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01.02.1999

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Elliot Smith

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ELLIOT SMITH
XO
(Dreamworks)
Por Paulo Camargo

Com a prolongada entressafra pela qual o rock alternativo vem atravessando, outros gêneros musicais ganharam um inesperado espaço. Entre essas diversas vertentes do pop, o folk parece estar trilhando uma rota bastante particular. Depois de um longo e tenebroso inverno que se prolongou desde o final dos anos 70 até meados da década de 90, toda uma geração de novos artistas - em grande parte mulheres - surgiu com força total e caiu no gosto da juventude mais intelectualizada e descolada norte-americana, que passou a consumir este tipo de música como pão quente. Não é à tôa que Jewel, Tori Amos, Sarah McLachlan, Natalie Merchant e outras tantas acumulam discos de platina, enquanto os últimos trabalhos de bandas alternativas como Pearl Jam e Smashing Pumpkins mal conseguiram ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas. Sinal dos tempos? Talvez.

Em meio a esta mulherada toda, um dos poucos homens que têm conquistado a atenção do público e, sobretudo, da crítica é Elliot Smith. Já trintão e com toda uma série de discos realizados no circuito underground, ele foi resgatado da obscuridade há dois anos, quando a dupla Matt Damon e Ben Affleck bateu o pé e exigiu que fossem dele as canções que emolduram a tocante história do oscarizado Gênio Indomável. Com o sucesso do filme, Smith saiu do escuro. A trilha sonora, apesar de não ter vendido milhões, obteve êxito considerável e rendeu dinheiro e fama, além de uma improvável indicação ao Oscar de melhor canção pela bela "Miss Misery". Claro que não faltaram gravadoras interessadas em lançar seu primeiro álbum pós-Good Will Hunting. O contrato acabou sendo assinado com a Dreamworks Records, de Steven Spielberg.

Toda as expectativas em relação a XO foram superadas. Smith conseguiu, sem trair o intimismo e a sofisticação do trabalho, realizar um disco notável. Herdeiro direto de Simon & Garfunkel e dos Beatles, ele escreve melodias de extrema beleza ("Oh Well, Okay", "Waltz #1" e "I Didn't Understand" são exemplos), todas arranjadas por ele mesmo de maneira nada óbvia. E as letras, confessionais e recheadas de agridoce ironia ("A Question Mark"), falam do cotidiano nem sempre cor-de-rosa dos jovens contemporâneos com rara propriedade.

Apesar de toda a timidez de Elliot, este não é um disco ensimesmado, ainda que intimista. Musicalmente, é um trabalho vigoroso. Responsável pela execução de quase todos os instrumentos presentes no álbum, Smith larga o violão e adensa as texturas de suas canções com vigorosas guitarras ("Amity" e "Sweet Adeline"). E sem pedir licença ou qualquer pudor. Esta ousadia tímida faz toda a diferença. A música de Smith toca fundo, impregna os sentidos. Poucos conseguem fazer isso hoje em dia.

.Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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