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Por G. Custódio

VETERANOS DO INDIEPOP E SUAS NOVAS BANDAS

CINERAMA - Vários vocalistas masculinos se destacaram no âmbito do indiepop por sua vozes marcantes, que acabaram por ser a principal característica de suas respectivas bandas. Calvin Johnson do Beat Happening, Stephen do Pastels, Dan Treacy do Television Personalities e mais recentemente Nobby do Bartlebees, entre outros pequenos notáveis. Lógico, não podemos nos esquecer de David Gedge, do Wedding Present. Sua voz marcante - freqüentemente fora do tom, daquelas que todos estranham da primeira vez que se ouve - é a marca registrada do Wedding Present e como não poderia deixar de ser, é também marca registrada no Cinerama, novo projeto de Gedge.

Há quase treze anos tocando com o Wedding Present, banda que lançou verdadeiros clássicos do guitar pop no final da década passada como "Bizarro" e "Seamonsters", David Gedge decide dar um tempo e formar um projeto paralelo com sua namorada Sally Murrel chamado Cinerama, que acaba de lançar seu primeiro álbum intitulado "Va Va Voom". A proposta é criar novos sons a partir de um leque de influências que vão de Barcharach, Spector e Gainsbourg, passando por Zombies até Abba. Se o desafio era criar novos sons, então Gedge conseguiu, pois a única semelhança que o Cinerama tem com o Wedding Present é justamente no vocal.

Colocando a banda em paralelo com a cena atual da Inglaterra, eles poderiam ser comparados ao Delgados em seus momentos mais calmos, só que o pop do Cinerama é mais sofisticado, tipo um Divine Comedy. As canções de "Va Va Voom" estão recheadas de instrumentos como flautas (dê uma checada no solo de "Honey Rider"), violinos, violoncelos e teclados modernos, daqueles que imitam qualquer outro instrumento com perfeição. Esqueça aquele pique sem freios dos Weddoes. No Cinerama o que encontramos são canções de amor, guitarras dedilhadas, duetos de Gedge ora com sua namorada, ora com Emma Pollock dos Delgados, bastante melodia e até tentativas de fazer a voz de David soar afinada, o que pode parecer um verdadeiro sacrilégio para os fãs mais radicais do Wedding Present, mas não se assuste, pois o resultado final é muito bom. Vale ainda dizer que o álbum foi super bem recebido pela crítica musical inglesa, que já elevou Gedge ao posto de uma dos mais brilhantes compositores da Inglaterra. Nada mais justo.

"Va Va Voom" foi lançado nos EUA pela SpinART com dois bônus, sendo que um deles, a canção "Love", é excelente. Portando não faça a bobeira de adquirir a versão inglesa. E David Gedge merece um puxão nas orelhas por deixar sua gravadora inglesa, a Cooking Vinyl, lançar os singles "Kerry Kerry" e "Dance Girl Dance" em versões diferentes, tipo aquele coisa idiota de lançar duas versões do mesmo single, obrigando o fã a adquirir uma mesma música três vezes (as duas do single e uma do álbum). Vergonhoso a atitude da gravadora.

E quanto ao Wedding Present? Não se preocupem, pois a banda não acabou. Estará sendo lançado no primeiro semestre de 99 uma compilação dos singles da banda compilando os singles que foram lançados de 89 a 91. Vai ser um CD duplo com 33 faixas. Imperdível. Um novo álbum com canções inéditas é prometido para breve. Mas a melhor pedida continua sendo "Bizarro", sem dúvida o melhor álbum da banda, um verdadeiro clássico do guitar pop que foi lançado no Brasil e pode ser adquirido em vinil nos sebos do país por um preço bastante camarada.

FLIN FLON - Outro veterano do indiepop que está de banda nova é Mark Robinson, o homem por trás do Unrest e Air Miami, além de administrar a ótima gravadora Teenbeat. Dessa vez Mark surge com Flin Flon, nova banda que acaba de lançar "a-OK", um dos melhores e mais peculiares debuts do ano. Além de Mark, o Flin Flon ainda conta com o baterista Matt Datesman, que também toca no True Love Always e o ex-baixista do Cold Cold Hearts, Nattles.

"a-OK" é um álbum brilhante. Um tapa na cara daqueles que dizem que o rock/pop não conseguirá produzir mais nada de original com qualidade daqui pra frente. São dez canções que esbanjam personalidade própria, sem cair no experimental bizarro, caminho freqüente de 9 entre 10 bandas que tentam fazer algo original hoje em dia. Só por isso esse álbum já merece a atenção de todos. Nem precisava ser tão bom. Mas é.

As canções do Flin Flon são centralizadas na pegada forte do baixo super grave e melódico contrapondo-se a uma bateria que no começo parece fora do tempo, mas segundos depois soa maravilhosamente bem aos ouvidos. Não tem nada a ver com drum’n’bass, diga-se de passagem. Imagine um Joy Division sem um vocalista com tendências suicidas e você terá uma vaga idéia do que é o som do Flin Flon. Claro, há guitarras, mas elas são tão econômicas que se tornam quase imperceptíveis, servindo apenas como complemento. É um som que às vezes chega a ser dançante e sempre é bastante melódico. Deve agradar a gregos e troianos.

E aos que não quiserem arriscar comprando um álbum inteiro logo de cara, uma boa opção é o single "Swift Current" lançado apenas em vinil 7" contando com três canções exclusivas, sendo a faixa título um clássico do pop contemporâneo. Ou tente ainda o CD "1998 Teenbeat Sampler", que pode ser adquirido por apenas 5 dólares diretamente com a gravadora e conta com a exclusiva "Black Bear", a melhor canção do Flin Flon.

Finalizando, o Air Miami não acabou. O último single foi lançado Copa do Mundo e se chama "World Cup Fever". Já o Unrest acabou já faz um tempinho. Pra quem não conhece, o Unrest é uma banda clássica do indiepop americano do final dos anos 80, a compilação de singles "B.P.M." é um ótimo álbum para quem quiser se iniciar, sendo "Imperial f.r.r.r" o seu melhor álbum como um todo. Tudo isso está a venda na página da Teenbeat por preços razoáveis.

Gilberto Custódio Jr.
Editava o zine Esquizofrenia e está preparando sua volta ao meio

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