OS PRINCIPAIS ESQUEMAS TÁTICOS DO SÉCULO XX (1)

 

 

Neste trabalho pretendemos relacionar, ilustrar e analisar os principais esquemas táticos que marcaram o futebol no século XX. Na medida do possível, serão eles apresentados em ordem cronológica, embora vários tenham surgido quase na mesma época. Aqui estão listados somente os mais importantes. Enfocarmos todos seria uma tarefa impossível, tal a riqueza, a criatividade e a diversidade das alternativas táticas existentes.

 

PIRÂMIDE

 

Este foi o primeiro esquema tático sério a ser implantado no futebol. Foi criado pelos escoceses no início do século. Constava de 2 zagueiros de área jogando bem recuados. No meio de campo, 3 médios mais defensivos; os laterais pegavam os pontas adversários, enquanto o centro-médio era o verdadeiro pião da equipe, centralizando o jogo. Ele era, geralmente, um jogador de grande habilidade. Os médios direito e esquerdo foram os precursores dos laterais, enquanto do centro-médio se originaria, mais tarde, o volante, que daria o primeiro combate à frente da zaga. No ataque, 2 meias um pouco recuados, 2 pontas bem abertos e o centro-avante artilheiro, o pião da linha de frente. A disposição em 2-3-5 do time em campo lembrava uma pirâmide, daí o nome. A Pirâmide, mesmo após a introdução do WM, continuou a ser largamente usada na Europa (Inglaterra, Itália de 34/38) e na América do Sul (Brasil até Copa de 50, Argentina, Uruguai). Os ataques predominavam sobre as defesas: atacava-se com 6 a 8 atacantes, defendia-se com 2 ou 4 jogadores, marcando por zona.

 


 

 


WM

 

Sistema de jogo criado pelo técnico inglês Herbert Chapman, do Arsenal, em 1924. Foi introduzido no Brasil por Dori Kreschner (Flamengo, 37) e usado pelo Vasco dos anos 40, entre outros. Na Europa, com exceção dos países centrais (Áustria e Tchecoslováquia, com a belíssima “Escola do Danúbio”) e da Itália (esta manteve a Pirâmide), passou-se a empregar largamente o WM inglês. Na zaga aparecia mais um jogador pelo meio, o centro-médio recuado (seria o futuro “zagueiro-central”). No meio-campo, 4 jogadores, sendo 2 médios e 2 meias recuados, formando o famoso “quadrado-mágico”, ponto focal da equipe. Estes 4 jogadores ajudavam na defesa e serviam o ataque. A linha de frente era formada por 2 pontas e pelo centro-avante artilheiro. Este esquema usava a marcação individual, em oposição à marcação por zona da Pirâmide.

 


 

 


FERROLHO

 

O sistema chamado de Ferrolho foi lançado em 1934 pelo técnico austríaco Karl Rappan e logo utilizado pela seleção suíça na Copa de 34. Era um sistema bastante defensivo, em que o meio-campo jogava junto aos 2 zagueiros de área. Os médios direito e esquerdo combatiam os extremas adversários, enquanto o centro-médio se postava bem diante da zaga, como um precursor dos futuros líberos. Dos atacantes, 3 recuavam para fechar o meio-campo (normalmente os pontas e um meia), sobrando apenas 2 na frente. Assim sendo, procurava-se reforçar as defesas, antes tão desprotegidas, em detrimento do ataque. As ações ofensivas aconteciam em contra-ataques rápidos, nem sempre efetivos.

 


 

 


DIAGONAL

 

Foi o esquema tático do Brasil na Copa de 50. O técnico do Vasco e da seleção brasileira, Flávio Costa, começou a experimentar no time vascaíno algumas novas concepções de jogo. Partindo do WM, Flávio teve a idéia de fazer uma rotação de 45o no quadrado-mágico de meio de campo. Com isso, criou um losango compacto, em que o vértice avançado era ocupado pelo centro-avante (Ademir) e o vértice recuado pelo homem de criação e iniciador das jogadas ofensivas a partir do meio-campo (Bauer). Os 2 vértices laterais foram preenchidos pelos meias (Zizinho e Jair), presentes na armação do ataque. Some-se 2 extremas velozes e tínhamos aí formado um time muito agressivo. Mais atrás na defesa, 2 jogadores abertos pelas laterais (Augusto e Bigode). Seriam algo parecido com os laterais de hoje, porém mais defensores que armadores. Na última linha, 2 zagueiros de área, com um deles (Juvenal) jogando quase sempre na sobra.


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André Luiz Medeiros é
arquiteto e pesquisador
do futebol.

 

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