BOTAFOGO 3 X 1 VASCO - 1948

 

Há treze anos sem ganhar um Campeonato Carioca, a torcida do Botafogo, no dia 12 de dezembro de 1948, está em pé de guerra. Estádio de General Severiano lotado, ela aguarda sob um calor escaldante os times de Vasco e Botafogo entrarem em campo para a partida que vai decidir o título de campeão do Rio naquele ano.

O supersticioso presidente do Botafogo, Carlito Rocha, está agarrado a "Biriba", um cachorrinho preto e branco, mascote do time. Se for necessário, num momento estratégico, esfriar o adversário, Carlito está preparado para soltar "Biriba" dentro do campo de General Severiano durante o jogo. O vestiário do Vasco, no estádio do Botafogo, foi pintado pela manhã com cal virgem para arder os olhos dos vascaínos. Os vasos sanitários entupidos, cheios e malcheirosos, a água cortada. E na passagem do time do vestiário para o campo, sob a proteção de uma tela de arame, os jogadores vascaínos tomam um banho de pó-de-mico, lançado pelos torcedores do Bota.

Mas, quando a partida começou, ficou claro para os 15.000 torcedores que a guerra de nervos era totalmente desnecessária. O time da Estrela Solitária deu um verdadeiro show de bola no famoso Expresso da Vitória, como era conhecido o Vasco, campeão de clubes campeões sul-americanos. Osvaldo Baliza; Gérson dos Santos e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirillo, Otávio e Braguinha massacraram o Vasco de Barbosa, Eli, Friaça, Ademir, Chico e outros craques.

Logo aos 2 minutos de jogo, o Botafogo já está ganhando de 1 x 0. Depois de receber um cruzamento de Braguinha, o ponta Paraguaio acerta uma cabeçada fulminante. Desordenado, o Vasco tenta a reação. Ipojucã tenta impor-se no meio-campo, ajudado pelo clássico Danilo Alvim. Tentam forçar as jogadas pelas pontas com Friaça e Chico. Mas os laterais Rubinho e Nílton Santos estão em grande forma.

Aos 40 minutos do primeiro tempo, o Botafogo aumenta para 2 x 0. Paraguaio investe pela direita e chuta, a bola bate nas pernas do nervoso Barbosa e sobra para Braguinha na pequena área. Ele dá um leve toque na bola e a coloca no fundo das redes. A torcida botafoguense explode. Os vascaínos ficam mudos.

O terceiro gol vem aos 5 minutos do segundo tempo, para acabar de vez com as esperanças vascaínas de uma reação no jogo. Braguinha lança Otávio em profundidade. Ele chuta da entrada da área, sem dar chance a Barbosa. Dois minutos depois, Friaça chuta forte, Ávila tenta rebater e marca contra. Mas nem time nem torcedor do Vasco chegam a vibrar. A sorte já estava decidida. O Botafogo continuou mandando no jogo até o apito final do juiz Mário Vianna.

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