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04.01.1999

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(MG)

Por Kiko Duarte

Esse texto tem uma função básica: informar o que tem pra fazer em Belo Horizonte. É um texto básico, didático, com nomes, endereços, uma breve descrição e nossa opinião sobre o local/evento/grupo. Portanto, se você está pensando em vir pra Minas nestas férias, imprima o texto a seguir e boa viagem.

Pontos turísticos - A primeira sugestão é: fuja dos pontos turísticos. Na verdade não existe nenhum ponto turístico realmente interessante na capital mineira. Caso insista visitar estes locais, você pode ir, por exemplo, ao complexo arquitetônico da Pampulha, projetado por Niemeyer, e sentir o cheiro da lagoa que dá nome ao complexo. Não é nada excitante. Ou à praça da Liberdade, também com um prédio de Niemeyer. Ou ir à praça do Papa, onde você tem uma boa vista da cidade. Ou ver alguma exposição ou concerto no Palácio das Artes, recentemente reformado após sofrer um incêndio. E se tiver ânimo, acorde domingo por volta das 7 e vá visitar a feira de artesanato, que toma boa parte da Av. Afonso Pena, a principal da cidade. Você irá ver algumas centenas de pessoas, barracas de comidas, de artesanato, de bugingangas em geral. Mas nunca é demais insistir: fuja desses locais...

Onde ir - Se quiser curtir Minas, pegue um ônibus no terminal rodoviário e passe o dia em alguma cidade histórica. Ouro Preto, por exemplo, fica a apenas 90 minutos de Belo Horizonte. Outra opção é visitar alguma das inúmeras cachoeiras nas redondezas da cidade. Pergunte àquele seu amigo mineiro qual a melhor e como você faz pra chegar até lá.

Compras - Então você não quis ir pra Ouro Preto nem pras cachoeiras? Aproveite o melhor de Belo Horizonte, então. Vamos às compras. Como a crise está pesada e ninguém tem grana, só os básicos: algumas roupas, livros, revistas, apetrechos S&M e discos, muitos discos...

Se o seu negócio é vinil antigo, a melhor opção é um verdadeiro muquifo chamado Acervo Musical. Fica perto do Mercado Central e tem quase tudo o que você possa imaginar em discos já lançados no Brasil, de Nick Cave a Damião Experiença, passando por muita trilha sonora de novela. Os preços variam de R$1,00 a R$20,00.

Três lojas de CD merecem destaque. A DigiTraxx é coordenada pela lenda Arthur Couto Duarte, um jornalista de mão cheia. Tem bons discos em vinil também. A Urban Cave tem um bom acervo de rock/pop, vende os produtos Vision/Cavalera e têm, junto à loja, uma locadora de vídeo com o melhor acervo de musicais da cidade: de Singin in the Rain ao show do Cramps no hospício. E o pessoal da Motor Music, que também produz shows (a gente fala sobre isso mais tarde) tem o armazém musical Motor Music, onde você pode encontrar os discos distribuídos por eles por um preço super camarada. Fugazi, por exemplo, custa R$18,00. E qualquer disco da Fat Wreck Chords só R$16,00. Além disso, tem um bom acervo de camisas de rock/HQ e uma boa seção de 12". Esqueça as lojas tradicionais da cidade: Cogumelo já era, Pop Rock também e a galeria Praça 7, a nossa 24 de maio, está uma decadência só.

Se você não está tão assim pra disco e seu negócio é mesmo HQ e RPG, seu ponto de parada obrigatório é a loja da Livraria Leitura. É simplesmente maravilhosa. Eles abriram uma nova no BH Shopping, mas a da Savassi continua melhor. Se estiver atrás de revistas, vá a Livraria Van Damme. Tem revistas americanas sobre qualquer assunto que você possa imaginar: de armas a publicidade. Mas cuidado: o atendimento é um porre. Nunca, mas nunca, entre na loja de walkman. O dono, um holandês amargo, pode pedir pra você sair da loja porque o volume está incomodando... Na Motor Music você também boas revistas de música, tanto americanas quanto inglesas.

Tá precisando de umas roupinhas novas? Tente a Jackie-Uó e a Santíssima. As duas ficam na Savassi. A primeira sofreu uma ótima reforma recentemente e vende estilistas paulistas e mineiros. A segunda, além dos estilistas mineiros, tem roupas de segunda mão. Se quiser algo mais ‘pesado’, tem a Ponto G, um sex shop jóia, com livros, lingeries e muitos brinquedinhos: chicotes, algemas, bonecos infláveis e dildos de diversos tamanhos, cores e modelos.

Pra comer e beber - Se está em Minas, viva como os mineiros. A melhor opção é, sem dúvidas, a comida mineira. Vai feijão tropeiro, couve, torresmo, doce de laranja e cachaça aí? O melhor restaurante de comida mineira é, disparado, o Xapurí. Mas só é viável se você estiver motorizado: fica longe pacas. Uma opção mais central é o João Rosa, que serve comida mineira a quilo.

Se você for straight edge ou simplesmente vegetariano vá ao Naturalis. Tem ótimos pratos para quem não come carne.

Você é, como o Calvin dos quadrinhos, deserterian ("sobremesaniano")? Então você vai sofrer um ataque do coração ao conhecer o Tia Clara. Tem os melhores doces que você já comeu na sua vida. Quer fazer uma boca de pito? Vá à Casa do Café. Fica na Savassi, perto da Motor, da Tia Clara, do Hype e da Obra. No fim de noite, quando você já tiver ido a todos os lugares, vá pro Bolão. Fica na praça de Santa Tereza, em frente à Trash, e tem o maior PF que você já viu na vida (o rochedão) e o macarrão mais absurdo que você comeu. É barato e alimenta até um jumento. Também é ponto turístico: o pessoal do Sepultura e do Skank vivem lá e o restaurante tem os discos de ouro deles nas paredes.

Se estiver farto de comida e quiser algo mais leve, os McDonalds ficam aberto até as 23 horas, mas em muitas esquinas tem barracas de cachorro quente que ficam a noite toda. E se nem carrinho de cachorro quente estiver funcionando vá pro Postinho: umas dessas lojas de conveniência que a galera local adotou. Dia ou noite tem sempre gente por lá, bebendo, andando de skate e jogando conversa fora. Fica sabe onde? Na Savassi, bem ao lado da Obra, da Motor, do Clube Hype, da Casa do Café... (Pegou? Essa é a melhor região da cidade...)

Se você estiver sem fome e quiser mesmo é encher a cara, veio ao local certo. Belo Horizonte tem o maior número de bares por habitante do país. É um em cada esquina. Alguns se destacam: O Brasil 41 tem roda de samba e tira gostos maravilhosos. A Petisqueira Munhoz tem o melhor sanduíche de pão com carne da cidade. Outros, como todos os da rede Solmucci (Ao Bar, Salsalito, Margherita, Coliseu) são antros de mauricinhos e patricinhas. Fuja.

À Noite - Você bateu perna o dia inteiro, se alimentou, gastou dinheiro, descansou um pouco e quer mais é cair na gandaia. Pra onde ir? Opções não falta. Em qualquer uma das lojas que você visitou, certamente você pegou alguns flyers com o que está acontecendo em BH. Se o seu negócio é rock, principamente hardcore, pode ser que esteja rolando algum show no Butecário, o bar que fica no Sindicato dos Bancários. É central, tem uma boa localização, e cabe umas 350 pessoas. Os gringos do X-Acto e do Millencolin já tocaram lá. A Trash, que fica no tradicional bairro de Santa Tereza (onde o Sepultura nasceu) tem, normalmente, pagode e axé na sua programação. Mas sempre abre para shows e eventos especiais: foi lá, por exemplo, que Man or Astroman?, Superchunk, Exodus, Delinquent Habits e muitos outros se apresentaram. Cabe mais de mil pessoas mas peca pelo bar.

Se você é mais eclético, duas opções: o Paco Pigalle Bar, onde você vai ouvir música de todas as regiões do mundo (o dono é marroquino) e A Obra, um cubículo para 130 pessoas onde, dependendo do dia, você vai poder ouvir reggae, rock, música eletrônica, hip hop e bons shows (em janeiro tem Dominatrix e uma banda de hip hop da Holanda, dentre outros), além de ‘samba do bem’. É o local que anda programando os melhores eventos e shows com a galera da cidade. Os donos, aliás, são das bandas Os Meldas (uma lenda) e Estrume’n’tal. Fica no sub-solo de um prédio e é decorada com se estivesse em reforma.

Quer algo mais pesado? Vá pro Calabouço, o recanto da galera ‘roquenrol véi’. Sempre tem show pra ouvidos menos educados.

Seu negócio não é rock? A guitarra morreu, viva o sampler? Então a gente se encontra no Clube & Lounge Hype. Mesmo pequeno (300 pessoas), tem uma boa infra estrutura, mas o equipamento de som não é 100%. Na sexta tem coisas mais quebradas (drum’n’bass, big beat) e no sábado house e techno. Anderson Noise, o star do mundo moderno mineiro, sempre toca lá. Todos os outros Djs de Belo Horizonte (e alguns de São Paulo, Londres, Paris...) também.

Cena Local - Belo Horizonte não tem uma cena musical. Na verdade, tem grupos de vários estilos diferentes: tem quem flerte com a música mineira (Tianastácia, Zippados, Pessoas); com o ska (Mr. Rude); com a surf music (Estrume’n’tal, Tha Surfmotherfuckers), hip hop (Macunaíma X, Black Soul) e muitos que flertam com o hardcore. Essa galara, aliás, é maldosamente conhecida como panelacore: We Say No, Heffer, Dreadfull, Ourselves e mais uma dezena. Esqueça os grandes: Skank, Pato Fu e Jota Quest dificilmente tocam na sua cidade natal. Se fizer questão, vá ao show de Wilsom Sideral, irmão do vocalista do Jota Quest. Outra novidade que tem dado o que o falar é o Radar Tantã, novo projeto de Ronaldo Gino e César Maurício, os dois ex-Virna Lisi. Quem ouvir diz que flerta com o eletrônico...

Cena eletrônica, aliás, também não existe. A cidade deve ter o maior número de DJs por metro quadrado do país, mas só uma meia dúzia realmente presta. O drum’n’bass é bem representando por Blip e Roger Moore, ex-Dj de hip hop. Os dois evoluíram muito nos últimos meses, mas ainda não chegam aos pés de um Marky Mark. Se o seu negócio é 4x4, então não perca uma festa da família Noise. Anderson e Alvinho são os representantes de techno da cidade. E se quer ouvir house, siga os passos dos DJs Léo Mille e Robson. Fora esses, esqueça o resto. Não tem nada que preste.

E então? Deu uma clareada? Então se liga. Em cada edição vou estar aqui dando toques, dicas e informações sobre Minas. Te vejo na próxima.

Kiko Duarte
Não faz nada demais, mas é candidato a secretário de Turismo de Belo Horizonte.