DIVERSOS

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Fixação anticlerical

Dom Amaury Castanho - Bispo Diocesano de Jundiaí 

 

         Além de facilitar a exata conceituação das coisas, o dicionário "Aurélio" presta outro grande serviço. Dispensa da leitura de muitos livros, por exemplo de psicanálise, Psicopatologia e outros. É prático abrir o excelente "Novo dicionário" do lingüista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Saber como nele se define a "fixação": "apego exagerado, doentio, a uma pessoa ou a uma coisa". Sob outro ângulo, diríamos que a fixação pode, também radicalizar certas pessoas contra entidades como a Igreja. Em todo caso, é sempre doentia.

        Sempre nos vem à mente essa irritante atitude de certos articulistas de jornais. Carlos Heitor Cony é um exemplo deles. é muito difícil, em seus breves e interessantes artigos diários, para a "Folha de S. Paulo", não desancar em FHC, a quem atribui todas as mazelas do Brasil de ontem, de hoje e do terceiro milênio...

        No mesmo jornal escreve, aos domingos, o ex-embaixador, ex-deputado e ex-senador Roberto Campos. É perfeitamente previsível que, na próxima semana, esteja condenando pela enésima vez o estatismo, exaltando até os cornos da lua os benefícios do capitalismo e neoliberalismo. 

        A fixação não é privilégio de escritores como Cony e economistas de renome como R. Campos. Há articulistas de bem menor porte entre nós e, um pouco por toda parte, que têm outras fixações. Uma das mais freqüentes é a fixação sexual. Mulher e sexo vão e voltam em tudo que escrevem até porque "a boca fala do que está cheio o coração", como afirmou Cristo. 

        Autores de segunda classe e menor audiência, com freqüëncia têm outra fixação: a do anticlericalismo. Não raro, são revoltados ex-seminaristas que deixaram ou foram convidados a deixar o Seminário, sabem Deus e os Reitores por que motivos. Curiosa coincidência, também C. H. Cony e R. Campos, críticos da Igreja, passaram por bons Seminários. Ao lado deles, felizmente, há centenas de outros agradecidos ao que receberam da Igreja. 

Aqui entre nós, dias atrás, um deles acaba de escrever e publicar o artigo "vida sim, Severina, não", Até que o estilo passa e o português é razoável, pois, queiramos ou não, quem teve alguns anos de Seminário leva para a vida boa bagagem de conhecimentos humanísticos, o que não é nada desprezível. Mas as farpas contra a Igreja, o tom zombeteiro contra os seus ministros e instituições, saem por todos os lados e estão em quase todos os parágrafos. Esses irmãos devem ter pesadelos todas as noites ou, pelo menos, naquelas que antecedem os artigos que irão escrever. 

        Pessoalmente, todos os que nos consagramos a Deus e à Igreja, sempre temos presente que "o discípulo não é maior que o Mestre" e que se a Ele perseguiram,  também a nós haverão de perseguir. Sempre foi assim, de tal modo que seria de estranhar, se fosse diferente e todos nos aplaudissem. 

        Mas o professor A.L.Gomes foi longe demais em seu artigo de 10 de julho último. além de agredir, sem necessidade, a "celibatários" e clérigos que chama de "dinossáuricos", desta vez ele se pronuncia favorável à mais ampla despenalização do aborto no Brasil. Entre os agredidos estamos todos os Pastores da Igreja, e nominalmente, segundo ele, o "Padre de Anápolis" e o deputado federal Severino Cavalcanti. A batina do padre o incomoda. E o respeitável parlamentar, reeleito seguidas vezes para a Câmara Federal, na qual ocupa cargo de relevância, conhecido em todo Brasil como um intrépido defensor da família e da vida, em especial da vida dos nascituros, como faz e continuará fazendo a Igreja. 

        A fixação, vale a pena repetir, é sempre doentia, como se lê no "Aurélio" e em qualquer livro de psicanálise. Como tal, merece compaixão. e, se possível, um tratamento adequado, até porque pode vir a ser superada, tornando menos infelizes os que lhe pagam um tributo. No caso em questão, com toda certeza, libertaria os seus pacientes de pesadelos e preconceitos, levando-os a posições mais objetivas e respeitosas.

        Jamais poderíamos imaginar que egresso de casa de formação jesuítica, depois de ter recebido a sua cultura da Igreja, que continua acompanhando os seus passos em seus descaminhos, pudesse colocar-se, tão agressivamente, ao lado de feministas radicalizadas como Rosiska Darcy de Oliveira, secretária do Conselho Nacional dos direitos da Mulher, do jurista Luiz Vicente Cornichiaro, responsável maior pelo Projeto do Novo Código Penal e, até mesmo, do Presidente Fernando Henrique Cardoso que, sabidamente, o referido professor desejaria ver no inferno quanto antes.   

        É triste ver a Igreja, instituição que mais se bate pelo respeito à dignidade e verdadeiros direitos da mulher, que mais defende a vida dos inocentes serezinhos ainda em gestação no ventre materno, ser objeto da zombaria de anticlericais com suas fixações. Mais triste ainda, quando um anticlerical se esquece de um dos mandamentos mais sagrados do Decálogo, o "Não matarás", em tempos em que nem mesmo se admite a pena de morte contra os maiores criminosos...

(Extraído do Jornal "A Federação" pág. 3 - 17.07.99.)


Processo de beatificação da Madre Teresa de Calcutá

Iniciou-se em Calcutá a investigação diocesana para o processo de beatificação da Madre Teresa. Sua `vida, virtudes e fama de santidade´serão agora revisados pelos membros da Equipe de Investigação diocesana que juramentou no decorrer de uma cerimônia realizada na Igreja de Santa Maria. Segundo foi informado, a investigação dos testemunhos duraria cerca de um ano, após o qual se iniciaria a segunda fase do processo de beatificação da religiosa, convocada à presença de Deus em setembro de 1997. O Papa João Paulo II, no dia 1 de março de 1999, deu seu beneplácito para que a congregação para a Causa dos Santos iniciasse o processo de beatificação, dispensando da norma que estabelece iniciá-lo após cinco anos da morte da Serva de Deus. O Postulador da causa é o Padre Brian Koloiejchak, membro do Missionários da Caridade. 

18.09.1999


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