GERSON

 

Durante quase dezoito anos de futebol, Gérson Nunes de Oliveira, o Canhotinha de Ouro, ouviu elogios, críticas e provocações: craque, temperamental, herói, ídolo, mau-caráter, violento, covarde, líder. Mas ninguém negava seu futebol refinado, inteligente, estratégico.

Gérson criou fama e prestígio graças a sua perna canhota. Com ela, aplicava dribles curtos nos adversários, amaciava e lançava a bola a 30 ou 40 m para um companheiro finalizar a jogada fatal de contra-ataque, que tanto ajudou o Botafogo na campanha do bicampeonato de 1967 e 1968. Sua famosa canhotinha deu ainda o bicampeonato ao São Paulo em 1970 e 1971, e, principalmente, o tricampeonato mundial à Seleção Brasileira de Zagalo, em 1970.

Nascido a 11 de janeiro de 1941, Gérson passou grande parte da infância ouvindo elogios de que poderia ser um craque no futuro. Convidado por Modesto Bría, em 1958, Gérson tomava o caminho da Gávea e, no primeiro treino, ganhou a camisa titular. Em 1959, foi para os Jogos Pan-Americanos de Chicago e, no ano seguinte, à Olimpíada de Roma, como amador. Assinou seu primeiro contrato de profissional ao voltar da Itália e, em 1961, já estava na Seleção Brasileira de profissionais. Deixa a Gávea em setembro de 1963 brigado com o técnico Flávio Costa, que na decisão de 1962 contra o Botafogo exigira que ele jogasse na ponta-esquerda para dar o primeiro combate a Mané Garrincha. É transferido para o Botafogo, custando seu passe 150.000 cruzeiros, transação recorde na época.

Sua fama de violento começou quando, em 1962, quebrou a perna do juvenil Mauro durante um coletivo. Num amistoso de 1969, acertou o peruano Della Torre, que saiu de campo com fratura na perna direita. No lance com Vaguinho, em 1971, diz que foi casual - "o juiz nem marcou falta"- embora o atacante do Corinthians tenha saído com a perna fraturada. Às acusações de que era mau-caráter, rebate afirmando: "Sempre defendi os interesses de companheiros menos favorecidos pela fama".

Em 1970, foi um dos líderes da seleção montada por Zagalo, ao lado de Carlos Alberto e Pelé. Líder que chegou às Laranjeiras em 1974 disposto a dar um título ao Fluminense. Mas encerrou a carreira antes disso. Jogou pela última vez a 16 de novembro de 1974, contra o Madureira (vitória de 1 x 0), pelo terceiro turno do Campeonato Carioca. No dia 26 de fevereiro de 1975, recusou uma proposta milionária do presidente Francisco Horta para renovar contrato e foi para casa.

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