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04.01.1999

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BELLE & SEBASTIAN
The Boy With The Arab Strap
(Matador)
Por Alexandre Matias

O rock foi feito pra você, adolescente. Você que não tem nem dezoito anos e tem uma opinião sobre tudo. Sabe o que quer da vida, sabe quem são seus inimigos. Pra você que sabe que o mundo está errado e sabe que você está certo. Pra você que acredita na capacidade do indivíduo de evocar a revolução sozinho, apenas com seus sentimentos. Pois muitos antes de você fizeram pequenas revoluções, apenas gravando discos, escrevendo livros, fazendo filmes e pintando ou desenhando.

Ele se apresenta de duas formas pra você. Uma é guerrilheira, militar, agressiva e violenta que é o grito primordial dado contra o sistema. Punk rock, se você quiser um denominador comum, um clamor brutal que une artistas tão diferentes quanto os Ramones, Angeli, os Beastie Boys, Elvis, Scorsese, Trótski, Plebe Rude, Jim Morrison, Dennis Hopper, Dead Kennedys e Prodigy. É o grito de "basta!" frente a um sistema opressor.

A outra forma é tímida, não-violenta, frágil, até. Não vê alternativa de mudar o sistema, então se deprime. E a depressão é o soro que o mantém vivo, saber que pode descrever a fragilidade e futilidade de sua existência diante de uma sociedade fadada à falência e mantida na base da mentira. Sensíveis demais para explodir, este lado do rock canaliza a raiva em desespero. E como a esperança é o lado A do desespero, fãs e mais fãs se aglutinam para ler e louvar as cenas descritas por mestres desta face delicada do rock. Deste lado, temos Marcel Proust, Smiths, David Bowie, Alain Delon, Oscar Wilde, Moebius, Phil Spector, Brian Wilson, Legião Urbana, os góticos, Spielberg, Burt Bacharach e James Dean.

Apesar de completamente diferentes, as duas formas se entrelaçam com perfeição. E o rock arrebanha todos os seres humanos, dos mais céticos aos mais solitários, passando pelos revoltados, os oprimidos e os retrógrados. Pois o que conta não é o formato, e sim a forma que ele converte. Unindo-as pela música, fazendo o ouvinte pensar "tem alguém aí que se sente como eu".

E o representante máximo deste lado sensível do rock’n’roll na atualidade é o octeto escocês (atenção na Escócia, porque ela ultrapassou a média de bandas interessantes!) do Belle & Sebastian. Avessos à popularidade, eles evitam a imprensa e não gostam de fotos. Explodiram no ano passado com o chorão e folk If You’re Feeling Sinister e foram passados de fã para fã como um segredo, um documento que prova um conspiração a ponto de seu novo disco poder ser lançado com bastante expectativa.

E, felizmente, o grupo consegue transpô-la. Em vez de continuar no mesmo feijão com arroz do disco anterior, The Boy With The Arab Strap, o novo disco, é uma evolução. O clima Nick Drake/ Gabriel Yared está em todo disco, mas eles não ficaram no trivial. É claro que o principal holofote ainda está em Stuart Murdoch, que sussurra a maioria das canções com a vocalista Isobel Campbell. Mas o grupo é coeso e soa àquela simplicidade perfeita do terceiro disco do Velvet Underground. O casamento das influências musicais se dá na excelente "Spaceboy Dream", um conto musicado que mistura "The Gift" com "The End" e guitarras a la Johnny Marr. O resto do disco é aquele lamento pra quem acha que dar um passeio na rua e tomar uma pílula de valium é a mesma coisa, como sugere "Sleep the Clock Around". Se você é um deles, boa sorte.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
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