HELENO DE FREITAS

 

Heleno de Freitas foi um dos mais notáveis estilistas do futebol brasileiro e sul-americano de todos os tempos. Nascido em São João Nepumoceno (MG), em 1920, aos 13 anos se muda para o Rio de Janeiro e logo entra como sócio do Botafogo, iniciando-se no juvenil. Dois anos depois, o Botafogo extingue o departamento juvenil, o que obriga Heleno a se transferir para o Fluminense.

Foi aí que descobriu sua verdadeira posição - centroavante - e onde começou sua longa carreira que o tornariam famoso. Por influência de amigos, briga no Fluminense e volta ao Botafogo. Sua grande oportunidade surge na estréia do Campeonato Carioca de 1940, contra o São Cristóvão, em São Januário: Carvalho Leite, artilheiro e ídolo da torcida, contundido, pede para sair durante o intervalo. Heleno entra no segundo tempo e marca os dois gols que selaram a vitória do Botafogo.

Até 1947 foi sempre artilheiro do Botafogo, embora nunca chegasse a campeão do torneio carioca. Junto com a capacidade de goleador, a tendência irresistível às brigas: em 1940, derrotado por 3 x 1 pelo Fluminense no returno, provoca o juiz Mário Vianna e é expulso; em 1942, atraca-se com Lelé, do Madureira, e cria um tumulto tão grande que foi necessária a intervenção da polícia para dominar o conflito; na Gávea, no mesmo ano, agride a pontapés Domingos da Guia; ainda na mesma temporada briga com o treinador Ademar Pimenta; e, em 1945, contra o Madureira, é expulso novamente por Mário Vianna. Briga até com o presidente Benjamim Sodré, que chamara sua atenção pela vida boêmia que levava. Heleno estava sendo derrotado pela doença que o minava, a sífilis.

Em 1947, o último contrato com o Botafogo, passa a sofrer nova provocação das torcidas adversárias: é lançado com enorme sucesso o filme Gilda, com Rita Hayworth, que encarna a figura de uma mulher voluntariosa e temperamental. Para irritar Heleno, a galera gritava uníssona "Gilda, Gilda", provocação que levava o craque à loucura. Heleno passa a brigar até com os próprios companheiros. A situação fica insustentável e o presidente Carlito Rocha vende seu passe para o Boca Juniors. No ano seguinte, ainda por seu temperamento, é transferido para o Vasco, quando conquista pela primeira vez o título de campeão carioca. Briga com o técnico Flávio Costa e é vendido ao Atlético de Barranquilla, da Colômbia, onde chega a ganhar estátua em praça pública por suas atuações. Com sífilis cerebral, volta ao Brasil, disputa algumas partidas pelo Santos e termina sua carreira no América (RJ). Joga apenas 20 minutos - no Maracanã, pela primeira vez. Sai de campo expulso - pela última vez.

Morre em Barbacena (MG), em 1959, esquecido e abandonado, internado num hospício.

voltar