Aos 18 anos, Kurt largou a escola sem completar o segundo grau e tomou heroína pela primeira vez. Instalado no apartamento da namorada Tracy Marander, Kurt ficava oito horas por dia com a guitarra compondo, anfetaminadíssimo. A gastrite que o atormentou até o fim dos dias e que ele usou como disculpa para tomar heroína começou nessa época.

Graças a um empréstimo de Tracy, o Nirvana gravou um demo com Jack Endino. O produtor indicou o grupo para o Subpop e, no primeiro encontro com a gravadora, um sóbrio Kurt disse que o trio era a melhor coisa surgida desde os Beatles. Impressionou, logo viria o primeiro single, "Love Buz" e o álbum Bleach, cujos vocais foram gravados entre vidros e mais vidros de xarope com Dramamine.

Em 1990, chegou a cocaína, droga que faltava em sua vida. No ano seguinte, nascia uma estrela. Kurt passou a querer tratamento especial nas viagens, reclamava se o uísque não era Glenfiddich,  mas continuou absolutamente genial e ácido em tudo o que expressava. . . Depois do contrato milionário com a Geffen, mergulhou na heroína. Dormia a toda hora em qualquer lugar, até no meio de sessões de foto.

Em 1992, a ironia das ironias, o Kurt que mergulhava nos braços dos fãs, proclamando igualdade entre artista e platéia, exigiu 75% de tudo que o Nirvana ganhava (com efeito retroativo ! - ou seja, tornando-se credor milionário de Novoselic e Dave Grhol). Cheio de armas e violento contra Courtney Love, seu grande amor, o hiper-sensível Kurt a obrigou a chamar a polícia duas vezes para contê-lo. Ele ainda sofreria duas overdoses em 1993. Segundo o produtor de In Utero, Steve Albini, a única coisa que o tirava da apatia era a filha Frances. Mas logo viria a tentativa de suicídio com Rohypnol, em Roma. Kurt não funcionava mais como artista, marido, pai . . . Numa tática antivício chamada tough love, amor duro, foi posto contra a parede por Courtney e todos os que o amavam. Foi para uma clínicas em L.A., fugiu. Patético, teria perguntado a um traficante pouco antes de 5 de abril: "Onde estão meus amigos agora ?"

   FREED (RAIMUNDOS) - "Eu não fico pensando muito na falta que Cobain está fazendo. O cara morreu, deixa ele subir. O sucesso em excesso é mesmo de pirar." ( Revista ShowBizz de 27/03/1996 )