Discos Usados à Venda

1999
mais que música

Atualizado todo dia.

Histórias: Já
Um espaço pra textos diferentes, atualizado diariamente

Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente.

01.OUT.1999

RESENHAS
REBECA MATTA
Tantas Coisas
Por Alexandre Matias

O clima é calmo. E tenso. A microfonia passeia pelo espaço como onda magnética é, sem agressividade nem violência, um horizonte de ruído. A doce e forte voz de Rebeca Matta aceita o convite da onda sonora e canta a estática temporal contemplando O Mar (do grupo português Madredeus) na música que abre seu primeiro disco, o estranho e belo Tantas Coisas. "E fui aqui ficando só para poder ver/ E fui envelhecendo sem nunca perceber". As ondas quebram com a violência da distorção, mas não há música, só som.

A nuvem negra que paira sobre o início do álbum aos poucos vai se dissipando com a entrada da faixa-título. A balada tem firmeza e embalo e lembra os melhores momentos do gênero chamado "MPB" dos anos 70 (Chico, Caetano e afins), desviando de assunto no meio da conversa para um interlúdio noise. O Fogo de Teus Olhos caça o suíngue do soul norte-americano e aprisiona-o em uma jaula de eletrônica, processo semelhante ao que a turma de Bristol fez ao parir o trip hop. Só que enquanto o Massive Attack usa o reggae, o Portishead exagera nas orquestrações e Tricky deturpa o rap, Rebeca Matta e seu parceiro André T, cúmplice e compadre artístico da cantora, absorvem elementos da música popular brasileira.

Cai a máscara da techno-logia então. Do mesmo modo que os computadores são tão úteis ao homem quanto a roda e a alavanca, a música eletrônica não é uma evolução musical. É apenas um outro ambiente, mais um quarto no enorme casarão que chamamos de música popular. Como a eletricidade abriu inúmeras possibilidades para a música um dia, a eletrônica pode e deverá fazer o mesmo. Música feita por máquinas não é uma linguagem a ser decifrada nem a besta do apocalipse da humanidade na criação artística. Ela é tão útil quanto a guitarra, quanto o estúdio de vários canais, o disco de vinil, a fita magnética, o microfone.

Logo, Rebeca apenas usa a eletrônica para fazer sua música, sem escravizar-se a ela. Misturando samplers, sintetizadores e loops com violões, pianos e tablas, a baiana é didática em traduzir suas intenções. Cinco versões de clássicos da dita MPB recebem roupagens estranhas, eletrônicas e modernas. O resultado, em todas elas é de cair o queixo.

Barracão, de Luiz Antônio e Odemar Magalhães, um velho samba, torna-se um jazz moderninho de publicidade que contrasta radicalmente com sua letra ("Ah! Barracão de Zinco/ Tradição do meu país") ao mesmo tempo em que reclama brasilidade. O Meu Amor, a antológica disputa de Marieta Severo e Elba Ramalho na Ópera do Malandro, de Chico Buarque, recebe um tratamento glacial e fantasmagórico, soando quase irônica em cada elogio cantado. O Amor é Velho, Menina, de Tomzé, abre com o mantra original do refrão elevado à condição de ária, com direito à cantora lírica e clima solene, descambando sob o ritmo irresistível da canção. Nada Será Como Antes, do repertório de Milton Nascimento, torna-se um rolo compressor, um trator cujo motor é um loop pesado e aterrorizante, enquanto Rebeca berra a letra com a voz comprimida no computador, revelando a amargura sem esperança da letra que o arranjo original escondia. Como Uma Onda no Mar, de Lulu Santos e Nelson Motta, torna-se um trip dub falado, ou melhor, sussurrado pela cantora, em meio a uma desconstrução quase científica do reggae.

Quando ela compõe, não faz feio. Sempre com o dom mágico de André T, ela desvenda ângulos de seu som que aceitam tudo, do jazz ao samba, funk e reggae, ambient e techno. Mas os gêneros não estão inteiros nem misturados uns com os outros. O que se ouve são os escombros de uma música que parece pertencer ao mesmo passado e Rebeca brinca entre os destroços. Disfarçando de poesia situações do cotidiano ("Faces sem risos no meio-dia/ Risos sem face no meio da noite", "A cidade é o tempo da guerra", ) e da vida a dois ("Quando parti levei comigo esses momentos/ Tão bons, tão maus, tão intensos/ Mas percebi que é ilusão e nada vai mudar/ Achar que vai voltar e vai ser o mesmo"), Rebeca simplifica o que poderia ser encarado como pretensão e deixa a situação mais definida, melhor resolvida. Só é enfática ao falar de passado e de futuro: "Não vou seguir nem ressentir o meu passado/ E o meu futuro é cada instante/ Só cabe a mim fazer". Ela está fazendo. Que bom.

(Você consegue o disco de Rebeca Matta falando com ela mesma, o pelo selo Hipocampo)

Man or Astroman?
Abbey Road
Os Catalépticos (show)
Comunidade Ninjitsu
"Esporro!" e "Guerrilha"
CMJ Music Fest
Pensamentos Felinos (setembro)
Echo & the Bunnymen (show)
Stela Campos
Jim O'Rourke
atenciosamente, (setembro)
Luiz Gustavo (Pin Ups)
Relespública (Diário de Bordo)
Alex Chilton
Toy Shop
Martin Rev (Suicide)
Yellow Submarine
Punk Rock em Curitiba
Grenade
Mutantes
Bruce Whitney (Kranky Records)
Cotton Mather
Por Fora do Eixo (setembro)
Thomas Pappon
Pequenas Capitanias (setembro)
Mercury Rev (show)
Paralamas do Sucesso
Relespública, Mosha & Woyzeck (show)
Reading 99
O maravilhoso mundo grátis
"Eu vou enfiar um palavrão"
Jason (entrevista)
Pôneifax, Walverdes e Tom Bloch
Noel & Liam Gallagher
Manu Chao
Jason pelo Nordeste
V99 (festival com Manic Street Preachers, Orbital, DJ Shadow, Massive Attack, Mercury Rev, Gomez, Happy Mondays, James Brown, Groove Armada e Mel C)
"Curitiba, Capital do Rock"
Divine, Six Degrees, Moonrise e Barbarella
Vermes do Limbo
Sala Especial
Al Green
Bowery Electric
Jamiroquai
Flaming Lips
Gong - Show de 30 anos
Megatério (agosto) - A Noite do P* no C*
Marreta (agosto) - O jazz morreu
Rolling Stones
Mercenárias
"Paul's Boutique"
"Tim Maia Racional"

Kraftwerk
Sugar Hill Records

Second Come
R.E.M.
Built to Spill
Eddie
Flaming Lips
Ultraje a Rigor
"Kurt & Courtney"
Moby
clonedt
Mark Sandman
Suede
Plebe Rude
Rentals

Pavement
MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú
Red Hot Chili Peppers

Underworld
Prodigy
Hojerizah
Raimundos

Plebe Rude
Wilco
Little Quail
Chemical Brothers
Atari Teenage Riot

Grenade
Lulu Santos
Liam Howlett
4-Track Valsa
Chemical Brothers (show)
Yo La Tengo + Jad Fair
"Select"
Dr. John
Memê
"Drinking from Puddles"
Capital Inicial (show)
Jon Spencer Blues Explosion (show)
Homelands (festival com DJ Shadow, Underworld, Asian Dub Foudation, Chemical Brothers, Fatboy Slim, Grooverider, Faithless e outros)
Divine
"The Best of Sugar Hill Records"
Ambervisions
Amon Tobin
Sepultura/Metallica (show)
Mocket
Stereophonics
Headache
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura
Outropop
Pensamentos Felinos
Loniplur
atenciosamente,
Swervedriver e Mogwai
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Marreta?

Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
"Post-punk chronicles"
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa
O pai do rock brasileiro
Nova História do Pop
Grave sua própria fita
C86
Medo do novo
Digital Delay
No shopping com Status Quo
Fita ou demo?
Solaris
A história do indie baiano
Prot(o) e Rumbora
Monstro Discos
Carnaval e Los Hermanos
Eletrônicos e bicões
Kólica, Pupila e Total Fun
As hortas musicais de Curitiba
Ala Jovem
Brian Wilson
Limpando os remédios
Amor e Luna
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera
Escrever "de música"
O CD ou a vida (quase)
A bossa nova contra-ataca o Brasil
Um pouco de educação não faz mal a ninguém
Fé em Deus e pé na tábua
O Mercury Rev que não foi
Um banquinho, um violão e Dee Dee Ramone
Escalação pro Abril Pro Rock 99
Dago Red
Festivais na Bahia
Chutando o futuro de Brasília
Ê, Goiás
Pós-Rock, Teletubbies e LTJ Buken
Você sabe o que é Louphas?
Por dentro da Holiday Records
Chacina no litoral paranaense
PELVs e um blecaute
Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis -
"The Way of Vaselines"
Vamos nos encontrar no ano 2000
Tropicanalhce
A professora com pedal fuzz
Portishead
Chico Buarque (show)
Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha
Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam
New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux
Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Cartels
Babybird
Elliot Smith
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto 
Relespública  
DeFalla
Piveti
Isabel Monteiro
Man or Astroman?
Ricardo Alexandre elocubra sobre Engenheiros do Hawaii
Camilo Rocha ri do medo da imprensa especializada
Leonardo Panço mete o pau em quem ele acha que deve meter o pau
G. Custódio Jr. fala de Flin Flon e Va Va Voon
Tom Leão dá as dicas de como se gravar "aquela" fita pra "aquela" gata
ROCK & RAP CONFIDENTIAL defende o crédito à pirataria 
Rodrigo Lariú lembra de bons shows
Festivais no Nordeste
O último show do Brincando de Deus

Conheça Belo Horizonte
98 em Brasília
Superdemo e Fellini no Rio
Uma geral no ano passado em Sampa
Cadê o público nos shows?
As dez melhores bandas de Curitiba
Pelo fim da reclamação
Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes" - Fellini
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5
Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"

Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

1999 é feito por Alexandre Matias e Abonico Smith e quem quer que queira estar do lado deles.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco

----- -----