Veio Ver VERÍSSIMO ?
Personagens
Mort. Ed Mort - pra mim, o mais marcante. Esse detetive particular, que sorri pro lado, usa costeletas e bigodinho, tem um escri (de tão pequeno, não pode ser chamado de escritório) numa galeria em Copacabana. As lojas vizinhas variam, mas a plaqueta na porta tem sempre os mesmo dizeres. Mort. Ed Mort. Vive com um ratão albino de nome Voltaire e 117 (número cabalístico do universo verissimiano) baratas. A primeira aparição foi no livro "Ed Mort e Outras Histórias".
O sucesso do personagem levou alguns diretores e atores a tentarem versões dramatizadas. Nos anos 80 houve uma tentativa na tevê, no programa "Viva o Gordo", com Anselmo Vasconcelos fazendo o detetive; e outra no cinema, já nos anos 90, com Paulo Betti no papel principal. Dois fracassos. Ed Mort é tão bom no texto que dá a impressão de sempre ser inferior, cópia barata, no corpo de alguém.
Até nos quadrinhos falhou - Veríssimo e Miguel Paiva tentaram uma série de tirinhas que renderam até livros, mas o resultado foi sempre abaixo da expectativa.
A Velhinha de Taubaté - criada por Veríssimo para ser a encarnação dos pensamentos do autor sobre o governo do presidente João Baptista Figueiredo (1979/1985). Uma velhinha que mora em Taubaté e que parece ser a única a acreditar no que o regime diz ao povo através da mídia. O tom de deboche começa pelo nome do gato dessa senhora - Carlos Átila, homônimo do então porta-voz do governo.
O Analista de Bagé - personagem regional, que certamente leva Veríssimo a uma viagem no tempo, através de sua origem gaúcha. Freudiano de carteirinha e idealizador da terapia do joelhaço, o analista de Bagé, com seus maneirismos da fronteira, alcançou nada menos que 80 edições em menos de dois anos (160 mil livros vendidos até a 50a edição). A seqüência ("Outras do Analista de Bagé") rendeu mais 40 edições num ano. Nunca livros de ficção haviam vendido tanto em tão pouco tempo no Brasil. O país estava realmente precisando deitar (de tanto rir) no pelego deste bageense. O analista chegou a ganhar os palcos, num espetáculo que rodou o país por vários anos. Nunca tive coragem de assistir.
Dora Avante - dondoca da sociedade, presente sem estardalhaço no universo verissimiano, mas trazida ao cenário de sua obra de tempos em tempos.
Doutor Pundonor - último bastião da moralidade no país. Ganhou várias crônicas, apesar de pouco conhecido. Uma sátira de Veríssimo à turma da TFP (Tradição Família e Propriedade), uma facção conservadora, de presença marcante na sociedade brasileira dos anos de chumbo. Pode ser lido em "O Popular".
As Cobras
- Veríssimo
sempre gostou de ilustrar os próprios livros (principalmente
nos tempos da José Olympio). A dupla de cobrinhas nasceu
como ideograma para a capacidade de síntese do autor,
própria para as tirinhas. Invariavelmente as cobras discutem
máximas da filosofia, quando Veríssimo aproveita
para brincar com angústias humanas como o universo, a solidão,
Deus e outras. Esta investida no universo do traço rendeu
diversos outros personagens coadjuvantes como Queromeu, o corrupião
corrupto; Semiótica, a que tem sempre um ponto de vista
diferente; a cobrinha pesquisadora; Dudu, o alarmista etc. As
cobras são tirinha diária em diversos jornais do
país e estão presentes como protagonistas em pelo
menos dois livros (ver bibliografia);