Image1.JPG (15354 bytes)

04.01.1999

INFORMAÇÃO
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto
Relespública
DeFalla

P&R
Piveti
Isabel Monteiro
M
an or Astroman?

COLUNISTAS
COLUNA VERTEBRAL
de Ricardo Alexandre
PAIRANDO...
de Camilo Rocha
ESPINAFRANDO
de Leonardo Panço
OUTROPOP
de G. Custódio
PENSAMENTOS FELINOS
de Tom Leão
ROCK & RAP CONFIDENTIAL
de Dave Marsh
atenciosamente,
de rodrigo lariú

BR-116
Pequenas Capitanias
Outros Carnavais
Polaroid
Por Fora do Eixo
Loniplur-RJ
Das Margens do Tietê

Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando

HISTÓRIA
DO ROCK

Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes"

RESENHAS
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5

Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"
Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

E-MAIL

CRÉDITOS

P&R
ISABEL MONTEIRO (DRUGSTORE)

Por Alexandre Matias

Mês passado São Paulo assistiu o show de mais uma banda internacional. Mas para a vocalista do Drugstore, não foi apenas mais um show em um país estrangeiro. Isabel Monteiro é brasileira e mudou para a Inglaterra há quase dez anos. Lá, aprendeu a tocar violão e transformou seu amor por música como ouvinte por uma relação mais visceral com o som. Montou o Drugstore e, com o homônimo disco de estréia, chamou a atenção da exigente crítica musical de seu novo país com um excelente trabalho de guitarras e aquele clima melancólico que todo anglófilo adora. Passaram por uma crise logo depois do primeiro álbum, pois sua gravadora, a Go! Disc, havia falido. Depois de ajeitar sua própria situação, o grupo lança o segundo disco, White Magic for Lovers (RoadRunner), que mostra a banda mais pra cima, com um som mais amplo e dinâmico e belíssimas canções como Space Girl, Sober (uma das melhores músicas do ano) e El President (com Thom Yorke, do Radiohead) que confirmam a evolução do conjunto. Só agora Isabel volta ao seu berço, morrendo de ansiedade ao tocar frente a tantos fãs que nunca sonhou em ter. 1999 conversou com ela sobre a fama inesperada, o último disco e como é ser uma unanimidade na sempre divergente cena indie brasileira.

1999 - Vamos conversar sobre o assunto óbvio: queria que você me falasse como você foi pra Inglaterra, como se envolveu com música e como vê esta quantidade de elogios que vêm cobrindo a banda desde o primeiro disco?
Isabel Monteiro -
Pra mim, isso é um conto de fadas. Tem quase dez anos que eu fui pra Inglaterra pra estudar, mas na verdade foi só um motivo que eu encontrei para sair daqui. Então comecei a dividir o quarto com um cara que tinha violão e aprendi a tocar. Começar a compor foi decorrência disso.

1999 - E você pensava em compor quando estava no Brasil?
Isabel -
Na verdade, não. Mas eu tinha uma relação muito intensa com a música, que acho que é parecida com a de muita gente. Era ela que tapava o buraco dos amigos, eram os meus melhores amigos, que me deixavam tranqüila quando precisava.

1999 - E quem eram estes amigos?
Isabel -
Muito rock, punk rock, Velvet Underground, Beatles, Tom Waits, cantoras de jazz. Eu acho John Lennon um puta compositor, mas gosto também da atitude do Velvet.

1999 - Este disco está bem mais pra cima que o anterior e você citou Beatles e Velvet como influência. O Drugstore é um equilíbrio entre o lado pop perfeito dos Beatles e do novo-pelo-novo do Velvet?
Isabel -
Acho que sim. O disco anterior teve esse clima deprê porque eu estava deprê, compus esse disco sozinha, no quarto. No novo disco eu abri a janela desse quarto.

1999 - Como foi gravar com Thom Yorke?
Isabel -
Foi ótimo. Mas também foi complicado. Porque ele veio gravar o vocal da primeira vez e ficou horrível. Ninguém tinha gostado, mas ninguém tinha coragem de dizer que tinha ficado ruim. Pô, como é que você dizer pro Thom Yorke que o vocal dele está ruim? Mas tomei três copos de vinho (risos) e liguei pra ele: "Olha cara, legal você ter vindo gravar, mas seu vocal ficou ruim. Poderia fazê-lo de novo?". E ele veio, sem problema, gravou de novo e ficou legal. Acho que ele gostou porque eu tratei ele como uma pessoa normal. Tem um monte de pessoas que ficam bajulando o cara, limpando o lugar que ele vai sentar.
Acho que deve ser um saco...

1999 - E essas bonequinhas que estão na capa do disco?
Isabel -
Pois é, fui eu que fiz. Comecei como uma forma de passar o tempo, mas passei a descarregar um monte de sentimentos que eu tinha em relação a um monte de pessoas ruins nessas bonecas. Pode ser psicológico, mas funciona! Então fiz um monte de bonequinhas e bonequinhos, quase todos personalizados, que serviam pra exorcizar a influência dessas pessoas na minha vida. É a tal mágica branca do título. Um disco é algo passional e romântico, não pode ser racionalizado.

1999 - O show do Drugstore é tido como um dos melhores da Inglaterra hoje. Qual é o segredo?
Isabel -
É difícil dizer. Conto com a espontaneidade do show. Cada show é um show, tem uns ótimos e outros horríveis. Não planejamos nada. Fazemos set list, mas quase nunca seguimos. O cara que faz nosso site na internet outro dia escreveu dizendo que não sabia porque a gente faz set list, se a gente nunca usava (risos). Não sei se agüentaria fazer o mesmo show toda noite, seria como trabalhar num banco. Então, tomo o vinho e vou (risos).

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco