NÍLTON SANTOS

 

Nílton Santos jogou em quase todas as posições da defesa do Botafogo, mas foi na lateral-esquerda da Seleção Brasileira, na qual permaneceu titular absoluto de 1951 a 1962, que conquistou o título de bicampeão mundial (1958 e 1962). Foi jogador de um equilíbrio extraordinário e no início da carreira, no Flecheiras, da ilha do Governador, gostava de jogar de meia-esquerda. Craque que nasceu com alma de atacante, acabou glorificado pela arte de evitar os gols. O senso de equilíbrio, a classe, a elegância, a segurança que dava ao Botafogo e à Seleção Brasileira consagraram-no como a Enciclopédia do Futebol.

Com Nílton Santos surgia no Botafogo um lateral que tinha a estranha mania de atacar, chutar a gol e até marcar. Em 718 partidas que defendeu o alvinegro, marcou 11 gols. Sua categoria levou-o à Seleção Brasileira em 1949 para disputar o Sul-Americano e a Copa Rio Branco.

Flávio Costa, que gostava de beques duros e viris, deixou Nílton Santos na reserva na Copa do Mundo de 1950, no Brasil. Mas ele foi campeão do Pan-Americano de 1952, no Chile, e do Sul-Americano de 1953, em Lima. No ano seguinte, foi titular da Seleção na Copa do Mundo na Suíça, sob a direção de Zezé Moreira. Em 1958, saiu do Rio de Janeiro como reserva do gaúcho Oreco e voltou da Suécia campeão mundial. Em sua estréia, quase levou o técnico Vicente Feola à loucura por avançar. Mas, ao tabelar com Mazola, marcou o segundo gol na vitória de 3 x 0 contra a Áustria. Foi campeão carioca de 1957, 1961 e 1962, e brasileiro de Seleções em 1951. Na Copa do Mundo de 1962, jogou como lateral-esquerdo, mas no Botafogo atuava de quarto-zagueiro.

Um dia, em 1964, jogava contra o Vasco e reparou num zagueiro forte que esbanjava saúde. Quis saber quem era e ficou assustado: "Brito, filho de Leonídio Ruas? Meu companheiro de peladas no Flecheiras? Tá na hora de parar". Escolheu um clássico contra o Flamengo, a 13 de dezembro de 1964, para a despedida.

O Maracanã estava lotado e Nílton Santos recebeu a mais longa salva de palmas que se conhece no futebol brasileiro. O Flamengo era o grande rival e mais uma vez ele foi vitorioso: uma jogada sua terminou nos pés do juvenil Roberto Miranda, que definiu a vitória de 1 x 0 para o Botafogo. Um adeus como convém aos ídolos.

Naquele dia, o esporte brasileiro perdia o futebol mágico de um dos melhores (senão o melhor) laterais-esquerdos do mundo. Um lateral com vocação pelo gol e que sabia como evitá-lo. Perdia a Enciclopédia do Futebol.

voltar