Image1.JPG (15354 bytes)

01.02.1999

INFORMAÇÃO
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos

P&R
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera

COLUNISTAS
CINISMO ALTO-ASTRAL
por Émerson Gasperin
ESPINAFRANDO
por Leonardo Panço
OUTROPOP
por G. Custódio Jr.
PENSAMENTOS FELINOS
por Tom Leão
ROCK & RAP CONFIDENTIAL
por Dave Marsh
atenciosamente,
por rodrigo lariú

CORRESPONDENTES
INTERNACIONAIS

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO
por Cassiano Fagundes
WICKED, MATE
por 90

BR-116
Pequenas Capitanias
Comédias
Outros Carnavais

Por Fora do Eixo

Arroz com Pequi
Loniplur-RJ
Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando

HISTÓRIA
DO ROCK

Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis
"The Way of Vaselines"

FICÇÃO
Leia no último volume
Canalha!
Miniestórias

RESENHAS
Portishead
Chico Buarque (show)

Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha

Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam

New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux

Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Car
tels
Ba
bybird
Elliot Smith

E-MAIL

CARTAS

CRÉDITOS

LONDRINA CHAMANDO
Interior PR
Por Rodrigo Guedes

O Deus do Rock

Dia 24 às 15:30 começa uma das maiores tempestades que eu já vi na vida. Chove pedra, treme tudo e uma ventania daquelas começa a fazer estragos pela vizinhança.. Pânico em Londrina!

16:00, blackout total na cidade. Para muitos, momento de desespero. Fecha o comércio cedo, minha arte final e o texto para essa coluna vão para o espaço e eu não tenho mais o que fazer sem a porra de um computador. Massa!! Tempo pro rock! Ensaio marcado para as 19hs. Agora é só trocar as cordas da guitarra e esperar a energia voltar. Antes de ensaiar, vou pra casa comer alguma coisa. Mas no exato momento em que eu ponho os pés pra fora do escritório é que eu entendo a dimensão do problema. O trânsito está caótico, todos os sinais desligados. Preciso tirar dinheiro pra comprar comida, Caixa eletrônico desligado. Entro no carro e fico feliz em poder escutar um som. Absurdamente surreal é ligar o som no meio de Eletricity dos Beastie Boys.

Parada no sacolão pra comprar tomate para o sanduba. O cara pega o saco de tomate, olha pra ele e diz "50 centavos". Eu pergunto: "você não vai pesar?" , ele responde: "balança digital". Fuck! Nem os tomates escaparam!

Vou pra casa, tudo silencioso, na paz... Como o lanche e espero. Nada da luz voltar.

19:00: Melhor ligar pra galera e cancelar o ensaio. O telefone sem fio é daqueles que precisa de energia. Meu Deus! E se acaba a energia do mundo? Ficar sem telefone, microondas, água quente, rock’n’roll?

Por um momento eu penso. A quanto tempo não me sinto tão limitado, mas tão lúcido ao mesmo tempo. Sem eletricidade quase nada do que nós temos faz sentido. A TV, o vídeo, a coleção de CDs, a Internet, a guitarra... Só o que ficou ligado fomos nós mesmos e isso me parece muito agora que não tenho mais nada em que me "ligar". Clichê? Provavelmente, mas pense na eletricidade de vez em quando. É inacreditável como isso te fará se sentir vivo.

Ps. 20hs, perdi o ensaio, a eletricidade ainda não voltou.... o "Deus do rock" tirou o dia de folga.

Easy Complexees, Grenade e PELV’s30/01 – Londrina

Falar sobre organização de shows no Brasil é até besteira. Quase nunca existe. Algumas vezes a relação entre organização e banda é até meio sado-masoquista. A organização parece fazer questão de maltratar a banda e a banda sabe que vai passar por tudo aquilo e mesmo assim vai fazer o show.

Londrina vem fugindo a regra nesse sentido. A organização dos shows na cidade tem sido elogiada por quase todas as bandas que passaram por aqui. Desde as gringas até as sofridas Brazucas que se contentam com muito menos. Esse foi o caso da PELV’s. Participando de perto de todo esse processo, me deparei com uma das bandas mais tranqüilas e desencanadas que já passaram por Londrina. Um bom chuveiro, muitas cervejas e pizza foram o suficiente para a banda carioca que veio tocar na pequena Londres num dos eventos mais incertos já promovidos na cidade. Explico. O show aconteceu numa chácara, aberta, sem cobertura, num dia em que desde as 7 da manhã chovia sem parar. Caos entre os produtores. A dúvida entre transferir o show para um lugar mais seguro ou permanecer na chácara devido a divulgação já feita se instalou até as 14hs. O menor azul no céu foi o suficiente para bancar o macho e peitar a situação. Vamos continuar na chácara.

Corre corre para driblar o tempo perdido e a ação conjunta foi essencial para a montagem da estrutura. Durante todo esse processo a banda permaneceu muito tranqüila, sem se importar muito com a incerteza do evento. Passagem de som as 21hs e ainda por cima com chuva. Era para o mais calmo dos mortais estar apavorado. A banda parecia se divertir muito, não se importando com o que poderia acontecer mais tarde. O PELV’s não é uma banda nova. Está na estrada faz tempo. Talvez este seja o principal fator dessa tranqüilidade. Experiência.

1h da manhã. Chácara cheia. Nem uma gota de chuva. O trabalho foi recompensado. Entra no palco a primeira banda. A local Easy Complexees que na noite anterior já tinha aberto o show da PELV’s na vizinha Maringá repete o que já haviam mostrado na noite anterior. Boas idéias mas muito pouco tempo de banda para estar no palco. A banda com nítida influência de Pavement faz um som relaxado e sem pretensão. A banda ainda foi atrapalhada por problemas no gerador de energia que fez a luz do palco cair por 3 vezes. Depois de algum tempo se descobre o motivo. O esperto do técnico de som tinha todo equipamento da chácara ligado a uma única tomada!!! E lá vai a produção correndo feito louca para solucionar mais este imprevisto.

Em pouco tempo a Easy Complexees deixa o placo e em 15 minutos o Grenade já está começando o show. Foram 30 minutos de música sem parar para respirar. Da primeira cassete, apenas uma. O resto do set era composto basicamente das canções que em breve estarão em CD. Mais elétrico e mais eclético o Grenade mostrou suas influências folk e noise para um publico disperso ainda com alguns chatos e engraçadinhos pedindo musicas do Killing Chainsaw e Magik Balloon, respectivas ex bandas de seus integrantes.

Após o Grenade era a hora da atração principal. A PELV’s. Em muito pouco tempo o palco se transformou. Do barulho da última canção do grenade para a beleza das melodias e baladas incríveis da PELV’s, que deixa transparecer a satisfação de estar no palco. A banda parecia nem estar notando o público cada vez mais disperso, obviamente prejudicada pelo local escolhido para se fazer o só, com de barracas de bebidas muito longe do palco e um campo de futebol para se namorar e fazer a cabeça. Azar de quem não prestou muita atenção. Foi impecável. As cordas e o trompete se entendiam com perfeição e as musicas são excelentes ao vivo. A PELV’s está mais lenta e melódica, transformação natural para quem busca a perfeição no pop. Para quem não se preocupa em fazer música para neguinho ficar pulando e batendo a cabeça. Sinal de maturidade. Mas o que acontece é que o público não acompanha as bandas. As bandas que estão amadurecendo estão sendo assistidas por esse público que gosta de Planet Hemp e Off Spring. Isso é complicado. É sinal que nosso underground não consegue se segurar por muito tempo. Esse povo vai crescendo, arruma um(a) namorado(a) que gosta de pagode e esquece que um dia foi indie. Infelizmente é verdade. Os mais impressionados e as vezes hipnotizados pelo som da PELV’s eram os velhos de guerra. Esses sim foram presenteados com um grande show.

Members to Sunna já mostrava a PELV’s no topo das melhores bandas com um pé fora do Brasil. O show não somente apenas serviu para confirmar isso, mas para mostrar que é possível subir num palco com muito pouca estrutura e parecer grandioso. Sem se importar com o IBOPE porque afinal, em primeiro lugar, música foi feita para se ouvir. Quem estiver muito necessitado de "Adrenalina mano!" vai fazer pára-quedismo.

Semana passada foi dado o recado do programa de Rádio que está começando essa semana em Londrina. Apesar da divulgação em lista de discussão, e paginas de Internet poucas bandas entraram em contato. Mandem material! O primeiro programa vai ao ar no dia 11 de fevereiro. No primeiro programa as bandas nacionais 4 tack valsa e Sala Especial. No segundo programa pode ser a sua banda! Maiores informações: guedes@sercomtel.com.br

Rodrigo Guedes tocava no Killing Chainsaw e agora toca o Grenade.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

Fale conosco