Grimaud Treville
— Mestre Vante, perdão
pela minha intromissão, mas com quem estavas falando? — Era um velho
amigo. O mais antigo de todos. Talvez o único. Ele é chamado
de Grimaud Treville.
— Deve ser realmente de sua
confiança para que o Senhor tenha o confiado tão importante
missão. Você acha que ele conseguirá se tornar o Prince
do Rio de Janeiro?.
— Não sei. Ele nunca
foi muito político. Mas se existe alguém que pode colocar
ordem naquele lugar é Treville. Sente-se. Eu te falarei sobre ele.
— Obrigado, Mestre. É
sempre um prazer aprender com o senhor.
— Treville talvez seja um dos
maiores colecionadores de itens, artefatos e objetos de valor histórico
ou místico. Esta coleção começou nos dias em
que ele ainda andava pelo mundo dos vivos. Sua família era abastada
e não mantinha bons relacionamentos com a Igreja, pois eram tidos
como usurários. Grimaud não tinha nenhum interesse pelos
negócios ou encontros sociais. Só queria saber de buscar
quaisquer itens para a sua coleção que se iniciava. Por volta
de 1370, eu comecei a perceber os perigos da Inquisição.
Eu precisava de alguém para cuidar dos meus negócios enquanto
me esconderia em Torpor da fúria dos Inquisidores. Organizei um
jantar com vários candidatos. Grimaud era jovem e obsecado. Tinha
se informado de que eu havia estado no Oriente Médio e queria ver
se eu tinha algum item de seu interesse.
— Naquele tempo o Senhor já
havia estado no Oriente Médio?
— Minha jovem Michele. Eu ainda
tenho muito a contar sobre quem sou eu. Mas por hoje voltaremos a Treville.
Ele veio até mim após ao jantar, ansioso por artefatos. Eu
vi o brilho em seus olhos, querendo algo diferente, algo novo. Me espantou
alguém tão jovem sabendo tanto de história. Após
algumas pesquisas sobre quem ele era, percebi que ele tinha um enorme potencial.
Além disso, possuía vários objetos de natureza arcana
que não sabia manipular. Tudo o que ele precisava era de um mentor.
Poucos meses após conhecê-lo eu o transformei. Durante 60
anos eu o treinei. Ele foi educado de acordo com a Doutrina Tremere. Logo
após entrei em Torpor. Treville mantinha seus irmãos e sobrinhos
cuidando dos negócios sem nunca colocar em risco o Masquerade. Nos
piores anos da Inquisição, ele partiu para a Europa Oriental.
Alemanha, creio eu. É claro que naquela época não
tinha este nome mas nem eu nem Treville tínhamos este nome também.
Mas voltando ao assunto: por muito pouco ele não encontrou a morte
final nesta época. Simplesmente ele descobriu um cemitério
de Lupinos. E mandou que tudo fosse desenterrado e mandado para a França.
Um grupo de Lupinos descobriu o insulto e perseguiu Treville durante trinta
anos. Ainda hoje o seu nome é passado de Geração para
Geração jurado de morte pelos cães. Para que você
tenha uma idéia precisa da obsessão dele por itens, até
mesmo sangue chega a ser secundário. Ele sempre se alimentou de
vítimas dormentes. Achava mais fácil e seguro. Durante uma
viagem ao sul da França onde comprava objetos roubados de tumbas
do Egito, ele visitou a noite uma jovem camponesa. Ele se apaixonou pela
moça que tinha delírios durante seus encontros noturnos.
Ela era Joana D’Arc, heroína francesa, santificada após sua
morte. Treville estava na Itália durante a captura e julgamento
de Joana D’Arc. Quando voltou entrou em Frenzy pela primeira vez em sua
existência. Eu ainda não havia despertado do Torpor, mas me
foi contado que Treville passou três dias em uma fazenda afastada
de Paris jogando Trovões sobre os pastos e planejando a sua vingança.
Primeiro ele conseguiu destruir a vida do cardeal XYXYXYX responsável
pela captura e julgamento de sua amada. Depois, gastou boa parte do dinheiro
de sua família para expulsar os ingleses do território francês.
Terminada a sua vingança, ele voltou ao trabalho de sua vida. Viajou
para Espanha, interessado em comprar objetos vindos do Novo Mundo. Após
muitas décadas, foi para a Índia. De lá trazia três
navios abarrotados de itens. Um navio foi destinado a trazer um templo
inteiro da Índia para a França. Um dos Navios que traziam
relíquias, afundou. Sua carga só foi recuperada quatro anos
atrás. Na época negra da Jyhad, Treville teve que recorrer
aos rituais mais negros. Criou gárgulas, Homoculi e Demon-bounds.
Se utilizou de itens mágicos muito perigosos. Creio que ele se arrepende
de ter ido tão longe. Foi então que veio a Revolução
Francesa. Todos nós tivemos que apressadamente transferir todos
os nossos negócios. As coleções de Treville ficaram
enterradas sob a sua mansão durante um século até
que ele pode recuperar o seu tesouro. Os Sete de Viena nos aconselharam
abandonar a França por tempo indeterminado. Conhecendo pouco do
Novo Mundo, nós nos separamos. Eu vim para o Brasil e ele para o
México. Eu me tornei Pontífex do Brasil. Ele poderia ter
se tornado o que quisesse no México. Mas preferiu só se dedicar
às suas coleções. Quando Viena o ordenou a se utilizar
de seu poder para ganhar status dentro da Camarilla Mexicana, em um mês,
seu filho Javier, se tornou Prince de toda a península de Yucatán.
Javier com certeza é muito mais político, administrador e
manipulador do que Treville. Quando os Sabbat tomaram o México,
Treville e seus companheiros da Camarilla defenderam a península
de Yucatán. Lá foi construída uma mansão que
ficou conhecida como Fortaleza Treville. Resistiram o quanto foi possível.
Foi quando um jovem, maldito traidor chamado Marcus Vinícius roubou
um livro de rituais Sabbat. Através deste livro eles conseguiram
penetrar na Fortaleza. Treville conseguiu expulsar os invasores sem matar
o traidor. Imediatamente começou a sua saída do México.
Por alguns anos ele vagou pelo mundo procurando um novo lugar para se instalar.
Ano passado eu o convidei para vir ao Brasil. Mandei um relatório
completo sobre a situação de todas as cidades no Brasil.
Ele estava em Istambul e não se interessou muito. Com os últimos
fatos em Belo Horizonte, fez-se necessário a intervenção
de alguém de poder e influência. Como eu estou extremamente
ocupado...
— Procurando a Flávia.
— Dentre outras coisas, só
tenho um ser em quem eu poderia confiar. Além do que se metade dos
rumores que tenho ouvido forem verdadeiros, eu irei precisar de Grimaud
Treville próximo a mim.
P.S. - O livro de Set, atualmente
possuído por Maurice Elder Tremere do Rio de Janeiro, era de Grimaud
Treville. O livro fazia parte de sua Biblioteca particular em Paris. A
ladra Júlia Cantuária foi contratada por Carlos Sanchez Tremere
do Rio de Janeiro. Em troca do livro, Carlos transformou Julia em vampira.
Treville descobriu o roubo e alertou Júlia de que o livro só
traria desgraça para quem o possuísse. Carlos Sanchez meses
depois traiu o Pontifex do Brasil Vante de Languedoc e foi convocado à
Viena para nunca mais voltar. Ao recuperar o livro, o clã Tremere
foi açoitado por brigas internas e foi vítima de brigas e
traições. Júlia Cantuária foi convocada recentemente
à Viena e ainda não voltou. O livro continua desaparecido.
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