Visão Científica da agonia de Jesus nos seus últimos momentos de vida.

 

 

Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo. Posso, portanto escrever sem presunção a respeito de morte como aquela.

Em Lucas capítulo 22 versículo 44, pode-se ver que “Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra”. O único evangelista eu relata o fato é um medico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a agonia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo ate a terra.

Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.

Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náuseas, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não tivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue. Depois o escárnio da coroação. Com logos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).

Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já esta plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terrenos irregulares, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 300 metros. Jesus, fadigado arrasta um pe após o outro freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a vigia lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.

Sobre o calvário tem inicio a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica esta colada nas chagas e tira-la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações  nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim. O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos.

Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pegos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apóiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente.

O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos; provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte; a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego; quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durara três horas. O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, encostam-no na estaca vertical.

Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vitima esfregam dolorosamente sobe a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira.

Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor, pregam-lhe os pés. Ao meio dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma mascara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo e Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando; os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam de tetania, quando os sintomas se generalizam; os músculos do abdome se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta.

O ar entra com sibilo e não consegue sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar; como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianilico. Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais se esvaziar. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora da órbita.

Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Poe que este esforço?

Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Logo em seguida o corpo começa a afrouxar-se de novo, a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz; cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Imaginável!

Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxota-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde; de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”. Jesus grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”.E morre. Em meu lugar e no seu. 

 Dr. Barbet, médico francês.

 “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3,13.