Willian Roderick
5º Vampiro da Lista Vermelha
Os Ventrue pensavam dominar
o Brasil. Ao menos, eles possuíam os títulos, e eram designados
os comandantes, mas bem sabemos que o poder pode não estar nas mãos
dos que são o poder. Mas naquela época, não restavam
muitas dúvidas, no que diz respeito à política mortal.
Os Ventrue, Ana Cláudia Nunes e Felipe Aphonso Baptista eram os
verdadeiros coordenadores. Excelentes coordenadores, por sinal. Ana poderia
muito bem ser uma das nossas.
Ana Cláudia, hoje eu
desconheço seu paradeiro. Uma pena, gostava muito de sua pessoa.
Mas Felipe, este sim eu sei onde se encontra. Morto! As desavenças
entre os dois nobres Portugueses, e aquele que outrora fora rei de Portugal,
começaram logo após a suposta morte de Dom Sebastião
na planície de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Poucos, ou mesmo
ninguém, sabem quem é seu tutor. Talvez seja isso o mais
importante, talvez não. Não posso me entregar à conjecturas,
por isso me permito apenas a inferir aquilo que conheço. De posse
de sua não-vida, soube de muitos que eram como ele. Dom Sebastião
herdou a coroa de seu avô Dom João III quando tinha apenas
3 anos de idade. Mas somente aos quatorze assumiu de fato o trono e as
decisões políticas. Durante seu curto e verdadeiro reinado,
de 1568 a 1578, O jovem rei, que possuía um temperamento fortíssimo,
e uma inteligência invejável, acreditava que suas decisões
eram as mais sábias, e que todos deviam-lhe obediência e respeito.
Eis sua primeira decepção. D. Sebastião descobriu
o que havia por trás de seu governo. Com a morte de Mem de Sá,
em 1572, D. Sebastião nomeou D. Luís de Vasconcelos para
substituí-lo. Este foi morto por corsários franceses quando
se dirigia ao Brasil.
O rei, agora imortal, descobriu
que o ataque fora planejado por Felipe e Ana Cláudia, os poderosos
Ventrue do Brasil. O governo português resolveu então dividir
o Brasil em dois governos: O governo do norte, com sede em Salvador, sob
os auspícios de D. Luís de Brito, e o governo do sul, com
sede na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, sob a
tutela de D. Antônio Salema.
O que o jovem e orgulhoso Ventrue
veio a descobrir é que os dois governantes, por ele indicados, eram
apenas fantoches. D. Luís nas mãos de Felipe e D. Antônio
Nas de Ana Cláudia. Seu orgulho não podia suportar tal audácia.
E a inimizade teve início. Planejou muito bem sua vinda para o Brasil,
mas eu não sei com certeza em que data, mas acredito que por volta
do final do século XVIII. Chegou no Rio de Janeiro sem que o casal,
que agora residia em São Paulo, soubesse, e em algum tempo se tornou
o Prince desta grande cidade, se revelando aos Ventrue brasileiros e contrariando
suas normas.
A guerra estava abertamente
declarada. Mesmo com desvantagem numérica, D. Sebastião conseguiu
se manter e aos poucos ganhar espaço na batalha contra os antigos
Ventrue. No fim da década de 1950, a guerra estava praticamente
ganha. D. Sebastião controlava não só a capital do
país como também todas as outras regiões, com exceção
apenas do estado de São Paulo. Bem, isso era o que os Ventrue acreditavam.
Nós sabemos que eles não possuíam tanta influência
assim, mas, deixemo-os acreditar, eles adoram isso. Pena que não
mais do que eu adoro fazê-los acreditar que são os todo-poderosos.
Cada um ao seu modo... Pois
bem, D. Sebastião se viu encurralado, quando da resolução,
conseguida por nós, em companhia de Felipe e Ana Cláudia,
dos Nosferatu, Toreador e dos Gangrel, da mudança da capital para
o planalto central. As regras do jogo estavam começando a mudar.
Obviamente, usamos como fachada, a imagem dos dois Ventrue como os organizadores
de tal empreitada. Sem que D. Sebastião tivesse como identificar
realmente quem estava por trás da mudança da capital. Jango
era uma marionete nas mãos de meu mestre, mas habilmente, tenho
que reconhecer, D. Sebastião contra-atacou insuflando a revolução
de 64.
Não cabia, naquele momento,
revelar-nos, e optamos por, em silêncio, esperar uma outra oportunidade.
Aquela havia sido a gota d’água. D. Sebastião não
suportou a ousadia de seus antigos rivais. Era apenas uma questão
de tempo. Em 1974, o Ventrue Sir William Roderick Brugess, nosso querido
amigo, e tão temido xerife do Prince, executou os planos de seu
mestre com fineza e habilidade. Em uma perfeita emboscada, William roubou
a eternidade dos braços de Felipe Aphonso Baptista. E é aqui
que a estória se torna complexa. Por muita sorte Ana Cláudia
não teve o mesmo destino.
Roderick hoje faz parte da
lista vermelha, justamente sob o veredicto de ter liquidado o importante
Ventrue. Mas quem iria querer que ele fosse procurado. Os Ventrue partidários
de Ana Cláudia e Felipe, obviamente. Mas esses Ventrue são
muito poucos e são completamente destituídos de poder, até
mesmo em São Paulo. E a maioria se refugiou ou fugiu do país
com receio das sanções do emergente e poderoso D. Sebastião.
Mas se não foram esses Ventrue, a quem mais interessaria a morte
de Roderick. Ao próprio Prince de Brasília, D. Sebastião!
É lógico!
O antigo rei havia tomado o
poder no país destruindo toda uma linhagem de Ventrues portugueses
sem que eles próprios dessem conta. O clã não iria
aprovar, sob hipótese alguma, a destruição de um Ventrue
tão estimado como Felipe. D. Sebastião precisava apagar suas
pistas. Levou o nome daquele que mais confiava à lista dos mais
procurados. Mas a estória pode parecer até então deveras
ridícula. Por que razão Brugess não conta a verdadeira
estória e incrimina D. Sebastião?
Ele não o faz por dois
motivos. O primeiro, e óbvio, é que ele é o assassino.
Mas se de qualquer forma ele será procurado, porque não contar
muito provavelmente, alegando estar sob influência ou apenas cumprindo
ordens, fosse de alguma forma perdoado. Mas o segundo motivo lhe impede
categoricamente de contar a verdade. William cometeu o maior dos nossos
crimes. Ele bebeu todo o sangue de Felipe! E por isso ele jamais poderá
ser perdoado. Por isso sua opção, foi a mais sábia,
de se juntar ao meu mestre e ao nosso clã. Pelo menos ele acredita
nisso. E é o que importa.
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