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01.02.1999

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LEITE QUENTE
Curitiba
Por Rodrigo "Digão" Duarte

A princípio, esta coluna tem como função divulgar as novidades que rolam aqui na Província do Leite Quente. Mas janeiro e fevereiro são meses um tanto infelizes para ocorrer algo de novo por aqui. É tempo das férias de verão, o calor de Curitiba é abafado de fazer suar até poste de luz e a porcentagem de adolescentes desocupados por metro quadrado é uma das maiores do país. A soma destes três fatores resultam num gigantesco êxodo de candidatos a público alternativo para o litoral. Assim, nem adianta tentar armar algum show ou festa de médio porte na capital, senão é prejuízo certo para o produtor. O máximo que pode acontecer é algum showzinho em tamanho portátil, mas até isso é difícil de acontecer.

Já que boa parte do público está na praia, supõe-se que deva ocorrer algum evento considerável em alguma cidade litorânea do Paraná. Realmente acontece. Não com a freqüência esperada, mas acontece. O que merece real destaque é a noite conhecida como Chacina. A violência do nome está quite com o tipo de som que rola na festa: hardcore e derivados.

A Chacina já é uma tradição em Pontal do Sul, no município de Pontal do Paraná. Desde 1995 que Grilo, o mentor da streetwear (ou seria beachwear?) Cruel Maniac, sua a camisa para organizar a peleja, que sempre acontece em um dos primeiros fins-de-semana do ano. As duas primeiras Chacinas eram completamente abertas ao público. Comparecia gente dos 8 aos 80 anos. Via-se velhinhos assistindo aos shows balançando o queixo e até roda de pogo infantil! O palco era montado no meio da rua onde fica a sorveteria Carranca e a filial da Cruel Maniac em Pontal. Durante a passagem de som sempre aparecia algum morador das vizinhanças para gritar com os músicos e ameaçar chamar a polícia. Este que vos escreve já testemunhou o esporro que Daniel Azulai, vocalista do Resist Control, levou de uma dona-de-casa que carregava uma criança no colo. Ela ameaçou até que iriam rolar tiros se o volume alto persistisse! Isto foi na segunda Chacina, em 1996, e até hoje ninguém que estava lá apareceu com uma radiografia acusando a presença de chumbo debaixo da pele.

A partir da terceira Chacina, a Cruel Maniac passou a cobrar pelo ingresso. Mas a nação chacineira nem chiou muito com a mudança porque o formato do ingresso é muito jóia: uma camiseta. Neguim veste a camisa da Chacina, entra na festa e por tabela acrescenta mais uma peça ao seu guarda-roupa. Nesta edição, o evento ocorreu num circo montado à beira-mar. A Chacina de 97 foi estranha porque teve que ser na capital e no final de ano, devido a uma série de empecilhos. O fato até gerou um certo inconformismo por parte do público cativo do evento, mas em 1999, ela voltou para Pontal do Sul e foi realizada no começo do ano para felicidade geral da nação.

Quanto ao som, já foi especificado que na veia da Chacina flui o nervosismo do hardcore e seus agregados. As bandas Resist Control (de Curitiba) e Os Cabeloduro (de Brasília) são patrocinadas pela Cruel Maniac e, portanto, já são pratas da casa, tendo tocado todos os anos. Não só por promoção, mas porque são os nomes que mais atraem público. Monkey Brain também era patrocinada da Cruel e tocou nas primeiras edições até que a banda terminou. Anões de Jardim, Adjustment e Better Days também tiveram o privilégio de tocar, mas em um ano apenas. Detalhe é que o Adjustment surgiu como surpresa da noite em 1996. Todos os integrantes estavam lá e acabaram dando uma canja com instrumentos emprestados de outros músicos.

Este ano ocorreu a sexta jornada do evento no dia 9 de janeiro. Os dois circos montados na beira-mar de Pontal do Sul abrigaram cerca de três mil pessoas. Um número considerável, se for levada em questão a forte chuva que assolou aquele fim-de-semana. Desta vez, o festival teve o apoio da Prefeitura do município de Pontal do Paraná, que possibilitou melhoras na produção. A quantidade de bandas de outros estados desta vez superou as "locais". Os Cabeloduro (DF), Garage Fuzz (SP) e Aliança Incorruptível (RJ) foram os "gringos" da noite, enquanto Resist Control e Pogoboll representaram Curitiba.

O infeliz aqui não pôde comparecer, mas fontes seguras garantiram o que já era esperado: Resist Control e Os Cabeloduro tiveram o melhor desempenho em cima do tablado. O fato da noite foi o tombo que Daniel do Resist Control levou. Deu aquele escorregão na beirada do palco molhado pela chuva e teve sua queda amortecida por algumas cabeças que chacoalhavam próximo ao palco. Com certeza o corpo que caiu não foi inconveniente para estes airbags humanos, pois quem fica na fila do gargarejo em show do Resist Control está convicto do risco de ganhar como souvenir do show a marca da sola do tênis do Daniel carimbada na testa.

Quanto às demais atrações, Pogoboll toca um funk rock que deve ter caído como uma luva para aquecer a massa. Garage Fuzz é hardcore anos 90 de excelente qualidade e com ótima presença de palco. Aliança Incorruptível foi a atração exótica da noite com certeza, por se tratar de uma banda de punk rock gospel liderado pelo surfista de Cristo Dadá Figueiredo, convertido depois que conseguir se livrar do vício das drogas.

Como sempre, A Cruel Maniac está de parabéns pela festa. No ano que vem com certeza rola mais uma Chacina, se o mundo não acabar em pizza.

Café Expresso

Os estudantes da UFPR, assim como qualquer estudante de universidade federal, estão em aula devido a uma greve monstro que atrasou todo o ano letivo de 1998. Para eles e para os alternativos que precisam trabalhar nas férias, existem algumas poucas opções de locais onde rola um showzinho. O Café Beatnik foi inaugurado em dezembro, o que é um suicídio por ser véspera de temporada, mas está se saindo bem. O gig acontece no andar de cima do sobradinho mas a acústica não é boa. Seria mais apropriada para acústicos. O Bandit Bar altera os mais diversos estilos musicais no seu palco, que inaugurou há três meses. Um grande trunfo do Bandit é a noite do 1,99, onde qualquer drink sai pelo mesmo preço de uma quinquilharia (com exceção da marguerita). No QG Bar, freqüentado pelo povo mais underground da cidade, as bandas costumam se apresentar no sábado ou domingo, muitas vezes com entrada franca.

Rodrigo "Digão" Duarte editava o papakapika zine e atualmente mantém em estado latente os fanzines Mambo Bobby e [MAIS] Zine. Só vai à praia usando bloqueador solar com fator de proteção 3.500.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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