O Pearl Jam é engraçado porque poderia ser um Bush da vida, enchendo-se com tubos de dinheiro e fazendo caretas pra sair bonitinhos nas capas de revista. Mas Eddie Vedder ficou paranóico depois do suicídio de Kurt Cobain e tornou-se um antipop star, se recusando a dar entrevistas, fechando a cara na hora de dar sorrisos e brigando por causas que achava realmente importantes (seja reservas indígenas, a libertação do Tibet ou o preço de ingresso de show).

Por isso Live on Two Legs (Sony), que poderia ser uma compilação de hits pra fã de FM nenhum por defeito, é um disco ao vivo inesperado. Pra começo de conversa, só inclui um hit do multiplatinado Ten - Even Flow. Nada de Alive, nada de Jeremy ou Oceans.

Assim como as canções dos outros discos. Os únicos singles que constam - além de Even Flow - em Live... são os de Hail Hail (do sombrio e belo No Code) e Given to Fly (do rocker Yield). O que transforma Live on Two Legs numa excelente oportunidade para rever as músicas "menores" do grupo - além de se prestar atenção melhor no desempenho deles sobre o palco.

No encarte do CD a banda justifica o porquê do disco ao vivo, explicando que a última turnê foi realmente boa, que valia o registro. Realmente. Desde Mirrorball (o disco com Neil Young) que a química do Pearl Jam é irrepreensível. É impressionante ver como eles se conhecem, dando margem a excelentes improvisos sobre o formato duas-guitarras-baixo-e-batera, trazendo de volta a empolgação de um show de rock’n’roll que tenha mais de três acordes na estrutura.