Quase
todos ouviram, ao menos, algo sobre Tai Ji Quan (T'ai Chi Ch'uan)
nos últimos
tempos. Os movimentos ora lentos ora graciosos, típicos traços
calmos do Oriente, cativam nossas atenções à primeira
vista, pois, não é à toa que é chamado de
"Zen em movimento".
Onde há
vontade, há movimentos, como antigos mestres da arte de Tai Ji
Quan diziam. A integração de mente e corpo em artes de
combate foi o ponto de mutação da tecnologia de lutas
corporais da China imperial, embora isso chegasse um pouco tardiamente.
Na primeira metade do século 19, o uso de armas de fogo nos campos
de batalha, costume trazido pelos europeus, começou a difundir-se
na China, o que forçou antigas artes de combates a buscarem novos
sentidos para sua existência. Essa tentativa foi mais acentuada
entre os profissionais da área de proteção a transportes
de mercadorias de grandes valores, a maioria dos quais escoltava caravanas de
mercadores ao longo da Rota da Seda que estendia por várias
províncias setentrionais da China, onde havia gentes de todas as sortes, incluindo assaltantes perigosos, muitos deles, conhecedores de artes marciais bem treinados. A idéia de melhorar
suas atuações profissionais nos serviços de escolta
a transporte de valores utilizando tradicionais técnicas de combate,
em detrimento da adoção do uso de modernas e eficientes
armas de fogo recém-introduzidas da Europa, persistiu entre exímios
mestres de Xing Yi Quan (Hsing Yi Ch'uan), inicialmente. A atitude
foi seguida logo pelos expoentes das outras duas escolas, Tai Ji Quan
e Ba Gua Zhang (Pa Kua Chang) durante todo o século 19.
As sementes da idéia das Escolas Internas germinaram no final
da Dinastia Ming no século 16, porém somente três
séculos depois frutificaram nas três principais escolas
internas que vinham produzindo os melhores lutadores desde os meados do século 18 até os primeiros anos da Velha República, i. é, entre 1750 e 1935: estas três são Xing Yi Quan, Tai Ji Quan e Ba Gua Zhang.
O porquê da demora pela adoção da idéia por
maioria da comunidade de artes marciais? A relutância à
idéia das Escolas Internas devia-se ao fato de os paradigmas
das mesmas serem radicalmente paradoxais às velhas maneiras de
encarar as tecnologias de combate.
Tradicionalmente denominam-se Escolas Externas as escolas que seguem
velhos modelos. A escola Shao Lin encabeça estas escolas muito
numerosas que chegam a ser até centenas e, entre elas, Fan Zi Quan,
Liu He Quan e a maioria de Chang Quan são mais
conhecidas.
Quaisquer que fossem
meios empregados, o que parecia a importar a todos era eficácia
das técnicas de luta diante da nova situação na
qual homens recorriam a tudo à sua disposição,
sejam meios físicos, sejam meios químicos. Ao passo que
a ideologia bélica européia, que permitiu o uso das armas
de fogo nas batalhas com sua conseqüente possibilidade de elas
serem utilizadas para destruição da força inimiga
em massa, baseava seus fundamentos tecnológicos no mundo exterior
e tangível, os mestres das Escolas Internas dirigiam suas atenções
ao mundo interior de si mesmo, aéreo, volátil, porém
espiritual, lembrando-se de que as lutas entre seres humanos serem mais
um mal inevitável do que algo justificável, mesmo que
sociedades exigissem as atitudes morais duvidosas. Esta orientação
ideológica forçaram-nos a procurar redimir-se das suas
frustrações inevitáveis, decorrentes da impossibilidade
de anular o poderio indiscutível das armas de fogo, nas tradições
filosóficas taoístas, estas sendo um sistema filosófico
milenar autóctone da China e remontando suas origens às
remotas épocas mitológicas.
Eis,
o Yin e o Yang do Taoísmo e das Artes Marciais
do Norte da China nos anos finais do Último Grande Império
Manchu; quando uma coisa chega a seu extremo da existência, ela
se transforma em algo de um estado contrário ou oposto ao anterior
e assim sucessivamente.
Um ser sofre mutação por força gerada de um estado
anterior que, por sua vez, se sofreu por outra. Nada permanece inalterado,
senão uma mudança constante, pois há uma força
motriz e primordial que move todos os demais seres e todos os estados
do cosmo, porém Ela não pode se modificar sua natureza
por si mesma, pelo contrário, ela não poderia ser mais
capaz de mover as outras coisas, pois perderia sua estrutura absoluta:
i. é, o Tao, a Verdade derradeira.
Os grandes mestres reformadores das Escolas Internas conseguiram identificar
essa força primordial das artes marciais à nossa psique.
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