhas qualidades de artista e sim contar o que descobri.
Entre 400 e 300 anos atrás, dez dos mais poderosos Malkavians da Europa sentiram, contam eles, um estranho pressentimento e rumaram para uma insignificante ilha no Mediterrâneo. Dá pra acreditar? Lá descobriram um mago medíocre e insano com planos de conquistar grandes reinos, destruir meio mundo etc... Eles contam que os dez facilmente detonaram o camarada. O problema é que ele já tinha executado um encantamento de conjuração demoníaca! Ha,ha, esses caras são o máximo! Como eu já disse, o mago era um mago de merda que deu a sorte, ou o azar, de encontrar uns livros antigos. Ao que parece, e como o mago não entendia de nada, os demônios foram conjurados para aparecerem anos depois e a milhares de quilômetros de distância. De volta à Europa, os dez pirados tentaram atrair a atenção dos outros vampiros para o "perigo" de invasão dos demônios. No momento em que um deles me contou isso por pouco não pus tudo a perder, soltando uma sonora gargalhada. Mas com muito profissionalismo consegui me conter.
Bem, eles alertavam para o perigo de invasão e é óbvio que ninguém acreditou nesse papo furado. Assim como eu não acredito até agora. Como ninguém fazia nada, os dez juntaram suas coisas e partiram para o litoral brasileiro. Essa foi outra daquelas premonições. Acho que para tapar os furos das suas estórias, esses doidos dizem que foi obra de premonições. Os caras chegaram aqui e procuraram ajuda. Eu não entendi direito como, mas eles se uniram à um grupo de Lupinos. Vampiros e Lupinos juntos, essa é muito boa! Eles disseram que os Garous também sabiam da invasão, mas não sabiam do local e momento exatos do "cataclisma". Os malucos sabiam.
Me falaram que seria impossível impedir uma porrada de demônios enlouquecidos e sedentos por sangue. Seria preciso selar o portal logo depois de aberto e destruir os que conseguissem passar. Eles esperaram por algum tempo, não sei quanto porque o cara que me contou isto não sabia o que era uma semana, um mês ou um ano. O cara dizia que o tempo é uma dimensão virtual que aprisiona a alma, e que ele havia alcançado a salvação fugindo do tempo, que nunca mais o encontrou. Disse também que a verdadeira essência da existência é a realidade atemporal. Que viagem!!! Pois é, eles esperaram, e nesse meio termo, os Lupinos fizeram uma aliança com uma ordem de magos local. Que local exatamente eu não sei. Esperaram até que chegou o momento.
Os Malkavian foram "atraídos" para o lugar. Algum ponto da selva amazônica. Chegaram ao local e esperaram pela abertura do portal. Tão logo este abriu, os magos, com seus rituais selaram a passagem. Com a abertura selada chegou a vez dos Lupinos e Vampiros com seu banho de sangue. Contam que todos os demônios que conseguiram atravessar o portal foram aniquilados. Dos quinze Lupinos, onze foram para o inferno. Dos sete magos quatro se deram mal. E de dez Malkavian cinco morreram. Dois dos doidos partiram em busca da Golconda, um foi seqüestrado pelos demônios e os outros dois caíram em torpor por lá mesmo. Dos Lupinos sobreviventes, um entrou para a ordem dos magos e o outro pediu que fosse transformado em vampiro. Não sei quais foram os resultados dessas experiências, se é que elas vieram a ocorrer, o que eu duvido.
Por curiosidade em saber até que ponto iria essa estória sem pé nem cabeça, perguntei qual Malkavian havia transformado o Lupino. A resposta foi imediata. Este Garou havia ajudado, com seu próprio sangue um dos vampiros que havia caído em torpor. Ele me disse o nome : Tualuru Ombata. Averiguei e aí descobri uma coisa estranha, esse tal Tualuru de fato existe. Ele é um vampiro muito antigo que veio da África. Dizem eles que ele ainda está na Brasil.
Essa era a estória que contaram. Embora eu não acredite nela, não custa nada averiguar se esses Malkavians existem e se realmente foram os primeiros a chegar aqui. No entanto, para esse serviço eu estou fora. Estou de saco cheio de bancar a idiota no meio de uma porrada de sujeitos completamente pancada das idéias.
Até a próxima,
Elisabeth Endrith Mann.
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