TATIANE DIZ CADA UMA...
(inspirado no livro "Criança Diz Cada Uma" de Pedro Bloch)

 

Frases de 1998

(2 e 3 anos de idade)
 

Seta para Cima
 Durante um tempo, por volta do aniversário de 3 anos, a Tatiane andou muito interessada em sinais de trânsito e queria saber o nome e significado de todas as placas que encontrávamos na rua. Estava acostumada com as setas apontando à esquerda e a direita, "sentido obrigatório", a direção que os carros devem seguir. Um dia encontrou uma placa que pareceu muito estranha, do outro lado da rua, uma seta apontando para cima com uma tarja vermelha por cima (trânsito proibido). Ela ficou olhando, pensando e perguntou, desconfiada:
 - Lá os carros voam?  
Parecido
 Final do café da tarde e a Tatiane solta um sonoro arroto. Ante a nossa cara espantada ela fala:
 -Ih! Dei um esgoto!  
Cachorro Onça
 Dia dos pais, agosto de 98, minha filha - que morre de medo de cachorros - estava passeando com a mãe. Na rua, viu um cachorro da raça "dálmata" vindo na direção delas e gritou assustada:
 - Ai, ai, cuidado! Um cachorro-onça!

Pensamento
 A Tatiane estava ouvindo da mãe que as pessoas pensavam com o cérebro, o que ela não consegui concordar:
 - Eu penso com olhos!  

7 de Setembro
 Na creche, perguntaram a todas as crianças, por ocasião da comemoração da Independência, se elas sabiam o que era o Brasil. A Tatiane foi a primeira a responder. Ela tinha visto os jogos da copa do mundo e conhecia o hino nacional, e, entre outras coisas, sabia que o Brasil era nosso "time de futebol", mas a propaganda eleitoral também influenciou ela:
 - Brasil? Brasil é o time do PT...  

  Eleição
 A Tatiane ficou no colo da mãe durante a votação na urna eletrônica e não ficou muito satisfeita quando soube que não poderia também votar nas eleições de 98... Ao sair da cabina de votação ela andou até a mesa e falou para os mesários, inconformada:
 - Eu tenho 16 anos!
 Foi uma gargalhada geral.  

Relatório
     Perguntamos sempre para minha filha o que ela comeu na creche (se estava bom e outras coisas que os pais sempre perguntam), mas numa sexta-feira de outubro o relatório dela foi o seguinte:
     - Lanche? Comi sanduíche de presunto com doce de frutas.
 Ficamos achando o cardápio meio esquisito, mas não aprofundamos mais a questão, preferimos perguntar sobre as outras refeições:
 - O que tinha para jantar na creche, filha?
 E a Tatiane, falando muito sério:
 - Arroz com macaco desfiado.  

Limonada
 Ela estava na cozinha, observando a mãe fazendo uma limonada, quando a Patrícia disse para a Tatiane a seguinte frase:
 - Tatiane, "se a vida te der um limão, faça uma limonada"!
 Ela pensou um pouco e logo respondeu...
 - E se a vida te der água, faça um chá!  
Objeto não Listado
 Ter uma filha que já sabe ler aos 3 anos de idade, é divertido e complexo, às vezes. Por ocasião de uma atividade da creche, recebemos uma lista de itens que deveria ser entregue. Estávamos verificando que os itens listados não caberiam na mochila da Tatiane e pegamos uma pequena mala para colocar tudo. A Tatiane pegou a lista da escola e releu os itens diversas vezes, reclamando:
 - Mala? Aqui não tem mala. Onde está escrito que tem de levar mala? Aqui nessa lista não tem mala.
 Ela leu a lista inteira em voz alta outras vezes, para ver se conseguia nos convencer que ela tinha razão... Foi muito difícil mostrar para uma menina de 3 anos de idade que nem sempre o que está escrito deve ser seguido à risca.  

Linguagem Técnica
 A influência da escola no vocabulário dela é bem perceptível. Andando pelo parque, ela correu para uma árvore e ficou passando a mão em sua casca. Então falou para a Patrícia:
 - Olha, mãe, que bonito esse vegetal!  
Tamanho é Documento
 A Patrícia explicava para a Tatiane sobre a importância da comida e acabou dizendo que um dia a Tatiane iria crescer muito e ficar bem grande...
 A Tatiane, curiosa, pergunta:
 - Vou crescer mais do que a mamãe?
 - Vai, filha, vai ficar maior do que eu.
 A Tatiane completa o pensamento, intrigada:
 - Aí eu vou ser a tua mãe?  
Não Gosto de Férias
 Após três meses indo a creche, à tarde, Tatiane finalmente "entrou de férias". Vínhamos preparando isso a bastante tempo, para que ela não estranhasse a mudança, mas na primeira manhã de férias ela chega no quarto chorando, muito cedo. Eu acordo assustado e pergunto o que está acontecendo e ela responde:
 - Eu não gosto disso, eu quero ir para a creche!
 Ela chora sem parar. Eu explico que estão todos de férias, mas ela continua chorando:
 - Eu não gosto de férias, eu quero ir para a creche!
 - Está com saudade dos colegas, filha?
 - Estou!
 Então não pude me conter mais. Nos abraçamos e choramos os dois.  
Etimologia
 Estávamos conversando com a Tatiane, eu e a Patrícia,  sobre palavras que tem origem na língua tupi e citávamos vários exemplos como abacaxi, jacaré, tatu e outras. Perguntamos para a Tatiane, de brincadeira, se ela conhecia o significado da palavra "Guaíba" e ela respondeu:
 - Sei.
 - E o que "Guaíba" significa, filha? - perguntamos curiosos.
 Ela responde:
 - Água suja!
 Para quem conhece Porto Alegre e o Guaíba, rio que banha nossa capital, sabe que ela acertou em cheio!  
Polícia
 Tatiane observa dois policiais passando pela rua:
 - Por que eles usam aquelas espadas?...
 - Não são espadas, são "cassetetes".
 - Para que servem?
 - Para bater nas pessoas.
Ela pensa um pouco e pergunta:
 - Eles são maus?  

Céu
 Olhando pela janela, Tatiane vê um céu com nuvens desfiadas. Fazendo sinal com o braço, movendo-o em círculos como se estivesse limpando algo, ela diz espantada:
 - Olha, o céu está esfregado!  
Lembranças do Futuro
 Tatiane intrigada, após olhar alguns álbuns de fotografia:
 - Por que eu não tenho fotos de quando eu tinha 10 anos?
 

Frases de 1999

(3 e 4 anos de idade)
 
  Perdedor
 Estávamos à mesa, em final de janeiro, falando do significado dos nomes, dizendo para ela que cada um de nossos nomes tinha um significado. Ao ouvir que "Victor" significava vencedor, ela  discorda:
 - Victor não é vencedor, Victor é professor!

Parque Geométrico Gigante (18 de abril - 4 anos de idade)
 - Na casa do BZQA (um dos amigos imaginários), tem quadrado gigante...
 - Quadrado gigante? Como assim?
 - Ah...  "roda gigante", quadrado gigante, triângulo gigante...

Onde fica aquilo que eu não sei? (24 de Abril - 4 anos de idade)
 Com a mãe no banho...
 A Patrícia pergunta para a Tatiane:
 - Tu tens água no teu cérebro?
 - Não...
 A Patrícia ainda insiste:
 - O que é que tem no teu cérebro?
 - eu tenho o que eu sei...
 Tentando enrolar a filha, a Patrícia então pergunta:
 - O que tu sabes fica no cérebro, mas e o que tu não sabes, onde é que fica?
 E a Tati, muito rápida responde:
 - Fica no meu estômago!
Descobrimento antigo (25 de abril - 4 anos de idade)

A prof contou uma história...
que história?
Que os portugueses vieram pro Brasil nas cavernas...
Não eram caravelas?
Ah, isso!
caravela
Sabe mais que eu (19 de setembro - 4 anos e meio de idade)

    Fui, paternalmente, explicar para minha filha o que era verbo:
    - Sabe o que é verbo, filha?
    Ela me surprende dizendo:
    - Sim... existem verbos regulares e irregulares...


Idoso por opção  (entre 1 e 15 de setembro)
    Aconteceu  na semana passada com minha filha (que está com 4 anos), ao pegar o ônibus ela sentou naqueles bancos da linha "T1" bem da frente (que são mais altos que os outros). Depois de bem ajeitada exclamou bem alto para qiue todos ouvissem:
    - Olha, eu sou mais alta que os velhos!
    Minha esposa, morrendo de vergonha, explicou que não era para ela chamar
de "velhos" outras pessoa em voz alta, que isso não era educado, ao que
minha filha reclamou:
    - Mas porque, então, eles não pintam o cabelo?
Bagunças (16 de outubro)
    Assisti um diálogo surrealista entre minha filha e minha mulher. Foi na hora de minha filha ir para cama, por volta das 10 da noite no sábado. Para poder apagar a luz do querto dela minha mulher sugeriu que ao invés de ler um livro antes de dormir, como gosta de fazer, minha filha ficasse fazendo bagunça no quarto, com a luz apagada. A intenção de minha mulher era fazer com que minha filha dormisse o mais rápido possível e de luz acesa isso seria mais difícil. Minha filha concordou e ficou no quarto deitada em sua cama, atirando brinquedos para cima, derrubando colchões no chão e coisas assim. Depois de algum tempo, cansada dessas brincadeiras, ela estava de pé no corredor pegando algumas revistas em quadrinhos para ler. Minha mulher que já havia deitado, levantou-se para reclamar:
    - Tati, tu tinhas dito que querias fazer bagunça, não ler livros!
    - Mas agora eu quero ler um livro antes de dormir!
    - Mas tu prometeste ficar fazendo bagunça, agora vai ter de bagunçar, nada de ficar lendo!
    - Mas eu quero ler agora!
    - Mas que coisa, menina, não é para ler livro agora, isso não é hora, porque não faz o que combinamos?
    Eu estava ouvindo tudo e não pude deixar de achar muita graça no diálogo todo, lembrei de ter ouvido, há pouco tempo atrás, queixas de pais sobre seus filhos "que não querem ler" e de professores, sobre "a dificuldade de fazer as crianças se interessarem por leitura". Não pude deixar de refletir sobre a situação, isto é, uma mãe brigando para que a filha de quatro anos fizesse bagunça no quarto ao invés de ler um livro.
    Mas, continuando: só para terminar de vez com a discussão, minha mulher achou melhor ceder e deixar minha filha ler antes de dormir.
    - Está bem então pode ler... mas só dessa vez!
    Minha filha pegou alguns livros na estante, mas minha mulher ficou novamente irritada:
    - Para que pegar seis livros? Não dá para ler seis livros!
    - Dá, sim!
    - Não vai ler seis livros, vai ler só um e pronto!
    - Mas eu quero ler seis livros!
    - Ai, que saco, também, só quer ler, ler, ler...
    Não consegui mais segurar meu riso... Quando alguém poderia imaginar que uma mãe iria reclamar de sua filha por estar lendo livros demais?


Explicação sobre Pronúncias  (20 de novembro - 4 anos e 8 meses de idade)
    Ela estava contando a respeito de novos teletubbies inventados por ela e que um deles se chamava algo que entendi como "Tope-Pente". Perguntei novamente o nome e ela respondeu algo como "To-Pente". Diante da minha observação (e tentando pegar ela em um erro) de que não era possível alguém uma hora se chamar de um jeito e outra hora de outro ela, com muita frieza explica:
    - É To-Pente porque é com "p mudo", por isso se escreve t, o, p , ...
Fã do Linux (27 de novembro - 4 anos e 8 meses de idade)
    Eu estava furioso com a terceira paralização seguida do Windows nas minhas tentativas frustradas em recuperar arquivos de disquetes antigos, quando a Tatiane "tenta entrar em contato" comigo e me tirar da frente do computador para ir jogar alguma coisa com ela. Diante da minha negativa e do meu ar furioso na frente de mais uma tela azul do Windows ela me diz calmamente:
    - Por que não usa X-Windows?
    Eu até esqueci minha fúria para rir um pouco do conselho dela e pergunto porque ela me disse isso. Tatiane, muito segura de si, ainda explica, como se não tivesse só quatro anos e soubesse perfeitamente o que estava falando:
    - O Windows dá muito erro, tem de usar X-Windows...
tux
Primeiro a Aparência... (27 de dezembro - 4 anos e 9 meses de idade)

    Levantei e fui tomar um café e, ainda desarrumado, voltei para a cama e encontro a Tatiane deitada no meu lugar, vendo desenhos animados na TV ao lado da mãe que ainda dormia. Como queria deitar outra vez, tento falar com jeitinho, para ver se ela me cede um cantinho na minha cama:
    - Oi, filha, vendo desenho? Posso ver contigo?
    Ela olha para mim, mira meu cabelo despenteado e diz:
    - Só se arrumar esse cabelo.

Tato Infantil (27 de dezembro)

    Ao meio-dia, depois do almoço, exibimos eu e minha filha nossa barriga um ao outro. Ao ver a minha ela fala admirada:
    - Nossa! Tem um travesseiro aí ou é tua barriga mesmo?
gordo

Frases de 2000

(4 e 5 anos de idade)

cerveja
Restaurante (28 de janeiro - 4 anos e 10 meses de idade)

    Tati estava na praia com a mãe, uma prima e a avó dela e para almoçar tinham ido a um restaurante. À chegada do garçom, a Patrícia pediu um suco, a avó pediu uma "malzbier" e a prima pediu outro suco. O garçom pergunta pelo pedido da Tati e ela, sem se fazer de rogada pede, com a maior falta de cerimônia, em alto e bom tom:
    - Para mim, pode trazer uma cerveja!

Papel Interno (5 de Março - 4 anos e 11 meses de idade)
    Estávamos todos na mesa tomando café, eu estava meio adoentado tomando um chá e a Tatiane, que acabara de voltar de seu primeiro baile de carnaval não parava de falar. Eu estava cansado e não consegui prestar atenção no que ela dizia. A Patrícia disse a ela que não adiantava falar comigo, porque eu estava "atacado". A Tatiane imediatamente exclama:
    - Atacado por traças!?
    Não sei de onde ela tirou isso, mas diante de nossas gargalhadas ela pergunta:
    - Nós não temos papel dentro de nós?
    Como não parássemos de rir ela ainda resolve complementar a informação e "consertar" a frase dela:
    - Eu tenho papel dentro. Um pouquinho. É que entrou confete na minha boca, lá no carnaval...
Últimas Frases Anotadas (abril 2000)
    À medida que a Tatiane cresce, as frases de criança que ela dizia e que achávamos engraçadas vão se tornando mais raras. Agora que a Tatiane tem 5 anos e está na primeira série, as coisas que ela diz vão ser mais sérias, mais comportadas e ela começa a adquirir um humor próprio, criado a partir da interação dela com o mundo. Acho que é hora de terminar por aqui minhas anotações. Espero que quando crescer, ao dar uma olhada no que dizia, ela ache as frases anotadas tão divertidas quanto eu as achei. Obrigado, filha!
    Para finalizar, publico aqui o que ela disse a respeito de si mesma há duas semanas atrás:
Coincidência (abril ou maio - 5 anos de idade)
    Conversando com a mãe dela, ela disse um dia:
    - Descobri que Tatiane é nome de criança esperta!
    E a mãe, curiosa, pergunta:
    - E como tu descobriste isso?
    - Ah, é porque eu sou uma criança esperta e meu nome é Tatiane. Por isso Tatiane é nome de criança esperta!

A Filha que Consola o Pai (21 de junho de 2000 - 5 anos e 3 meses de idade)
    Eu estava triste porque a minha filha tinha feito uma coisa muito errada na escola. Ela veio conversar comigo, mas mesmo depois de algumas horas eu ainda estava chateado e falei para ela:
    - Eu não quero conversar ainda, porque estou meio triste.
    Ela disse então:
    - Tenta esquecer tudo o que aconteceu de tarde.
    Eu falei que estava tentando e ela disse então:
    - Vou te contar um poema que é assim:
    "Tudo o que passa pela cabeça
    na verdade não passa...
    fica dando voltas e voltas
    até fazer um nó
"
    Então eu sorri e fiquei muito feliz por ela ter lembrando de um poema que tínhamos lido no ônibus num outro dia e viemos para o computador e escrevemos tudo isso aqui que você está lendo agora.

 


Algumas imagens desta página foram disponibilizadas no site de Ron Mitchell

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