Página Principal

História
Hino
Títulos
Estádio
Ctr
Dados
Hall dos Jogadores
Você Sabia?
Torcida

E-mail

 

 

 

O Começo

Dia 8 de Agosto de 1956. Quem viu aquele crioulinho franzino e de olhos assustados entrar na Vila Belmiro, acompanhado de Valdemar de Brito, não deu e nem podia dar qualquer importância à figura. Afinal, o Santos começava a se firmar como um dos grandes do futebol paulista, caminhando célere para o bicampeonato, e o aparecimento diário de adolescentes atrás de uma oportunidade era fato banal.

O menino Édson Arantes do Nascimento, então com 16 anos incompletos, fizeram uma viagem longa de trem desde Bauru para entre os infantis naquele dia. Como chovera bastante e o campo estava em mau estado, Édson – ou Zico, como era chamado pelos familiares – acabou não podendo treinar.

Valdemar de Brito persistente chamava quem passasse pela sua frente para apregoar as virtudes do seu protegido. Fez isso com o ponteiro Tite, um dos grandes nomes do time na época.

Tite estou trazendo para o Santos o futuro rei do futebol. É aquele menino ali.

Tite olhou e apenas sorriu complacente. Pepe também lembra a chegado de Pelé ao clube:

– Ele vestia um terno marinho. Pelo jeito dele, a gente via que era a primeira vez que estava usando calças compridas. Nas mãos, carregava uma pequena mala de falso couro.

Pelé ainda não era Pelé. E, quando treinou pela primeira vez no dia seguinte, entre os profissionais, também ainda não era o Gasolina – apelido que os veteranos lhe dariam pela rapidez que quebrava todos os galhos, como comprar cigarros ou sanduíches no bar da esquina.

Quando entrou em campo para o seu primeiro treino era apenas um menino cheio de sonhos e de raro talento para marcar gols, como fazia no juvenil do Bauru Futebol Clube, o Baquinho. E, nesse treino, já mostrou um pouco de talento. Recebeu um passe de Pagão, driblou Formiga – um dos ídolos da torcida, jogador de Seleção – e marcou seu primeiro gol na Vila.

Foi aprovado no teste e encaminhado para o juvenil. Acabou como maior destaque do time, e seu artilheiro. Mas, na decisão do título da categoria daquele ano, o Santos perdia o campeonato por sua culpa. O Jabaquara, que precisava apenas do empate para ser campeão, defendia-se como podia, e o placar estava lá 1 a 1.

Então pênalti a favor da Santos. Pelé é o encarregado para cobrança. Ajeita a bola com calma, chuta no meio do gol. A defesa do goleiro foi fácil e Jabaquara acabou sendo campeão.

Um mês depois de chegar a Santos, Pelé fazia seu primeiro gol pelo time profissional. Foi no dia 7 de Setembro, num jogo-treino contra o Coríntians de Santo André, durante as comemorações de mais um aniversário da Independência. Quando faltavam 25 minuto para acabar a partida, Del Vecchio se contundiu e Lula colocou Pelé em seu lugar.

O Santos já ganhava de 5 a 0. O lançamento foi longo. Jair da Rosa Pinto gritou "Vai Gasolina... Vai". Pelé correu matou no peito. O zagueiro veio e levou um lençol. O goleiro Zaluar ficou indeciso, com medo de entrar duro e machucar aquele garoto de pernas tão finas. Apenas gritou para que Pelé largasse a bola, tentando intimidá-lo. Pelé gingou para um lado, para o outro – e tocou por baixo das pernas do goleiro.

O obscuro Zaluar assim para a história do futebol brasileiro como o primeiro a sofrer um gol daquele que viria ser a Pérola Negra, o rei do futebol, o maior jogador de todos os tempos.

Então Zaluar decidia, ainda no vestiário, encerrar sua carreira por causa daquele gol, Pelé subia de cotação, e passaria a integrar o elenco profissional, ora substituindo Del Vecchio, ora Álvaro ou mesmo ponta esquerda Tite. Porém, seu primeiro contrato somente foi assinado no ano seguinte, no dia 8 de Abril.

Convocação

No mesmo ano, 1957, embora não fosse o titular da camisa 10 santista, acabaria sendo convocado para Seleção brasileira que disputou a Copa Rocca, como reserva imediato de Luisinho, o pequeno polegar do Corinthians. Na primeira partida, no Maracanã, o Brasil perdeu por 2 a 1. O gol brasileiro? Pelé. No jogo seguinte, no Pacaembu, ele joga no começo da partida. Mas com a 8. Nova derrota, desta vez por 2 a 0.

Mesmo antes de ele conseguir ser titular do Santos, o futebol de Pelé ia crescendo. Começava a ser comentado, a ganhar fama.

A Marca

Dois anos depois, numa partida contra o Juventos, na rua Javari, pela primeira vez Pelé comemoraria um gol se esmurrando o ar – gesto que se tornaria uma espécie de marca registrada.

Para muitos, esse teria sido o seu gol mais bonito. De qualquer maneira, não há dúvida que foi um dos que mais marcaram a sua carreira.

Foi assim: a partida estava 0 a 0 Pelé vinha sendo muito vaiado pela torcida. Era um daqueles dias em que nada dava certo. Pagão chuta para fora da área a bola vem forte e pererecando na direção de Pelé. O beque corre para marcação e leva um lençol. Vem o segundo zagueiro para a cobertura e é batido também com um drible vertical. Ainda sem deixar a bola cair no chão, Pelé encobre o terceiro beque e fica frente a frente com o goleiro Mão – de – Onça. Este, já no desespero, pula para tentar abafar a jogada. Com um leve toque é encoberto. Então, com o gol vazio, Pelé cabeceia e sai pulando e esmurrando o ar, com raiva.

Em fins de 1957, Vasconcelos quebrava a perna e Pelé era efetivado no time. E nunca mais, por uma década e meia a camisa 10 do santos teve outro dono.

A da Seleção demoraria um pouco mais. Convocado para a copa do Mundo de 1958, foi reserva de Dida até a partida da União Soviética. Verdade que viajou contundido, porém, mesmo que estivesse em plena forma física não seria o titular. Afinal, era pouco mais que um garoto, com seus 17 anos. Mas, depois do empate, 0 a 0, com a Inglaterra, os líderes do time – Beline, Nilton Santos e Didi – pressionaram a comissão técnica para que Garrincha, Pelé, Zito e Vava substituíssem Joel, Dida, Dino Sani e Mazola. E os 4 entraram para enfrentar o futebol científico dos Russos. Pelé não fez gol, embora joga –se bem. Seu primeiro gol em copa do Mundo seria na partida seguinte, contra Pais de Gales. Um leve toque por cima do beque e o chute forte e no canto, sem que a bola tocasse no gramado. Brasil 1 a 0. Depois, fez mais 5 gols – 3 contra a frança e 2 contra a Suécia. E seu nome ganhava as páginas dos jornais do mundo. E sua história passava a ser a própria história do Santos, que se divide em duas épocas: antes e depois do seu aparecimento.

Do primeiro gol marcado sobre o obscuro Zaluar ao milésimo gol marcado no argentino Andrada, no dia 19 de novembro de 1969, no Maracanã (Santos 1 Vasco 0), Pelé foi batendo recordes que perduram até hoje, como o maior artilheiro de campeonatos paulistas, com 58 gols em 1958; o único jogador de futebol no Mundo a ser tricampeão Mundial; o primeiro a ultrapassar a barreira dos mil gols.

Antes dele, havia equilíbrio no futebol paulista, brasileiro e mundial. Com ele, o Santos passou a ser um tedioso papão de títulos e o futebol brasileiro a ser temido. Em todos os campos do mundo, da África aos Estados Unidos, da Ásia à Europa, ele deixou sua marca. Em alguns essa marca foi tão forte que acabou sendo perpetuada em placa de bronze, como aconteceu no Maracanã no dia 5 de março de 1961.

A partida era contra o Fluminense, pelo torneio Rio São Paulo. Pelé recebe a bola além do meio- campo e avança. Dribla Edmílson, passa por Clóvis, engana Pinheiro, deixa para trás Jair Marinho e fica cara a cara com Castilho. Engana- o também e marca aquele que seria o gol de placa.

Depois de Ter jogado na Copa do Mundo do México, Pelé começou a preparar- se para abandonar o futebol. Na verdade aquela copa seria o principio da despedida. Muitos o davam como acabado. As críticas eram cruéis. Pelé, então, preparou- se com todo o cuidado para provar o contrario. Queria sair por cima. E a televisão mostrou para o mundo, para as gerações mais jovens, quem era Pelé. A sua incrível impulsão, como no gol que fez de cabeça na decisão com a Itália; seus reflexos rápidos, como no quase - gol contra a Tchecoslováquia, quando percebeu o goleiro Victor fora do gol e chutou por cobertura do meio campo; ou a sua imprevisibilidade como no corta – luz sobre o goleiro uruguaio Mazurkiewicz; sua técnica sofisticada, como no primeiro gol contra a Tchecoslováquia, quando matou no peito e trocou de pé para enganar o goleiro.

A Despedida

Um ano depois, despedia- se da Seleção, no Maracanã. Era o dia 18 de julho de 1971, e o Brasil conhecia o Dia do Fica. A partida era contra a Iugoslávia. No final do primeiro tempo (o Brasil perdia por 1 a 0), Pelé iniciou sua despedida. O público, de pé, aplaudia sua volta Olímpica com a camisa verde amarelo nas mãos. Os altos- falantes tocavam a valsa do Adeus. Pelé chorava. Lenços brancos formavam uma única e viva onda branca nas arquibancadas, gerais e cadeiras.

A multidão gritava:

Fica, fica, fica!

Mas ele ficou apenas no Santos. Por mais três anos. Na noite de uma Quarta- feria, 2 de outubro de 1974, Pelé abandonaria o futebol brasileiro. A partida contra Ponte Preta não teria importância, mas acabou entrando para a história do futebol, por ser a ultima de pelé nos campos brasileiros, e usando a camisa 10 do Santos.

Depois, iria para o Cosmos de Nova York, onde jogou até primeiro de outubro de 1977, quando abandonou definitivamente o futebol.

Quem o viu não o esquecera; quem não o viu, acham que todas as histórias de seus gols não passam de lendas – histórias aumentadas pela óptica apaixonada dos torcedores.

Ninguem marcou tantos gols

No dia 21 de novembro de 1964, o grande técnico Oswaldo Brandão cornandava 0 Botafogo de Ribeirão Preto (SP). Nessa data, Pelé passou por seu caminho. Resultado: Santos 11 X 0, corn oito gols do Rei, seu recorde em uma partida. Brandão caiu, como seria de se esperar. Mas até que se deu bem, foi para o Corinthians. Alguns dias depois, em 7 de dezembro, adivinhe quem o Corinthians do recém-chegado Brandão enfrentaria? 0 Santos de Pelé: 7 x 4 para o Santos. Quatro gols dele. E Brandão recebe a discutível honra de ter visto seus times levarem doze gols do mesmo jogador em duas partidas seguidas. Isto é Pelé. Onze vezes artilheiro do Campeonato Paulista, das quais nove consecutivas. Capaz de marcar 111 gols na temporada de 1961 (tinha 20 anos e media de 11,48 gol por jogo) ou de chegar a 58 gols no Carnpeonato Paulista de 1958. Do primeiro, contra o Corinthians de Santo André, em 1956, ao ultimo, num amistoso Seleção do Sudeste x Seleção do Sul, em 1983, foram 1 281 gols. Que ele fez mais de 1000 gols, todo mundo sabe. Mas você tem ideai da idade de Pelé ao marcar o gol 500? Duas dicas: Romário atingiu a marca aos 31 anos. Bebeto, aos 35. Ao anotar seu segundo gol (o tal 500) no empate de 3 x 3 contra o São Paulo, dia 2 de setembro de 1962, Pelé tinha 21 anos e dez meses.

Criado por Sanches Designer
Copyright © 1999. Todos os direitos reservados.