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04.01.1999

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DISTANCITY
(Interior de SP)

Por Mário Bross

Muitas pessoas concordam, que as coisas mais criativas e interessantes vêm de lugares distantes, longe dos grandes ‘movimentos’, longe das Capitais, ou até mesmo, longe do Mainstream. Já outros não concordam. Ao meu ver, pode ser até correto acreditar na primeira opção, já que estando mais ‘longe’ não se tem um acesso tão fácil e de maneira tão massificada a determinadas coisas, e que por isso a pessoa fica mais ‘à vontade" para criar o seu ‘movimento’ , não sendo obrigado a seguir um modelo, o que acaba sendo algo um pouco diferente daquilo que está ‘acontecendo’. Não que essa pessoa esteja ‘desantenada’ ao novo, mas que é massacrada com menos força, conseguindo se safar criando um estilo próprio, criativo e interessante.

Estou falando do rock alternativo.

Agora, o que ocorre em muito ‘movimento’ nas capitais, é o contrário. Talvez pela facilidade em obter informações, acaba criando-se ‘facções’, que giram sob um mesmo padrão, tornando difícil encontrar algo alheio à elas. Algo único, criativo e interessante. É claro que não estou generalizando, comento um fato que está ao meu alcance, já que toco em uma banda e rodo sempre por aí.

E é, a partir desse ponto de vista, que vou estar aqui, nessa coluna, comentando o underground do interior paulista, onde se ouve e se vê um bom número de bandas, fanzines e o ‘diabo a quatro’, que tentam e fazem de tudo para mostrar sua arte um pouco mais. Se você me entende, eles moram ‘longe’.

Na verdade, vou começar falando, não de bandas, zines ou gravadoras independentes, vou falar do que realmente eles precisam e está faltando: público.

As vezes, tenho a impressão que o público é concorrente das bandas, outras vezes, sinto que são as próprias bandas que se prestigiam. Será que não está na hora das bandas indie do interior, das quais muitas já têm uma estória e uma certa seriedade, terem um público? Não falo de números absurdos, mas sim de 150, 200 pessoas na média por show. Seria isso muito? Creio que não, pelo tanto de habitantes ‘roqueiros’ que existem na região.

O principal empecilho na realidade, é o dinheiro, para se fazer uma divulgação digna do evento e para alugar uma aparelhagem de som regular, depois vem a falta de apoio do próprio público, dos quais boa parte ‘odeia’ pagar o ingresso de qualquer apresentação e ‘adora’ ganhar um CD ou uma Demo-tape. Aí está um ótimo exemplo, do comentário que fiz anteriormente: Será que as próprias bandas se prestigiam?

Certa vez, fui ao show dos Raimundos em Americana e presenciei uma verdadeira multidão usando camisetas com logos de bandas, que têm tudo a ver com o que rola no nosso underground. Fiquei indignado, pois onde estavam essas pessoas em outras ocasiões? Assistindo Tele-Cine? Provavelmente sim, já que semanas antes, ou depois, não me lembro direito, mas tempo suficiente para juntar dinheiro para o ingresso (o qual, mais barato que o do Raimundos), houve um show no mesmo lugar, com LinguaChula, Wry, Acmme e uma outra banda da cidade, a primeira lançando seu CD, e tinha pouco mais de 90 pessoas. Com certeza, as bandas mereciam o prestigio e o apoio de pelo menos o dobro desse número, e não apenas o consolo dos amigos !

O que ‘salvaria’ o submundo do interior paulista de verdade, seria o público. O público que pagasse para ver os shows e que comprasse cds e tapes. Veja bem, meus amigos, nós temos boas bandas, que valem a pena assistir ao show ou comprar o cd e, cá entre nós, é bem mais barato que qualquer coisa relacionada a Charlie Brown Jr., Pato Fu ou Offspring e que muitas delas não devem nada a essas três! E no que isso adiantaria!?! Bem, isso faria com que rodasse mais verba no meio alternativo, o que daria mais qualidades aos shows, abririam mais ‘Casas Noturnas’ e, quem sabe, daria inicio a uma cena realmente forte !!

NOTAS

  • Bauru tem bandas legais e o melhor, público para vê-las. Recentemente estive na cidade e conferi o gás da galera. Dentre as bandas locais destacam-se: Bonequinho que faz um som alternativo dos bons; Angry uma guitar nervosa, com nova demo no pedaço; Norman Bates influenciados por Radiohead e cantam em português e No bones hardcore de primeira. Além de bandas, tem o fanzine Acervo, que no último número, você pode conferir uma entrevista com Fred 04, onde ele cita Vzyadoq Moe como influência, e para quem não sabe, VZ é sorocabana, e no final da década de 80 já misturavam sons de lata com rock. E Bauru tem muito mais, mande um email para Aran e saiba das novidades de lá.
  • Depois de abrigar muitos shows, como Ratos do Porão, Garage Fuzz, Mark Ramone and the Intruders, Wry e Pin Ups, a casa noturna Vienna de Americana, fecha seus porões. Uma nota triste, já que a cidade conta com uma das melhores, senão a mais batalhadora gravadora independente do interior paulista, a Holiday Records, que já lançou Punta de Riberão Preto, Old News de Valinhos, e muitas outras.
  • Foi lançada recentemente a fita da mais nova banda do interior. Trata-se da demo Click!! da banda sorocabana Jack Navarro. São quatro músicas de um curioso punk rock, apimentadas com funk e o rock’n’roll, letras em português. Destaques para a melodia "grooventa" de "Mentiras" e a poesia pirada de "click!". Vale a pena conferir.
  • E quem voltou ao cenário underground depois de uma grande temporada ausente, é a moçada do Burt Reynolds. Estão com uma demo nova, que mostra uma banda mais experiente, apostando no vocal feminino e num som mais "viajante". Já tocaram em vários locais dessas ‘profundezas’ do interior e foram ainda mais longe, se apresentaram no Goiânia Noise Festival, junto com bandas de todo o Brasil, no final de novembro.

Mário Bross
É líder da banda Wry

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