NO VESTIBULAR

Por Fernando L. D.

 

 

 

 

Odeio química. Física nem tanto, considero-a de certa forma interessante, ainda que bem pouco. Cálculos estequiométricos, ácidos, bases, Leis de Newton...qual a fórmula da aceleração centrípeta mesmo?

Esfrego os olhos e observo o que se passa ao meu redor. A menina sentada à minha frente bebe um gole d’água enquanto um cara com toda a pinta de CDF arma um verdadeiro piquenique, composto por um Gatorade de tangerina, um pacote de Passatempo e um respeitável Hambúrguer. Parece estar se divertindo.

É minha vez de tomar um pouco de água. Bebo devagar, sem muito ânimo de voltar a resolver a prova. Alguns dos candidatos já estão de braços cruzados, antes mesmo do término do período mínimo de permanência na sala. Isso me encoraja e volto minha atenção às temidas provas de física e química. Resolvo algumas das quarenta questões. Menos da metade. Aliás, bem menos. Nada de resta a não ser fazer uso do Cálculo Hipotético Utilizado em Testes e Exames.

Saio da sala cerca de trinta minutos antes do término da prova. Senti uma ponta de inveja daqueles que ainda se esforçavam e lutavam contra o relógio. Merecem passar ao menos à segunda fase. Daqui a duas semanas será a segunda etapa da primeira fase. Ah, se todas as provas fossem de geografia e história...mas não são. Isso quer dizer que ainda tenho que estudar a respeito das briófitas, do Tripanossoma cruzi e a reprodução dos angiospermas...é a vida.