Pablo Kantor
Após o cisma ocorrido
em 1588 a Espanha se torna uma terra de ninguém. Víctor foi
morto, Ruiz e Carmem aceitam a sentença de deportação.
Nossos valores cairam por terra. Toda a estrutura social e política
estabelecida pelo clã declinou, e uma acirrada disputa pelo controle
da nação teve início. A resistência oferecida
por Víctor deixou seqüelas que vieram a refletir em um profundo
preconceito aos nossos. Foram promovidas perseguições que
raramente terminavam sem que nosso sangue fosse derramado. No entanto,
apesar de toda adversidade, nós sobrevivemos !
__ Gravação em
pedra encontrada próxima à Cadiz __ Data aproximada : 1610
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Santiago de Compostella, 12 de fevereiro de 1643
Exelência, Venho por
esta via, informá-lo sobre a captura de Ramon Betegga, Nosso tão
procurado assassino e violador da tradição da prógenie.
Cinquenta e quatro humanos mortos, dezenove kindreds e cerca de quinze
prógenes. Dentre as quais, identificamos doze. Nove dalas já
mortas, duas detidas em nosso poder e uma foragida. Esta última
estava nos aposentos de Ramon mas por infelicidade conseguiu nos escapar.
Das três restantes, uma é nossa querida Marion. Sobre os outros
dois apenas sabemos que existem. Mas não nos devemos preocupar com
eles. Não interferem em nossos problemas, e muito provavelmente
não estão mais na Espanha.
Raul Montefalco. _______________________________________________________________
Santa Cruz de la Sierra, México, 18 de junho de 1844.
Meu Pai, Pretendo ser breve
e espero que, ao findar esta leitura, compreendas a minha atitude e me
perdoe. A cerca de um ano vim a conhecer aquele que mudou o sentido da
minha existência. Seu nome é Pablo Kantor. Ele tem sangue
de um Brujah, embora não seja um deles. Também não
é Anarch e muito menos um Caitiff . Não é um Inconnu
e nem um Sabbat. Ele é simplesmente, como se auto-denomina, um Vampiro!
Pai, ele sabe de verdades que pouquíssimos no mundo sabem. Ele conhece
o âmago de nossa alma. Ele sabe porque e para que estamos aqui. Pai,
estamos fazendo tudo errado, e ele me mostrou isso. Seria covardia da minha
parte se não o ajudasse a mostrar aos nossos semelhantes o quão
pura e bela é a verdade. Nós somos todos irmãos, temos
todos o mesmo sangue e a mesma descendência. Não devemos nos
separar, precisamos nos unir como uno e enfrentar nosso destino. E nosso
destino é ser muito mais do que aquilo que hoje acreditamos ser.
Como já disse, não pretendo me estender. Em nenhum momento
pensei em traír a ti ou a qualquer outro Ventrue, e não se
trata de traição de espécie alguma. Apenas me foi
mostrada a verdade, e esta é que somos todos vampiros e o que tenhas
entendido que seguimos hoje são imposições e regras
ditadas por alguns que criam uma realidade que não é a verdadeira.
Assim sendo, termino essa carta de despedidas agradecendo de coração
a dádiva a mim concedida por ti. Sou-te eternamente grato.
Esperando seu perdão,
seu humilde filho Julian Córdoba,
quatro de junho de 1638
Querida Bascia,
Hoje quedo-me desesperado,
meu amor por ti, aqui me prende. No entanto muito perigosa se tornou minha
existência na Espanha. Sabes que te amo, mas sabes também
de meu passado que, embora curto, foi muito atribulado. De meu criador
sei apenas o nome: Ramon. Meus mestres não sabem que não
são únicos, mas está cada vez mais difícil
esconder isso deles. Temo que Urzedo desconfie, e se isso acontecer os
Sabbat me matam. Exer tem condições de saber a verdade, afinal
é um nosferatu. E quanto ao Ventrue Juan, bem, ele é o Prince.
Deves saber também que muitos dos meus "irmãos", criados
por Ramon, estão sendo perseguidos e mortos. Temo pela minha alma
e também pela sua. Você sabe o que penso a respeito de nossa
cultura e sociedade, e isso torna as coisas muito mais complicadas. Eles
não entenderiam que somos todos iguais e temos todos o mesmo sangue.
Que somos o produto de uma sociedade segregacionista onde impera o egoísmo,
a vingança, a mentira, a desconfiança, o ódio, a disputa
pelo poder e a traição. Onde as leis e princípios
foram criados para a atividade da manipulação, enterrando
a solidariedade, o amor e o respeito pelo próximo e principalmente
a verdade incontestável de que somos seres como outros quaisquer
, livres e acima de tudo IGUAIS. Na verdade me matariam por que penso assim.
Além disso se descobrem que não maculamos nosso sangue com
sangue humano, e que nos alimentamos dos de nossa espécie, seria
nosso fim. Bascia, minha adorada Tremere. Temo haver chegado minha hora,
devo ir-me... Choro por não poderes vir comigo. Acho que entendi
seu motivo, mas isso dói bastante. E sei que ainda vai doer por
um tempo infindável. No entanto não temos outra alternativa
... Espero que um dia o destino nos una novamente, e daí para a
eternidade. EU TE AMO !
eternas recordações,
Pablo. ________________________________________________________________________
Mérida, México, 10-06-95.
Senhor,
Após esses messes de
trevas e decepções parece-me que a lua renasceu. O Índio
bastardo que possuia o mapa do disco de Aton, morreu em Campeche em 1549.
No entanto, descobri que ele passou seus conhecimentos às suas gerações.
Seu neto, revelou os segredos à outro vampiro. Não será
fácil descobrir quem, mas irei me empenhar ao máximo para
tanto.
Em respeito, Hérnán
Cortés. _________________________________________________________________________-
Em virtude da situação que enfrentava na Espanha, em 1639
mudei-me para o Novo Mundo. Instalei-me no México. Campeche. Nesta
cidade, tive a grata oportunidade de conhecer, em 1641, um Asteca de nome
Tchipotxli. Era um artesão não muito habilidoso, mas uma
conversa agradabilíssima. Em muitas noites transformamos nosso tempo
em momentos de engrandecimento pessoal e cultural. Em uma delas, em 1653,
disse-me, já embriagado, que possuia segredos abomináveis.
Insisti para que me contasse, tarefa esta que não me foi muito difícil.
O índio disse-me que este lhe foi passado por seu pai, e a este
pelo avô. Tchipotxli contou-me que seu avô era um artesão
como ele, e que na época da chegada dos europeus na América,
havia vivenciado o impossível. Seu avô havia conhecido um
espanhol chamado Aguirre. Este teria sido um dos primeiros vampiros a pisar
no novo continente. Seu avô, do qual não me recordo o nome,
havia projetado e construido a morada de Aguirre em Tenochtitlán
- repare que palavra se esconde no nome desta cidade. Fantástico
ou real? - e lá havia descoberto o que Aguirre realmente era. Tchipotxli
disse-me que Aguirre bebia sangue, dentre outras coisas. Embora ele não
conceba o que é um vampiro, Tchipotxli o considerava uma divindade
maléfica. Por ordem de Aguirre, seu avô havia esculpido em
pedra um mapa do Iucatán na parede de sua casa. O índio fez
então um pequeno mapa com inscrições ao redor indicando
a localização do segredo. Tchipotxli não sabia que
segredo era este, e tinha muito medo de descobrir. Aquilo me atiçou
a curiosidade. Não tardou o momento em que tive a oportunidade de
ver o mapa. Ele indicava revelações antiquíssimas.
No ano de 1658, depois de tudo planejado, enrtei na casa de Aguirre, onde
vivia sua filha Andaluz, e roubei a pedra. Foi assim, Pandora, que obtive
o fragmento da pedra das reveleções.
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Nova Amsterdã caiu frente
aos ingleses em 1684. Os Lassombra estavam abalados, e só reassumiram
o controle da cidade após a criação do Secto. Depois
de um período instável, a ordem e a tranquilidade voltaram
à Nova Amsterdã. Pablo, meu amigo de sangue, e eu viemos
em 1684 para esta cidade. Pablo tem um espírito livre. Seus pensamentos
e crenças,vagam por esta liberdade, e fluem pelo seu olhar franco
e por suas palavras sinceras. Ele é realmente um ser incomum. Acredito
que em muitos pontos a razão o acompanhe.No entanto, fomos criados
e ensinados a nunca pensar sobre o que ele pensa. Porque somos condicionados
a aceitar como verdade irredutível aquilo que nos foi, nos é
e sempre será passado, já que nunca rompemos os laços
que nos manipulam para passarmos a compreender a nossa verdadeira existência.
Pablo, desde muito, percorre o mundo em busca de indícios históricos,
crenças, lendas, seres antigos e verdades ocultas sobre quem realmente
somos e porque somos assim. Foi em uma dessas viagens que pude conhecer
defato o perigo que caminha ao seu lado por ser um vampiro ímpar.
Estávamos em Nova Amsterdã, no princípio do ano de
1689. Passávamo-nos como dois Toreador a mais de cinco anos. Muito
de sua cultura nós aprendemos, seus modos de pensar e agir. Seus
desejos e intrigas, assimilamos sua paixão pela arte e descobrimos
o fascínio que possuem pelo reconhecimento. Um dos Elders Toreador
da cidade, planejara realizar uma festa. Nesta reunião, todos os
vinte e três vampiros da cidade, inclusive nós, foram convidados.
O motivo para aquele especial encontro, era um jogo. Um jogo onde as peças
eramos nós mesmos, e o tabuleiro, a noite. Argayle de Bruce, o Elder
e Prince Toreador, explicou as regras do jogo. Havia sido escondido em
algum ponto da cidade, um prêmio ao kindred que resolvesse os enigmas.
Um dos enigmas revelava que prêmio era este. O jogo teria a duração
de uma noite, somente aquela noite. de Bruce, nos revelou o primeiro enigma,
e todos saíram em busca do prêmio. Durante o jogo não
estávamos juntos, e o que vou lhes contar será apenas o que
vi. Não sei como ele chegou a descobrir o plano, mas ele o fez.
Findava a noite, e a hora marcada para o reencontro chegara. Argayle perguntou-nos
se algum de nós havia chegado ao fim do jogo. Pablo manifestou-se
positivamente. de Bruce ficou sem ação. Pablo então
começou a falar. "Os únicos interesses deste jogo foram a
discórdia, a desconfiança e a desunião. Incitando-nos
a competir, a rivalizar a enganar e a trapacear. Seus objetivos de um controle
mais forte e tranquilo da nossa sociedade serão facilmente alcançados.
Com um pouco de observação e uma mente aberta, fica fácil
descobrir suas ligações com os Tremere para manipular-nos.
Senhores, eis o verdadeiro motivo de nosso jogo. O valor do prêmio
não importa, embora eu me reserve ao direito, por tê-lo decifrado
de levá-lo comigo. Esta foi uma noite singular, que ficará
marcada em suas mentes. Com toda certeza aprendemos com ela, e dela tiraremos
proveito, mesmo que de maneiras opostas. Espero que o aprendizado vos leve
ao caminho correto, embora duvide que o aconteça para todos. Senhores,
com sua licença..." Todos estavam perplexos com o comentário
de Pablo, eu que o conhecia, inclusive. Não poderia de forma alguma
imaginar que ele iria desafiar tão abertamente o Prince e os Tremere.
Pablo deixou a reunião e ninguém tentou impedí-lo.
Imagino que em virtude da surpresa. Mas aquilo de forma alguma iria ficar
sem um troco. Naquela mesma noite procurei Pablo afim de convencê-lo
a deixar a cidade. Contei-lhe sobre os comentários e sobre o clima
de vingança e discórdia que havia surgido após ter-nos
deixado. Pablo de início se mostrou irredutível em sua decisão
de permanecer na cidade, necessitei do restante da noite para convencê-lo
que aquela decisão era suicídio, mas consegui. Ele disse-me
apenas que iria sumir. Não quis dizer-me para onde, mas assim o
fez, e eu nunca mais tive notícias suas. _________________________________________________________________________
Das muitas viagens que eu soube
que fez entre 1689 a 1702, passou por quase todos os países da Europa.
Passou pela Espanha, Portugal, França, Inglaterra, Países
Baixos espanhóis, Dinamarca. Passou por vários ducados e
condados, como Lorena, Bar, Saxônia, Westfalia; Baviera, Boêmia,
Morávia, Silésia e aquiducados da Áustria e de Salzburgo.
Ao final do século dezessete, Pablo se encontrava no arquiducado
da Áustria. Os Habsburgos austríacos lutavam pela Hungria
contra os turcos. Não foi uma luta totalmente mortal, embora, desculpando-me
pelo trocadilho, para muitos, mortal. Os nossos interesses também
estavam em jogo, e os humanos foram peões no campo de batalha. Eram
interesses nossos porque além de lutarmos por nossas terras, lutávamos
por Guillhaume de Habsburgo, um antiquíssimo patriarca da linhagem
Habsburgo, e sobretudo um antepassado do meu sangue Tremere. Foi nessa
época que conhecemos Pablo. Eu tive a graça de poder tê-lo
apresentado aos nossos valorosos líderes, Guillhaume e Hendrich.
Pelo que soube depois, Pablo foi levado à presença do lendário
Nivard. Não é a toa que ele possui a fama que tem. Kantor
ficou conosco até nossa vitória em 1699, e muitas vezes ele
ia ter com Nivard. Passavam horas e mais horas conversando. Eu daria tudo
para saber quem realmente é esse sujeito, e quais os assuntos que
tratava com Nivard, Guillhaume e Hendrich. O misterioso vampiro deixou-nos
afirmando que partiria para a Russia. _______________________________________________________________________________________
"Já tenho setecentos
anos... minha mente já não é a mesma. A memória
me escapa, mas lhe contarei o pouco da sabedoria que aprendi com o tempo.
Escute essas palavras de conselho, e seja sempre um sábio em seus
atos e pensamentos. Um senhor chamado Kantor chegou à nossa ilha-continente
em 1741, ou 1740, não sei ao certo. Havia passado por São
Petersburgo, a capital de um império chamado Rússia. Descera
de lá, através do cáucaso, até a Palestina.
Retornara à Ática e Peloponeso, conhecera a república
Veneziana, e finalmente, partira para o Novo Mundo em 1730. Ele me afirmou,
eu juro, que lá havia conhecido Minelli, o Grande Brujah. Disse-me
que muitas de suas conversas giravam em torno de dois temas centrais: Golconda
e liberdade. Tenho certeza que Minelli está por trás da Revolução
Americana." "Por volta de 1745, Pablo volta à Europa. Inglaterra,
mais precisamente. De lá, parte para conhecer nossa ilha supostamente
desabitada de seres como nós. Aqui descobre que muito antes dos
brancos europeus estávamos nós, legado de nossa patriarca.
Nós, Gangrel, o recebemos com paz, e com paz ele nos deixou. Nossa
convivência foi harmônica, e o aprendizado grandioso. Disse-me,
antes de partir a dez anos atrás para a Espanha, se não me
engano, que o mundo muito tinha que aprender com a solidariedade de nossos
espíritos. Isso eu nunca me esquecerei. Sua alma era a de um viajante,
e nas viagens alimentava-se de conhecimento e sabedoria. Se é isso
que desejas, um mundo de viagens pelo desconhecido, que o mundo seja seu,
que você seja um pacífico estrangeiro, assim como Pablo era,
e que em todo lugar que você pise, seja acolhido assim como nós
acolhemos nossos visitantes. Vá em paz meu filho, e que Caim abençoe
seu sangue..." _________________________________________________________________________
"Durante o período de 1811 a 1926, Pablo Kantor, o vampiro sem clã,
passa por diversos lugares do mundo, onde conhece kindreds misteriosos,
importantes e poderosos. Em Ancara, encontra a antiquíssima Pandora,
filha de Set, e responsável pela grande desgraça do início
dos tempos. Ela abriu as portas das trevas e até hoje luta para
fechá-la. No ano seguinte, muda-se para o México. Conhece
diversos miseráveis do Secto negro, e um tal Grimaud Treville, filho
do canalha do Vante. Esse tal Treville é um vampiro incomum, nem
parece um Tremere. Poderá nos ser útil no futuro." "A guerra
entre o México e os Estados Unidos, iniciada em 1846, liderada pelos
Sabbat, transformam o norte do país em uma terra sem leis. O novo
México e a Califórnia foram anexados em 1848. Em 1849, com
a situação insustentável, deixa o México e
vai para o Brasil. Naquela época, seus contatos foram o Elder Toreador
Antoaine, o Tzimiscie Cádmo e a Ventrue Ana Cláudia, com
quem teve uma aproximação muito estreita. Ele firmou bases
muito sólidas em nossa terra, por isso não teve dificuldades
em retornar. Partiu para a África em 1917. No Marrocos, encontrou
o próprio autor do Book of Nod, Aristotele, com quem parece ter
construído um certo laço de amizade ou respeito. Durante
este período, O Marrocos entrou em conflito com a Espanha e na batalha
de Anual o exército espanhol foi derrotado. O Marrocos se emancipava
cada vez mais influenciados pelas idéias anarquistas de Pablo, Aristotele
e agregados, até que em 1926 eclode a revolta de Abdel Krim. A revolta
é sufocada e Pablo retorna à nossa Espanha em 1926, onde
começa a disseminar seus ideais absurdos." "Pelo que os senhores
mesmos podem concluir, esse vampiro espalha idéias revolucionárias
e anárquicas. Nós não podemos nos omitir. Precisamos
acabar com a disseminação dessas idéias tortuosas.
Senhores Elders, eu, como o Prince de nossa Madri, sugiro que uma caçada
de sangue a esse perturbador da ordem seja instaurada imediatamente!" ...
"Hoje, 3 de abril de 1931, em nome de toda a Camarilla de Madri, ordeno
a caçada ao sangue do vampiro arruaçeiro Pablo Kantor." _______________________________________________________________________________________
... __ O ano de 1931 foi palco de uma caçada ao meu sangue. Uma
grande amiga, a quem devo minha vida, alertou-me. Fugi as pressas para
o México, onde fiquei até 1988.
__ Cidade do México
?
__ Não. Minha cidade
é Mérida, na península do Yucatán. Lá
o sistema de governo e a estrutura da nossa sociedade é o que você
acaba de chamar de utopia. Nós já nos sensibilizamos, já
refletimos acerca de nossa existência, e vislumbramos o significado
verdadeiro do poder. Gabrielle, Jaqueline, se nos perguntarmos quem são
nossos sires, e quem são os sires de nossos sires, e assim o fizermos
até o princípio, chegaremos ao mesmo ponto inicial.
__ Caim.
__ Exatamente. Temos todos
o mesmo sangue, nossas potencialidades são exatamente as mesmas.
O nosso desenvolvimento e que é condicionado por nossos criadores
pela cultura e pela sociedade em que estamos inseridos.
__ Mas onde você quer
chegar com isso?
__ Nossa existência passa
basicamente por dois planos. A pessoal e a social. E as duas clamam por
mudanças. A desconfiança, o ódio, a vingança
e a manipulação são as normas de sobrevivência.
Sem esses sentimentos firmes em nossos corações, nossa duração
como vampiros tende a ser muito breve. No entanto, esses sentimentos muitas
vezes não são pessoais, mas fruto do meio em que temos contato.
Se não formos assim morremos. Entende?
__ Sim.
__ A mudança é
necessária. Não podemos ficar mais estagnados, assimilando
uma cultura como legado de uma época completamente diferente, onde
os interesses eram completamente diferentes, e o meio também. Nós
bebemos da inveja e da discórdia que os antidiluvianos nos ofereceram.
Não necessitamos mais disso. Precisamos acreditar que somos todos
iguais, que temos o mesmo sangue, que somos Vampiros! Precisamos dar um
ponto final ao segregacionismo entre nós mesmos. Como os humanos
lutam entre si por possuírem diferenças de credo, cor da
pele ou divergências ideológicas, nós guerreamos por
nos considerarmos diferentes, por possuirmos clãs e sangue diferentes.
Não podemos mais nos envenenar com essa idéia. Clãs
são conceitos e nossas diferenças são puramente culturais.
Pelo sangue somos todos iguais. E para podermos mudar nossa forma de pensar
e agir só há uma saída: a reflexão. A interiorização
para o reconhecimento da verdadeira essência de nossa alma e do porque
existimos. Compreendendo de fato o poder da solidariedade da confiança
da honestidade e do respeito.
__ Mas nada irá mudar
se eu acreditar nisso ou não.
__ É um engano pensares
assim. A mudança ocorrerá naturalmente. Nossa sociedade não
mais se organizará sob esse sistema centralizador, feudal e autoritário
que é o Principado. A figura centralizada dará lugar a uma
comunidade mais participativa, onde o respeito pela decisão da maioria
é a única regra. Onde a participação de todos
os membros da sociedade é efetiva.
__ Então você
é contra a Camarilla. É um anarquista que prega o fim da
organização do poder e a morte dos Elders?
__ Vejo que não fui
muito claro. Jaqueline, as mudanças ocorrem lentamente. Logo que
cheguei a Brasília, no dia 10 de junho, apenas a figura do Prince
imperava. Tivemos uma conversa muito franca no dia em que me apresentei.
Você, Gabrielle, estava lá junto a seu pai. Ele sabe o que
penso. Uma semana depois, ele, subitamente, nomeia um conselho com alguns
Elders para acessorá-lo. Bem, ele está no caminho certo para
realizar a mudança, embora ainda não a perceba ela se aproximar.
Disse-lhe então, que o conselho precisava ser mais abrangente com
a participação de todos os clãs, inclusive dos clãs
de fora da Camarilla e também dos Sabbat.
__ Dos Sabbat? Você está
louco!
__ Porque não? Os conflitos
entre os Sabbat e a Camarilla ocorrem porque não há espaço
para diálogo e porque não há respeito por outra cultura.
Se houvesse a oportunidade de exposição dos interesses e
discussão das possibilidades de efetivá-los, a maior parte
dos conflitos não iriam sequer existir. Após um conselho
onde todas as partes teriam voz ativa e poder de decisão, as reuniões
para desenvolver assuntos relativos à sociedade seriam abertas a
quem quer que seja. Onde cada um teria a oportunidade de manifestar suas
opiniões, ser ouvido com respeito e ter sua opinião submetida
a julgamento onde obeder-se-ia a decisão da maioria.. E como a discórdia
não mais nos atormentaria, o respeito a essas decisões seria
mantido. E então a liberdade seria alcançada. É por
isso que não posso me trair e deixar de omitir minha opinião.
__ Foi por isso que você
veio, para tentar mudar nossos conceitos?
__ Não. Apenas não
posso me omitir quanto àquilo que acredito, mesmo que seja perigoso
para a minha existência.
__ Então o que você
veio fazer em Brasília?
__ Basicamente duas coisas.
Fiquei sabendo da existência da igreja do sangue de Jesus, dirigida
pelo Ventrue Jim Davis, e esses assuntos me interessam bastante, já
que sou um estudioso da nossa história e de nossas crenças.
Mas apenas aproveitei o ensejo do verdadeiro motivo da minha vinda para
conhecê-lo, pois já a algum tempo estou ciente da existência
de tal igreja. Na realidade estava a procura de um Malkavian de nome Tualuru.
__ Eu não o conheço.
__ Gabrielle, duvido até
mesmo que seu pai o conheça, mesmo sendo o Prince. Tualuru é
muito antigo, e só se revelaria se assim o desejasse. Soube que
ele estava no país em 1988. Prontamente vim para o Brasil, procurei-o
desde então nas principais cidades do país, e o encontrei
aqui. ... ... Eu havia conhecido-o em uma festa anterior na casa de Jack,
o Brujah-Setita, ele falava de leis universais, realidade pessoal e infinitas
realidades. Criação do mundo e sobre o destino... Mas, mesmo
com tudo o que disse eu poderia imaginar o quanto ele é frio, louco,
fanático e talvez poderoso. A seguinte oportunidade que nos encontramos
foi na mansão do Elder Tremere, Stephan Dracull. O anfitrião
e Pablo estavam dentro de um pentagrama desenhado no chão. Bem,
mas não do modo mais comum, ou mais seguro. O Tremere estava no
circulo central de onde poderia atuar. No entanto, o tal de Pablo não
estava nem fora do pentagrama e muito menos no círculo central,
o louco estava no círculo dos demônios, no círculo
dos conjurados, onde estes têm poder. E nada parecia afetar a calma
daquele insano. Fiquei muito intrigado por saber porque eles estavam assumindo
aquela posição e o que estavam conversando. Entrei no pentagrama.
O Tremere perguntou quem eu pensava que era para entrar assim em seu santuário.
Bem, lhe disse, sou Rabbat e entro onde quero, escarrando no círculo
central. Seus olhos incandesceram e ouvi alguns esbravejos que devolvi
com desaforos. Pablo evitou um conflito maior. O Tremere quis me expulsar,
mas Pablo disse que minha presença não fazia diferença.
Fiquei, só que de fora do pentagrama. Os dois continuaram a conversar
sobre o que é o poder, sobre liberdade e sobre os últimos
acontecimentos que ocorreram em Brasília. O clima estava muito tenso
e então o Tremere perguntou ameaçando: " Tu sabes onde estás
pisando? Sabes quem sou eu? Onde estou? e o quanto de poder eu tenho aqui?
Eu poderia fazer coisas que nem sonha rias que pudessem ser feitas". E
sem mudar o semblante Pablo respondeu sei muito bem onde estou, sei quem
tu és e que algum poder aí tu podes obter. E dos sonhos que
poderia ter das coisas que poderias fazer eu já os tornei realidade
em tempos passados. No entanto, talvez tu não saibas onde estou
pisando. Aqui é o círculo dos conjurados, aqui os demônios
são demônios, aqui quem conjura não está protegido,
tem apenas o seu próprio poder. Mas é aqui, neste círculo,
e não onde estás que se conhece realmente o demônio.
E é aqui, e somente aqui que se pode realmente barganhar com ele.
Portanto vamos deixar de ameaças infantis e tratar dos assuntos
que realmente interessam." O assunto não era, no momento, assim
tão interessante para mim, por isso não fiquei muito tempo
ali. Pablo perguntava a posição do Tremere em relação
às recentes atitudes do Prince. Mal sabia eu que iria entrar de
cara neste assunto. Mas tudo a seu tempo. Eu ainda não havia sido
apresentado ao Prince, e enquanto aguardava a sua chegada, ocupei meu tempo
conhecendo um pouco mais daquela figura singular. eram quase quatro horas
quando fui chamado à presença dos Primogens. Por surpresa,
Pablo estava lá. Pediram para que me identificasse, dizendo nome,
idade, clã, origem e motivos da minha vinda à cidade. Disse-lhes
meu nome e meu clã. Aí um deles me perguntou sobre as tradições
e eu disse que não fazia a menor idéia de quais eram. O Tremere
disse que eu era obrigado a saber. Pegou um livro e começou a le-las
para mim. De saco cheio, eu o interrompi dizendo que no lugar de onde venho
essas coisas não são necessárias. A confusão
estava criada. Muitos começaram a falar ao mesmo tempo. O Elder
Toreador me mandou calar a boca e escutar as tradições, mandei
ele se fuder. O Ventrue Jim Davis queria saber de onde eu vinha. O Tremere
exigia respeito ao Prince e Pablo ironicamente sorria. A confusão
acaba com o grito de ordem do Prince, que parece ter assustado seus servos.
O pastorzinho me pergunta novamente de onde venho. Austrália. E
insatisfeito, quis saber como as coisas são no meu país.
Disse-lhe que não devia satisfações. O Prince interrompeu
com um "Aqui deves satsfação e respeito a mim!". Respeito,
disse eu, o que vocês entendem por respeito. Você, disse ao
Prince, não sabe o que quer, só fica em cima do muro. "Como
não sabe o que quer disse o imbecil do Tremere"- Eu até agora
não acredito que aquela porta seja um Elder Tremere - Então
abri o jogo. Vocês me trazem aqui para dizer o que sou, eu digo o
que penso, digo que não concordo com essa imbecilidade de tradições
e regras sociais e já estão querendo me matar. Em contrapartida
vocês respeitam este cara que não concorda nem um pouco com
as idéias e dogmas do Prince, Será que dá para tomar
uma posição coerente? Neste momento o Ventrue diz "Ele não
discorda do Prince" e eu " Discorda sim" Ele insistiu no erro "Não
discorda!" e então, pele primeira vez Pablo se manifesta. Ele olha
diretamente para o pequeno Elder Ventrue e diz "Eu discordo sim!". Neste
momento o Prince me expulsa da sala. Eu saio, mas não sem antes
dizer que eles não sabiam que merda eles queriam. Fechei a porta
mas ainda pude ouvir Pablo dizer que aquilo tudo que se passara naquele
recinto só poderia ser definido como ridículo. Porque o sentido
da apresentação, disse ele, é saber quem supostamente
é a pessoa e não impor a ela aquilo que vocês tomam
por verdade incontestável. A morte parecia certa, então fui
ao carro e vesti meu cinturão de bombas. Afinal esses idiotas ainda
tem que aprender a morrer pelo que acreditam, mas morrer com orgulho. Lá
fora Pablo me abordou e disse que eu estava sendo chamado à presença
deles novamente. Fui e disse-lhes que já tinha dito tudo que merecia
ser dito. Pablo havia ficado na sala, e ao que pude supor ele teria pedido
ao Prince a oportunidade de falar a todos os presentes, e estes aceitaram.
Um círculo de vampiros se formou e no centro estava Pablo. Bem esta
noite foi a dois meses atrás, mas vou fazer o possível para
recordar suas palavras. " Senhores... Senhoras... Vampiros... EU SOU UM
SABBAT!!! EU SOU UM MALDITO TZIMISCIE!!!" , e repetiu isso algumas vezes.
" Porque vocês não me matam? afinal eu sou um Sabbat! Vocês
tem que me matar, em nome da justiça! Em nome da Camarilla!" As
pessoas estavam perplexas, inclusive eu. Ele caminhava dentro do círculo
de braços abertos e olhava fixamente para aquele do qual se aproximava.
Um breve silêncio foi feito. e o frio do silêncio flagelava
os corações com medo e com dúvida. O frio foi rasgado
por suas palavras " Você acha que eu sou um Sabbat?" Perguntou a
um deles, e depois novamente a outros dois. "Mas nós não
estamos hoje aqui reunidos para falarmos de quem na verdade eu sou ou o
que deixo de ser. Estamos aqui senhores para falarmos de um outra verdade,
incontestável, mas oculta. E hoje ela vai transparecer." E novamente
o frio do silêncio é cortado por sua voz "Vamos falar sobre
os Setitas que aqui morreram. Senhores, está é a verdadeira
história: A pouco mais de um mês quatro Setitas chegaram nesta
cidade e se apresentaram ao Prince." "Mas os mentirosos se apresentaram
como Gangrel e não como Setitas!" Disse um Ventrue. E Pablo "Se
você pertencesse a qualquer clã de fora da Camarilla, soubesse
o que a instituição pensa desses clãs e tivesse que,
por força das tradições desta, se apresentar ao Prince
e líderes de clã, você diria quem realmente tu és?"
O silêncio foi a resposta. "A mentira pode ser resultado, não
de uma mente mentirosa, mas das contingências da situação
imposta por aqueles que não pretendiam ser enganados. Senhores,
aquela mentira lhes assegurou a vida. Pelo menos por algum tempo." E Pablo
segue a história: "Eu presenciei a apresentação, já
que em uma oportunidade na Colômbia conheci, digo, apenas conheci
um deles. E portanto eu os levei até o Prince. A apresentação
foi simples e rápida. Somos Gangrel da Colômbia, pertencemos
ao cartel de Medelin, e gostaríamos de estabelecer uma rota internacional
de narcotráfico através de sua cidade, e gostaríamos
de receber sua aprovação para tal. A resposta senhores, foi
sim, eu vos acolho em minha cidade. Pois bem senhores, até aí
nada de mais. No entanto alguns de nós sabemos que o cartel de Cali
já possui uma rota que passa por esta cidade, e nosso muito bem
informado Prince também sabia disso. Ou sua atitude em aceitar a
presença dos dois cartéis aqui foi totalmente infantil e
indigna de alguém que ocupa tal posto, mas que não obstante,
merece nosso perdão, ou algo em pouco mais perigoso, para não
dizer sórdido estava sendo iniciado pelo todo poderoso senhor desta
cidade." E neste momento Pablo fitava diretamente os olhos do Prince. "Não
é preciso muita inteligência para imaginar o desfecho desta
situação. Os dois grupos iriam se defrontar, cedo ou tarde.
Pois foi cedo. Os Brujah de Cali descobriram na mesma noite as intenções
dos Gangrel-Setitas, informação vazou, e não foi da
minha parte. O confronto iria acontecer ali mesmo. O líder Setita
se reuniu sozinho em uma sala com quatro Brujah e com Yoscar, ameaças
dos dois lados e o Setita deixa a sala e a pergunta no ar. "Eu estou disposto
a morrer pela minha causa! Vocês estão preparados para isso?.
Pois agora eu vou sair, façam o que quiserem, ou o que tiverem coragem.""
-Anubis era de fato fanático. Sim, então Pablo continuou
"Um duelo havia sido marcado, um duelo mesmo, como os antigos, e os antigos
sabem que falo de muito sangue. Mas os Brujah, os tão valentes e
poderosos Brujah não foram ao local determinado. Ao invés
disso procuraram nosso valoroso Prince. E isso posso afirmar porque o próprio
Brujah que o procurou me confidenciou. Não só o Prince, como
também outros Primogens ficaram sabendo do problema. A decisão
então foi ASSASSINATO!... Senhores, a história não
termina aí. Ela é muito mais sórdida e podre do que
isso. Mas aguardem, vamos introduzir agora novas revelações.
Naquela mesma noite uma igreja do sangue de Jesus, do nosso respeitabilíssimo
Jim Davis explodiu misteriosamente, e sem o menor vestígio de quem
foram os autores. Alguém precisava ser punido. Forem os Gangrel
que hoje sabemos que eram Setitas. Mas como Os Ventrue descobriram isso?"
E Pablo dirigia o olhar a Jim Davis. E este toma a palavra dizendo coisas
em forma de parábola "Se um estranho chega em sua casa, bebe do
seu vinho, come do seu pão e rouba-lhe seus ..."E Pablo o interrompe
"Eles não eram estranhos e estavam fazendo aquilo que foi concedido
por aquele que suponho, tu ainda deves algum respeito as suas decisões.
Portanto não falamos de ladrões e intrusos, falamos daqueles
que foram acolhidos pelo Prince. Mas e então? Como os Ventrue souberam
que eles foram os mandantes do atentado?" A pergunta ecoava na cabeça
de todos. Uma pausa foi feita para logo depois ser suplantada pela voz
de Pablo "Eles não sabiam. Não havia como saber. E isso o
próprio Jim Davis já havia me confidenciado. Os Ventrue apenas
desconfiavam que haviam sido os Setitas os autores do terrorismo. Pois
bem, de posse dessas revelações vamos juntar os fatos. Os
Brujah queriam a morte dos Vampiros do cartel de Medelin, foram ao Prince
e ao conselho de Primogens e pediram a interferência do Prince. Os
Ventrue, queriam a morte dos Gangrel-Setita e, sabendo do conflito deles
com os Brujah, sugerem a eliminação de um modo mais limpo.
Repugnante! E o mais grave senhores o Prince, o mesmo Prince que os havia
recebido com a graça da tradição da hospitalidade,
o mesmo Prince que se revela tão veemente na defesa da honra e respeito
às tradições da Camarilla, este mesmo Prince que vocês
servem e respeitam, sabia e consentiu com a decisão tomada. E a
decisão que foi tomada foi CINZAS!!!... Não lhes foi perguntado
se sairiam da cidade, não lhes permitiram nem mesmo a defesa ou
a fuga. Simplesmente foram ASSASSINADOS!!!..." Agora Pablo já falava
mais alto e quase se debruçava sobre a cadeira do Prince. " ...E
a tradição da Hospitalidade foi quebrada pela foice da traição!
Sórdido! Nojento!" Uma longa pausa se fez. Ninguém acreditava
que aquilo estava acontecendo. "Os senhores devem estar se perguntando
onde eu quero chegar com tudo isso. Pois eu não estou acusando ninguém
de assassino, embora um assassinato tenha ocorrido. Estou aqui para oferecer
uma solução, o que fazemos agora é a solução!
O diálogo, a confiança e a liberdade. Este e muitos outros
conflitos são gerados por falta de diálogo, respeito e liberdade
de opinião. Falta-nos poder confiar uns nos outros para podermos
conviver em paz. Pois esses assassinatos não são fruto de
assassinos, mas sim de um sistema político-social que gera este
tipo de atitude, porque se tu confias em alguém, tu podes estar
colocando sua existência em jogo, e é por isso que não
o fazemos. Estamos presos ao nosso sistema e precisamos nos libertar dele.
E para tanto o primeiro passo é acabar com a figura do Prince. Alguém
então diz que os Setitas são como os Sabbat, que não
se pode confiar neles nunca. E Pablo diz "Você nos diz que não
se pode confiar em um Sabbat. Se tu o fazes e adentra em sua casa tu terás
tua garganta cortada. Pois foi exatamente o que vocês fizeram! Qual
é a diferença entre você e os Sabbat? Talvez a única
diferença seja que eles se respeitam entre si, atitude da qual vocês
estão cada vez mais longe de tomar por causa da instituição
que pertencem." O Elder Toreador afirma " A Camarilla é uma evolução,
para que a carnificina pregada pelos Sabbat não ocorra e para que
nós possamos nos proteger" "Esta falta total de liberdade é
evolução? Carnificina é feita com quem se mostra contra
esta idéia e não porque as idéias de liberdade as
quais me refiro são colocadas em prática. Perguntem-se, vocês
são realmente livres?" Jim Davis " Eu sou livre, eu construi minha
liberdade, e é assim que deve ser" " Você pode se considerar
livre, como queira, mas será que aqueles que te seguem também
se consideram?" "Mas é claro que sim, pode perguntar a eles. Diga
João, diga Matheus, Marcos..." " Eu não estaria tão
certo disso, Jim". Para todos, a chama da liberdade já nasceu morta.
Morta por esta sociedade, morta por tais pensamentos e por vossa covardia."
Neste momento o Prince se levanta " É isso, você está
certo, eu sou um déspota autoritário. Eu planejei e construi
esta cidade, e aqui eu decido as coisas. Esta cidade é minha e quem
não estiver satisfeito que vá embora!" E Pablo enfatiza "Esta
é, senhores, a vossa liberdade. e este a quem vos cabe devoção.
Senhores aqui não foi apresentada apenas uma solução.
Foram dois os caminhos que vos mostrei. O primeiro é o da liberdade,
a queda do despotismo... O segundo é a minha morte. Pois se não
é o caminho da liberdade que seus corações anseiam
aqui está meu corpo e meu sangue para o vosso deleite. Já
a minha alma, esta não será vossa, pois a muito é
livre!" O Senescal, para sua infelicidade irrompe irônico "Esta cena
teatral já acabou? Pois foi a melhor comédia que já
vi, foi muito divertida!" " Pode ter parecido divertida e cômica
para você que não teve a capacidade de compreender a importância
e a seriedade de tudo que aqui foi tratado. Mas eu tenho certeza que as
pessoas aqui presentes ao se recolherem em seus lares vão refletir
sobre a importância e a profundidade do que aqui foi dito" "Eles
vão é rir de toda essa palhaçada!" e então
eu disse "Eles vão rir sim, mas vão rir é do seu papel
de palhaço. A galera foi ao delírio, e o Senescal não
sabia onde enfiar a cara. E então o Prince se retirou por instantes
junto com Yoscar e o Senescal para tomarem a decisão sobre o que
fazer. Yoscar voltou e disse "A partir de hoje, Pablo e Rabbat estão
sob proteção do Prince, quem tocar neles terá a justiça
do Prince sob seu pescoço. Agora vão. A festa acabou." E
assim foi aquela noite. Por isso não posso regressar a Austrália,
pois nos foi proibido deixar a cidade. No entanto, em menos de uma semana
Pablo desapareceu, deixando apenas uma carta. _______________________________________________________________________________________
BSB, 9 de Setembro de 1995.
Vampiros,
A oportunidade foi-lhes dada,
e a covardia falou mais alto. Perderam a oportunidade, talvez não
a única, mas uma oportunidade. E muitos de vocês poderão,
quando mais velhos, querer trocar toda a vida de servidão que tiveram
por aquele único momento, o momento em que poderiam tocar a tão
distante liberdade. E terão que viver desse sonho que poderia ter
acariciado suas vidas. Vou-me não por medo da morte, pois esta é
minha companheira de viagem. Vou-me porque não muito me resta fazer
por aqui. Agora, somente seus corações e sua sede por liberdade
podem moldar o futuro. A semente foi jogada. Algumas caem nas pedras e
não germinam, outras caem em terreno pobre e pouco se desenvolvem.
Mas algumas caem em solo bom e brotam e florescem. E esta é a recompensa
pela minha luta. Até breve IRMÃOS.
Pablo Kantor. ______________________________________________________________________________________
Meu nome é Pablo Kantor,
mas eu não sei quem sou. A quatro dias eu fui chamado por Jim Davis
para participar de uma reunião de Primogens. Fui, afinal não
tenho lar nem sei o que fazer, não tenho um passado meu no que acredito
e muito menos sei qual é a minha verdadeira personalidade. Eu fui
a reunião que ocorreu ontem. Entrei na sala e todos ficaram perplexos.
não acreditavam que eu iria voltar tão cedo e muito menos
para uma reunião tão importante. Perguntaram o que estava
fazendo ali, e Jim explicou que eu poderia saber de coisas importantes.
E sei. Falavam de um personagem misterioso, e de uma carta anônima,
e me perguntaram o que eu sabia a respeito. Pedi para ler a carta, e então
dei minha opinião. Aquilo era muito perigoso. Quiseram saber o que
eu sabia sobre ela, pois falava de liberdade. Disse-lhes que poderia muito
bem ter sido escrita por mim, e isso foi uma ironia comigo mesmo, afinal,
se fosse a umas duas semanas atrás eu ou ele, por mim, poderia tê-la
escrito. Disse-lhes que aquela liberdade era uma liberdade conseguida através
de destruição. Realmente a carta é muito mais séria
e perigosa do que eles imaginam. Perguntei-lhes sobre o personagem misterioso,
e disseram que sabiam tanto quanto eu. Não acredito, creio que sei
muito mais do que eles, e essa talvez seja minha única forma de
sobreviver aqui. Jim me disse que jogou uma incomum partida de xadrez com
ele, e que saíra vitorioso. Disse-lhe que muitas vezes o tabuleiro
de jogo é maior do que os 8x8 que vemos. Creio que Jim não
percebeu ainda que jogo está sendo jogado. Estava começando
a ficar disposto a ajudar quando o imbecil do Elder Brujah pediu para que
me retirasse, pois aquela era uma reunião importante. Como uma pessoa
pode ser tão pouco inteligente, a ponto de não perceber a
gravidade dos fatos que estavam ocorrendo, e que eu poderia saber de muita
coisa. O Prince abandona o posto alegando falta de condições
para governar, três Primogens morrem, vampiros poderosos têm
suas mentes dominadas, uma carta surge do nada e ninguém faz a menor
idéia do que está acontecendo. Eu não suporto burrice.
Pois bem, Jim interpela a meu favor, Gabriele se contrapõe. Eu já
não estava afim de cooperar mais. Perguntei à porta do Elder
Brujah se não havia um argumento mais inteligente para que eu deixasse
o local, um desconhecido tenta me explicar de novo que os assuntos são
particulares. Fiquei puto e disse, vocês querem saber se essa carta
tem as mãos dos Sabbat, pois eu vou lhes dizer, é muito pior
do que isso. Jim alucina "É a Black Hand". E lhe trago de volta
a terra, dizendo-lhe que antes fosse a cúpula do Secto Negro. Falei
que eles estavam procurando informações e explicações
para o que estava ocorrendo, e que eu sabia de muita coisa e que as informações
estavam indo embora comigo. Finalizando com um: Boa Morte Senhores. Subia
as escadas quando ouvi "Boa morte? Eu não tenho que ouvir essas
coisas!" Me virei do topo do anfiteatro e disse: E ainda tens que ouvir
muito mais. Enquanto não deixarem de ser arrogantes e não
descerem do pedestal de onde reinam e escutarem com respeito pessoas humildes
como eu, continuarão cegos em sua busca, e muito sangue vai rolar."
O Brujah tentava me interromper perguntando quem eu pensava que era. Terminei
meu raciocínio, coisa que acho que ele não é capaz
de realizar, e desferi em sua direção um recado agradável:
Recolha-se a sua insignificância! E deixei o lugar. Momentos depois
recebi de Jim Davis um recado por telepatia para que eu deixasse o mais
rápido possível a cidade porque já querem me matar
novamente. Esses caras me divertem. Será que não conhecem
nenhum outro jeito de resolverem seus problemas? E para finalizar, Yoscar
foi eleito o Prince da cidade. Se já havia muito sangue pelas ruas,
agora então... _______________________________________________________________________________________
Os pássaros e o vento
eram os únicos a falar naquela noite sem magia. A Praça do
Sol é o centro da irmandade dos templos do Sol, da Cruz e da Cruz
Foliada. A noite estava sem magia, mas do centro da Praça do Sol
a essência da força do criador da vida brota para ser sentida
de qualquer ponto do lugar. O enorme aqueduto separa a Praça do
Sol do castelo, que das trevas de seus corredores e salas até à
grande torre pode-se sentir o poder da lua. No entanto, e do Teocáli
das inscrições, que se destaca por sua magia, é que
se bode bebes da brisa da vida e da morte, porque Palenque é um
lugar sagrado, e o templo das inscrições é o berço
da magia. ... E Pablo sabia disso... E Pablo, naquela noite de 4 de outubro
de 1995, estava lá. __ Você é Pablo Kantor e eu escutei
o grito oculto de sua alma. Pablo não viu e não sentiu alguém,
mas Pablo ouviu...
__ Quem és tu? que me
dizes quem sou.
__ Sou Pakal, aquele que aqui
foi sepultado no ano de 692 de vossa era.
__ E o que queres de mim, Pakal?
__ Tua alma, jovem, à
trezentos anos implora e grita por liberdade.
__ Mas do que é que
você está falando?
__ Aqui é o meu lugar,
e aqui, as coisas são como eu concebo. quando subias pelas escadas
de meu templo eu te tirava teus grilhões, e quando desceres à
minha tumba, lhe concederei a memória. Pablo sentiu o medo depois
de séculos... Ele desce as escadarias do interior do teocáli
e estes parecem-lhe quase intermináveis. Ele quase consegue perceber
o clima úmido e abafado da cripta. Até que ele chega ao seu
destino. A tumba aos seus olhos parece totalmente iluminada, a ponto de
lhe incomodar a intensidade da luz. Ele então vislumbra o enorme
e pesado monolito que servia de lápide para o túmulo. A Pedra
estava toda trabalhada, mas Pablo não conseguiu entender que se
tratava de algo muito grandioso...
__ Pablo, escutei seu chamado
por muitos anos, mas somente hoje vieste a mim. E hoje terás tua
liberdade de volta. Pablo estava perplexo. Ele sentia o que estava por
acontecer, mas não podia acreditar que fosse verdade...
__ Na data Gregoriana de 4
de outubro de 1682, o vampiro Tualuru Ombata se ocupa de tua mente, para
desde então torná-la até hoje apenas um reflexo de
suas insanidades... Pakal falava, mas não haveria necessidade, ali
a própria verdade se revelou por si só, e Pablo sentia o
peso das revelações. Pablo nunca foi Pablo. Aquilo que pregava
não vinha de seu coração. As coisas que dizia, pensava
ou sentia nunca foram verdadeiras. Aquele Pablo não era Pablo, e
a liberdade da qual se orgulhava eram as amarras de sua alma. A liberdade
que amava com devoção e paixão eram o cárcere,
o embuste e o vazio. A liberdade de sua alma era o nada, e naquela noite,
Pablo reencontrou sua alma... e não sabia mais quem ela era. Não
suportando mais a dor, Pablo caiu de joelhos e o sangue brotou de seus
olhos e navegou por sua face por um tempo interminável... ________________________________________________________________________________
Eu não podia acreditar
no que estava vendo, era Pablo Kantor. Era outra pessoa, em verdade, mas
era ele, só poderia ser ele. Dizia coisas que somente Pablo poderia
saber. Eu estava totalmente confusa, afinal, tínhamos tirado-lhe
a cabeça. Na noite de 23 de outubro, ele reapareceu, para o espanto
de todos, afinal sabiamos todos que sua morte a havia sido vaticinada,
em uma cerimônia de laços de união de um Gangrel e
uma Ravnos. O território era Gangrel e ao vê-lo, sabiamos
o que a noite guardava surpresas. Havíamos passado o início
da noite planejando como ceifar sua vida. Tudo estava certo. Ele teria
que, em primeiro lugar, ser levado para fora da festa, afinal, nós
não queríamos gerar tumulto. Um enviado Ventrue foi o primeiro,
dizendo que ele corria perigo de vida e que ele havia sido encarregado,
contra a sua vontade de tirá-lo de lá. Pablo declinou da
oferta. Ele conversava com uma Tremere sobre magias e pentagramas, quando
tentamos, antes de tentar conjurá-lo, tirá-lo da festa. Mandamos
o Elder Brujah, que já nutria ódio em relação
a Pablo por acreditar, ou melhor, por que Yoscar o fez acreditar que ele
era um Sabbat, para convidá-lo para uma conversa em particular.
Sua resposta foi uma surpresa: " Eu não vou lhe acompanhar! Se tu
desejas fazer o que lhe foi ordenado, terás que me matar aqui mesmo!
Agora com sua licença, gostaria de voltar aos assuntos realmente
relevantes que estou a tratar com essa adorável senhorita." Pablo
estava passando dos limites. Sua audácia estava superando em muito
nossa paciência. Armamos uma cilada. Eramos oito. Não havia
como ele escapar. Em primeiro lugar tentamos conjurá-lo. Em vão,
Pablo era realmente um vampiro antigo. Em seguida nos unimos e o intimamos
a levá-lo para fora. Mais uma vez o arrogante nos desafiou. Victor,
o Brujah, perdeu o controle e tentou esfaqueá-lo. Pablo se esquivou,
e ainda cercado disse que estávamos cometendo um terrível
engano, que ele não estava ali para gerar tumulto ou para pregar
a liberdade. É incrível como as pessoas mudam drasticamente
suas opiniões quando suas vidas estão ameaçadas. Pablo
abriu os braços olhou para o infinito do céu e disse: "levem
a vida daquele que não sabem quem são. Levem o corpo daquele
que não sabe quem é, pois creio que somente dessa forma minha
alma estará livre para poder encontrar sua verdadeira identidade."
Não entendemos o que Pablo disse, tampouco nos importou. Em questão
de minutos a cabeça do miserável se encontrava pendente das
mãos ensanguentadas de Victor. Era inacreditável que ele
estivesse ali, reunindo a todos nós, mais uma vez, para falar...
__ Senhores, senhoras, eu sou
Pablo Kantor!
__ Pablo Kantor está
morto
__ Disse um Toreador.
__ Por favor, senhores, gostaria
de não ser interrompido até que meu raciocínio esteja
concluído. Espero que ao menos o respeito à palavra tenha
sobrevivido aos seus impulsos agressivos... Entreolhava-nos com a máscara
da dúvida do mistério e da perplexidade.
__ Como vos disse, senhores
e senhoras, sou Pablo Kantor! Não sou como muitos podem estar pensando,
eu maluco que resolveu acreditar que é Pablo Kantor, passando a
pregar novamente seus ideais. Não senhores, embora essa seja a única
explicação que suas mentes encarceradas em uma pequena porção
da realidade pode vos fornecer, eu não sou outra pessoa além
de Pablo Kantor. Em verdade, a realidade que percebem, e o poder que conhecem
é que é muito pequeno para dimensionarem o que realmente
está ocorrendo. Mas tenham calma, embora eu duvido que depois dessa
noite voltem a saborear a brisa fresca da calmaria em vossas mentes e corações.
Mas tudo a seu tempo. Embora acredite que isso seja ridículo, não
é , de maneira alguma, em virtude da própria falta de sabedoria
e conhecimento dos senhores, desnecessário. Portanto creio que devo
mostrar e provar que realmente sou Pablo Kantor. Ele contou-nos episódios
diversos de sua estada em Brasília, de conversas particulares que
manteve com diversas pessoas, principalmente com os mais poderosos. Falou
de fatos que se deram em reuniões de Primogens das quais nunca poderia
ter acesso aqueles que lá não estavam. As faces de nossos
Primogens e do Prince confirmavam o pior. Era impossível que aquela
pessoa soubesse de tudo aquilo e não fosse o verdadeiro vampiro
revolucionário.
__ Creio que esses fatos sejam
suficientes para provar que este que vos fala não é um lunático,
se não se convenceram ainda senhores, só tenho a lamentar
a falta de raciocínio lógico ou talvez, a incapacidade de
admitir o inesperado. Para esses, meus pesares. Aquilo tudo parecia uma
loucura coletiva, não poderia estar acontecendo. Neste momento um
leve aumento no tom de voz de Pablo, ou quem quer que seja, foi percebido:
__ Senhores, a passadas três
semanas, no dia da aliança de Stephen e Luna, minha morte foi planejada.
Pobres senhores, acreditavam piamente que estavam planejando algo! Pois
bem eu vos entreguei meu corpo e aqui estou!... Senhores, eu vos pergunto,
o que é a vida eterna? O que é ser imortal? Senhores, o poder
não é aquele pelo qual vocês lutam e se matam. O verdadeiro
poder é a verdadeira imortalidade. É incrível como
só conseguem resolver seus problemas através do embuste ou
do assassinato. E vocês me mataram porque eu vos encomodava e vos
encomodava por que dizia a verdade. A verdade que vocês não
querem admitir! Hipócritas e assassinos, vocês estão
perdidos na escuridão da verdade irreal que criaram e que acreditam.
Pobres tolos, se matam por algo que sequer é verdadeiro ou real.
Cometem crimes contra seus semelhantes em nome do poder que acreditam existir.
Senhores, eu vos revelo o verdadeiro poder! Eu sou o VERDADEIRO PODER!
Aqui estou, Pablo Kantor, aquele que vocês assassinaram! Aquele que
teve a cabeça arrancada do corpo como um troféu, servindo
de cálice para o sangue maculado que o Prince sorveu! Aquele que
prega a liberdade e a verdade que não querem admitir! Aquele que
das cinzas retorna e retornará! Eu sou Pablo Kantor, aquele que
está acima da manipulação dos que se dizem Deuses
e poderosos! Eu sou Pablo Kantor, a verdadeira face do poder e da imortalidade!
O Elder Tremere toma a palavra:
__ Não posso mais admitir
essa série de insultos proferidos por esse lunático arrogante...
__ Não podes admitir
que o meu poder está acima das pequenas e idiotas magias que consegues
com o sangue que nutre a vida. Não podes admitir que eres o poderoso
Elder Tremere e não consegue manipular nem ao menos os destinos
desta cidade. Yan, não abuse de tua sorte, embora Vante lhe tenha
um grande estima, os resultados que prometeste a ele não estão
aparecendo... E quanto a você nobre amigo Jim Daves, imaginava que
me usava para ascender nessa miserável sociedade, realmente o posto
de Prince é muito bonito e tentador, nada melhor do que usar um
tolo como Pablo Kantor para minar o domínio dos Toreador. Muito
Sagaz, meu caro, embora não tenha dado certo, já que me expulsaram
da reunião antes de elegerem Yoscar o novo Prince. Pois bem, meu
amigo, acreditavas que me usava, decerto. No entanto, talvez não
tenhas percebido, mas você era a minha ponte com a cúpula
da cidade, e foi através de você e da proteção
que seu nome me dava, que pode realizar minhas tarefas nesta cidade, creio
ter sido uma troca justa, embora eu tenha saído ganhando, conforme
planejei. Obrigado por ter me avisado da morte que se aproximava, mas como
podes reparar eu não me preocupo com isso... E quanto a ti, Elder
Toreador. Nunca pensei que um Elder pudesse ser tão idiota e alheio
as manipulações que imperam em vossa sociedade... E esta
doce criança sem razão, sua loucura é poderosa, tanto
que consegue convencê-los que uma criança tem capacidade de
ser uma Elder. Como vocês são ingênuos! Meus parabéns,
criança, você deve estar se divertindo muito... E os covardes
dos Brujah, onde estão os covardes dos Brujah, sempre juntos, em
bando para se protegerem de um possível ataque! Como vocês
são ridículos. E você Victor, o Elder, o Sherife, o
covarde imbecil que acreditou na conversa de Yoscar sobre eu ser um Sabbat.
És um covarde, pois nunca teves coragem de me enfrentar sozinho,
me odiava, mas a covardia era maior, para se proteger levaste mais sete
contigo para me matar, pois escute, tu só me ouves agora por que
fazia parte do meu plano morrer. Caro Victor, morres de ódio de
Sabbat, não é mesmo? pois eu vou lhe dar um conselho. Aquele
que morre de ódio dos Sabbat não consegue viver por muito
tempo. Repense sobre seus valores jovem, pois tu não és imortal!...
E finalmente tu, Yoscar. O novo Prince. Há outras maneiras de se
resolver os problemas que não seja através da violência
e do assassinato, pense nisso, pois as pessoas podem aprender a viver de
acordo com sua conduta, e o próximo poderá ser você.
Ele havia se calado, e com o seu silêncio, o medo e dúvida
afloraram de nossa pele fria. Passamos algum tempo imóveis, perplexos
com o que havíamos presenciado.
__ Com licença senhores,
vos deixo agora com vossas dúvidas. Tenham uma noite agradável,
e até breve, mortais...
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