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04.01.1999

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GRENADE
A Child’s Introduction to Square Dancing

(Ordinary)
Por Alexandre Matias

Ao ver o marido triste e quieto num canto, a esposa de Rodrigo Guedes fez aquilo que toda esposa devia fazer para alegrar o companheiro: lhe comprou um novo brinquedo. Um Tascam de quatro canais, um estúdio portátil onde ele poderia matar a saudade de seu tempo de noise rocker, quando comandava o caos anfentamínico do Killing Chainsaw – não apenas a primeira banda a colocar o interior de São Paulo no mapa alternativo dos anos 90, como a responsável por Piracicaba ter uma ótima reputação de bandas barulhentas.

Mas Rodrigo casou-se e foi morar em Londrina, no interior do Paraná. Distante do Killing, o Tascam era mais do que um gravador de bases e temas para música de sua banda inicial – a máquina era um confessionário onde ele despejava os lamentos de sua guitarra. Logo percebeu uma das melhores qualidades do estúdio caseiro: a capacidade de qualquer som, do mais produzido ao mais casual, soar do mesmo jeito. Aos poucos foi diminuindo o ritmo do barulho e prestando atenção nas canções, trocando a guitarra por um violão (mas não em definitivo), tirando os instrumentos pouco a pouco.

Como Lou Barlow, Marcelo Colares e Rob Pollard antes dele, Rodrigo encontrou no lo-fi uma forma perfeita e fácil de se dar vazão aos seus impulsos artísticos – e tornou-se o Grenade. Banda de um homem só (como o Sebadoh, o Cigarrettes e o Guided by Voices), o Grenade se apresenta não como uma banda lo-fi – mas como um compositor que, se se apresentasse com seu próprio nome, não seria levado a sério. Então, como uma banda, Rodrigo esconde-se dos ataques frontais e enfia a cabeça na sua arma secreta – a canção.

A Child’s Introduction to Square Dancing (Ordinary, consiga sua fita – R$ 4,00 e correio incluso – pelo endereço Rua Visconde Inhomirim, 714. SP. CEP 03120-001. Ou pelo email ordinary@pobox.com) pode assustar pelo começo abrupto. Pra mostrar que não está nessa pelas aparências, Rodrigo pega seu som mais irritante (um drone Caleano numa guitarra distorcida) e grita o título de "I’m Not a Singer", pra explicar que não é cantor, nem músico – mas que sabe fazer música. A segunda faixa ("Ray Davies and Neil Young") entrega as influências – que ficam em algum lugar no meio do agressividade pop convencional e compacto dos Kinks e do proto-grunge caipira estradeiro de Neil Young. As doze faixas restantes transitam por aí – Rodrigo cantando músicas que hora soam viscerais (emboras cantadas ao violão) e outras bucólicas (mesmo com guitarradas). E mostra que ares diferentes podem gerar ótimos frutos. Cheque você mesmo.

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© 1999
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