Terça-feira,
Outubro 21, 2003
Três
e dezessete da manhã de uma terça-feira e o garçom
já havia desarrumado todas as mesas e empilhado todas
as cadeiras. O dono do bar olhava o ambiente vazio e contava
o dinheiro na registradora. Caía uma chuva bem fininha,
que deixava o vidro embaçado mas ainda podia se ver o
reflexo da luz de um carro valente que atravessava a avenida
deserta. Os semáforos já estavam no amarelo piscante
e as ruas cheias de poças d’água. O garçom
sabia que não podia demorar muito senão perderia
a última linha para Parelheiros. Ele não podia
perder aquele emprego de jeito nenhum, ainda mais sendo arrimo
de família e o irmão vindo do Maranhão
para morar junto com todos os outros oito na casa dois-quartos-e-uma-cozinha.
Estavam todos esperando
que aquele quarentão grisalho saísse do seu lugar
e pagasse a conta. Todos seus amigos tinham ido embora, havia
uns copos de chope pela metade, um pouquinho de amendoim jogado
na mesa e um baralho velho com cartas marcadas. Uma nota de
dez trepidava entre o bolso e a ponta da cadeira, muitas moedas
estavam no chão. (Juliano Machado)
Segunda-Feira,
Outubro 20, 2003
Três
e dezessete da manhã de uma terça-feira e o garçom
já havia desarrumado todas as mesas e empilhado todas
as cadeiras. O dono do bar olhava o ambiente vazio e contava
o dinheiro na registradora. Caía uma chuva bem fininha,
que deixava o vidro embaçado mas ainda podia se ver o
reflexo da luz de um carro valente que atravessava a avenida
deserta. Os semáforos já estavam no amarelo piscante
e as ruas cheias de poças d’água. O garçom
sabia que não podia demorar muito senão perderia
a última linha para Parelheiros. Ele não podia
perder aquele emprego de jeito nenhum, ainda mais sendo arrimo
de família e o irmão vindo do Maranhão
para morar junto com todos os outros oito na casa dois-quartos-e-uma-cozinha.
Estavam todos esperando
que aquele quarentão grisalho saísse do seu lugar
e pagasse a conta. Todos seus amigos tinham ido embora, havia
uns copos de chope pela metade, um pouquinho de amendoim jogado
na mesa e um baralho velho com cartas marcadas. Uma nota de
dez trepidava entre o bolso e a ponta da cadeira, muitas moedas
estavam no chão. (Juliano Machado)
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