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Uma sessão de gravação - a captação

Gostaria de passar a todos os leitores e interessados em informações mais palpáveis a respeito de nossas gravações, uma sessão real que ocorre frequentemente ... fazendo isso talvez seja possível uma aproximação mais viva entre as partes. Vamos a ela então: vamos supor aqui uma situação que é bem frequente. Um dos integrantes de uma banda entra em contato conosco e solicita os preços da produção de um cd demo ou a criação de uma master para confecção de muitas cópias, normalmente se fazem 4 músicas para uma demo . É interessante salientar este ponto porque tanto a demo quanto a master para muitas cópias necessitam cuidados idênticos, o que acontece frequentemente é que a "demo" fica tão boa que a banda decide lançar um trabalho "master" baseado nas músicas que foram gravadas simplesmente por curiosidade. Para uma master de qualidade é imprescindível que se gaste mais tempo e que se dê mais atenção aos detalhes.

Na data e hora marcada nos encontramos no estúdio para o início da sessão que se dá com a montagem da bateria se for este o caso, ou simplesmente a microfonação de uma bateria já montada para a passagem de som e ajustes. O processo começa com o posicionamento correto dos microfones que são fixados um em cada peça para melhor definição, normalmente uso 6 a 8 microfones para a bateria.

Recomenda-se que o baterista, se for usar bateria "real" traga os pratos, caixa e pedal de bumbo e que os instrumentos e equipamentos utilizados sejam da mais alta qualidade ... e também já de antemão se pergunta à banda se se quer utilizar samples de bateria ou sons sintetizados ... interessante salientar a indiscutível qualidade de uma bateria sequenciada, por exemplo uma DM5 da Alesis que é a que usamos.
Damos aos músicos a escolha entre gravar com bateria programada ou gravar com bateria "real", caso escolham uma bateria acústica, pede-se que tragam pratos, pedais e outras peças que acharem necessárias ou a bateria inteira.
Caso escolham gravar com bateria midi, tocarão em pads que simulam peças de bateria, no entanto o som é de uma bateria real.

Inicia-se microfonando todas as peças da bateria ou percussão numa sala separada e com isolamento e fazendo-se uma guia numa outra sala com todos os outros instrumentos ao mesmo tempo como se fosse um ensaio para que não se perca o sentimento básico da música.

Em seguida é a vez do baterista entrar em ação, pede-se que se toque uma peça de cada vez, primeiro a caixa depois chimbal, bumbo, depois os tom tons e surdo, em seguida os pratos até que todas estejam com o sinal de entrada devidamente ajustado, feito isso pede-se que se toquem todas as peças para os ajustes finais, de preferência a música que vai ser executada. Depois, numa outra sala, ligam-se baixo, guitarras e microfone para o vocal e o som é ajustado para que tenha suficiente volume para o fone do baterista que está numa sala isolada. Os integrantes da banda podem ouvir a bateria através de fones ou de caixas acústicas, porém o baterista só poderá ouvi-los através dos fones para que não haja vazamento de som pelos microfones da bateria, logicamente a esta altura a porta entre as salas é fechada e a comunicação só poderá ser feita pelos microfones.

Após a bateria ser ajustada, procedimento que demora às vezes algum tempo, ligam-se os instrumentos que irão fazer a guia em outra sala separada e encontra-se os níveis de entrada na mesa para que não ocorram saturações e manda-se o som dos outros músicos através de fone para o baterista. Assim o baterista ouvirá a guia feita pela banda através do fone e a banda ouvirá o baterista através de fone ou caixas acústicas instaladas na sala.
Deixa-se os músicos tocarem por algum tempo e faz-se os ajustes mais sutis que forem necessários e depois que todos estiverem familiarizados, inicia-se a gravação da guia e da bateria definitiva

Após todos os ajustes estarem OK. Pede-se que se toque a primeira música com todos os instrumentos e voz para que seja feita uma guia da primeira música a ser gravada. Se o baterista tem familiaridade com metrônomo é muito interessante que seja usado.

Quando a banda achar que já está familiarizada com o ambiente e segura, já podemos gravar a guia que é um esboço do vocal e do restante dos instrumentos, porém a bateria será definitiva e o que se pode fazer posteriormente são ajustes no timbre e volume das peças individualmente. Gravo normalmente 6 canais para a bateria e depois submixo esses canais passando por um compressor Alesis para 2 (L/R), assim ela fica finalizada e não se mexe mais nisso. Gosto de usar o ADAT da Alesis para isso, pela facilidade dos ajustes na mesa. Posso também gravar oito canais para a bateria e depois submixar para 2 canais e assim ter mais flexibilidade de ajustes.

Em seguida grava-se o baixo com o baixista ouvindo a guia e a bateria já ajustada para ter a máxima definição. O baixo não causa maiores problemas pois para gravá-lo liga-se diretamente à mesa.
Depois vem as guitarras que precisam mais cuidados e são microfonadas, uso para isso um microfone Sennheiser para palco que dá ótimos resultados. O guitarrista ouvirá a guia o baixo e bateria pelo fone. Gravam-se todas as guitarras para se evitar montagens e desmontagens de equipamentos.
Acrescenta-se em seguida teclados ou vocais e backings até completar todo o processo que exige a música.

Outro procediemtno comum é gravar a bateria e o baixo juntos num único "take" para posteriormente gravar os outros instrumentos. Se houver mais instrumentos pode-se acrescentá-los antes ou depois das vozes, pode-se também suprimir instrumentos indesejáveis na hora de cantar, ou o vocalista pode querer ouvir a guia gravada bem no início, lembra-se, por ter esquecido momentaneamente a letra, não há problema tudo isso é possível com a máxima qualidade ... se você pensa que terminou está enganado ... agora que a brincadeira vai começar! Na verdade finalizamos aqui a etapa de captação dos dados para serem em seguida editados.

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