ZAGALO

 

Conseguir destaque na ponta-esquerda de uma linha em que atuavam os mitos Mané Garrincha e Didi, além do consagrado Amarildo, não era para qualquer um. E Zagalo foi titular nesse lendário ataque, que levou o Botafogo ao bicampeonato de 61/62, exatamente por não ser um jogador comum. Sem o futebol vistoso de seus companheiros, Zagalo patenteou o estilo " formiguinha", o do ponta-esquerda que voltava para ajudar o meio-campo, inovação que marcaria profundamente os esquemas táticos do futebol brasileiro nos anos seguintes.

É uma contribuição que a memória esportiva nacional pouco registra. Hoje não é fácil encontrar em algum arquivo reportagens sobre o jogador Zagalo. Sua fama está mais ligada à vitoriosa carreira de treinador. Curiosamente, porém, ele tem mais títulos como jogador do que na função de técnico. Além do bicampeonato carioca de 61/62, conquistou o torneio Rio-São Paulo pelo Botafogo em 62, participou do tri do Flamengo, seu primeiro clube profissional, em 53/54/55, e foi bi mundial pela Seleção, Copas de 1958 e 1962. Como técnico, as conquistas mais importantes foram a Copa do México, em 1970, o Campeonato Carioca de 1972 pelo Flamengo e o bi (67/68) pelo Botafogo.

Mário Jorge Lobo Zagalo nasceu em Maceió, Alagoas, a 9 de agosto de 1931, e mudou-se para o Rio de Janeiro aos 8 meses de idade. Começou a delinear o estilo " formiguinha" já no Maguari, time amador que defendia. Em 1943 entrou para o América como sócio contribuinte. Jogava vôlei, também. O primeiro título foi o I Campeonato Brasileiro de Amadores, em 1949, defendendo a Seleção Carioca. No início da década de 50 transferiu-se para o Flamengo, conquistando o tricampeonato numa linha de ataque inesquecível, que, além de Zagalo, contava com Joel, Moacir, Índio e Dida.

Sua história no Botafogo começou logo após a Copa de 1958, na Suécia. Em General Severiano já chegou respeitado pelo novo jeito de jogar na ponta-esquerda, se preocupando também em combater no meio-campo. Dessa maneira, permitia que o genial Didi subisse mais ao ataque para marcar gols, enquanto ele cuidava da marcação. No título de 1961, por exemplo, Didi marcou 7 gols, contra 2 de Zagalo. Já em 1962, apesar de ter jogado apenas 5 partidas, Didi fez 3 gols contra 2 de Zagalo, que atuou 23 vezes.

Zagalo abandonou a carreira de jogador em 1965, aos 34 anos. A partir de então, o ponta-esquerda simples e eficiente deu lugar ao treinador estudioso e estrategista, que contribuiu para a modernização do futebol brasileiro.

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