Image1.JPG (15354 bytes)

04.01.1999

INFORMAÇÃO
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto
Relespública
DeFalla

P&R
Piveti
Isabel Monteiro
M
an or Astroman?

COLUNISTAS
COLUNA VERTEBRAL
de Ricardo Alexandre
PAIRANDO...
de Camilo Rocha
ESPINAFRANDO
de Leonardo Panço
OUTROPOP
de G. Custódio
PENSAMENTOS FELINOS
de Tom Leão
ROCK & RAP CONFIDENTIAL
de Dave Marsh
atenciosamente,
de rodrigo lariú

BR-116
Pequenas Capitanias
Outros Carnavais
Polaroid
Por Fora do Eixo
Loniplur-RJ
Das Margens do Tietê

Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando

HISTÓRIA
DO ROCK

Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes"

RESENHAS
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5

Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"
Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

E-MAIL

CRÉDITOS

"VELVET GOLDMINE"
Vários

(London)
Por Alexandre Matias

Difícil mesmo é o sujeito assumir que tem um lado feminino e que, às vezes, soltar a franga de verdade. Agora, desmunhecar no carnaval não tem problema. Se todo mundo se veste de mulher, qual é o problema de assumir, mesmo que temporariamente e disfarçado de brincadeira?

Deixar o lado glam pra fora é a versão musical de assumir que é gay. O problema não é como você se sente, mas como as pessoas vão encarar isso. Mas você percebe que o problema maior não é ser glam (ou gay), mas o fato da pessoa fingir não ser, quando isso na verdade só a reprime de todas as formas.

A trilha de Velvet Goldmine é o "baile das virgens" da música pop. Onde um monte de gente importante mostra que tem um lado glam e que o mantém preso no fundo do armário. Porque por mais chique e sofisticado o glitter pode ser, ele também é mundano, terreno, vulgar, cafona e brega. É o lado ruim de assumir - o sujeito pode até se achar mais liberal, mas tem que se acostumar aos chiliques.

E todo mundo dá chilique em Velvet Goldmine. O Shudder to Think ("Hot Ones" e "Ballad of Maxwell Damon"), o Placebo (mantando a pau em "20th Century Boy"), o Grant Lee Buffalo (irreconhecível em "The Whole Shebang") e até o Teenage Fanclub (com a Donna, do Elastica, encarnando um impossível New York Dolls, em "Personality Crisis") escandalizam com todo o brilho chinfrim que precisam. O Pulp surge no meio da trilha quase como um pioneiro, soberano de todos aspirantes a glam. Os três primeiros da lista encarnam Bowie com perfeição, mas o grupo de Jarvis Cocker já tem a personalidade própria que a trilha precisa.

Como tem o Venus in Furs, um dos supergrupos envolvidos. Parecem uma versão turbinada do Roxy Music, com Thom Yorke encarnando um Bryan Ferry melhorado (!!) e Bernard Butler (que poderia ser o Mick Ronson da versão Coming Up do Suede, pena que ele saiu) e Jon Greenwood (que, como Thom, é do Radiohead) casando suas guitarras da melhor maneira possível ("2HB", "Ladytron" e "Bitter-Sweet" são lindaças!). Até quando o ator Johnattan Rhys Meyers assume os vocais (cantando pior que o Ozzy) a banda dá show.

O outro supergrupo não resistiu às afetações do outro estrela do filme, Ewan McGregor. O Wylde Rattz (que deve lançar disco solo, felizmente) também é uma versão turbo de sua matriz - os Stooges -, mas o vocal de McGregor é pavorosamente fraco. E dizem que o original do Mark Arm (Mudhoney) estava melhor que o de Iggy Pop. Eu não duvido.

Ponteando a bela coleção de faixas que é o disco, números menores e mais calmos dos glitters originais dão seu alô, como se fossem bandas menores do universo do filme. Roxy Music, T-Rex e Lou Reed aparecem em músicas manjadas, mas que não representam o melhor de sua safra. Mas falta Bowie.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco