S I N O P S E |
“Em outubro de 1994, três estudantes de cinema desapareceram numa floresta, perto de Burkitttsville, Maryland, enquanto rodavam um documentário. Um ano depois, as imagens foram achadas.” . Assim começa um dos filmes mais aterrorizantes dessa década: A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, EUA, 1999). Espectadores levarão um susto quando derem conta de que estão diante de algo parecido com o vídeo do casamento da filha do vizinho, pois A Bruixa de Blair é 100% composto por estas imagens “reais”, que nos mostram a preparação, execução do filme e eventual tragédia que abateu-se sobre o trio de cineastas.
Para aumentar o efeito,
os diretores Myrick e Sanchez batizaram os personagens com os nomes dos próprios atores
criando um mal entendido entre público e mesmo imprensa que, no início do fenômeno
Blair Witch, acreditaram ser o filme um documentário. A Internet Movie Database, maior
banco de dados sobre cinema na Net, chegou a classificar Heather Donahue como
"morta” em 1994!
Heather (Heather Donahue) é a diretora arrogante, à frente do
“projeto” que investiga uma antiga lenda da região, a tal Bruxa Blair. Os
técnicos e amigos de Heather são Josh (Joshua Leonard), o cameraman que opera um
equipamento de filme 16mm, e Michael (Michael Williams), que faz o som do filme. Heather
também usa uma câmera Hi8, para o making of.
A base do que veremos e ouviremos é muito bem estabelecida, pois
tudo que acontece é registrado em imagens pelas duas câmeras e pelo microfone e gravador
Nagra de Michael. Esqueçam a estética de um filme “normal”. Não há música,
gruas ou contraplanos. Tudo aqui é gravado e filmado como alguma mistura entre
“amador e reportagem”. Não há efeitos especiais.
Em plenos anos 90, era da interatividade, The Blair
Witch Project talvez sintetize muito bem esta estética da interatividade, onde videogames
adquiriram posturas mais e mais realistas de narração em primeira pessoa e o cinema e a
música ganham contornos cada vez mais crus, com coisas tipo South Park, Fat Boy Slim,
Beavis e & Butt Head.
No caso de A Bruxa de Blair,
estamos diante de um trabalho extremamente bem realizado. Aproveita-se perfeitamente suas
limitações técnicas e, especialmente, aquilo que Alfred Hitchcock chamava de
“poderes de sugestão”. Não há uma única cena de violência neste filme. Não
há monstros, assassinos ou mesmo alienígenas, apenas “algo”que ninguém vê,
mas que sabemos estar “lá”.
Não adianta entrar em detalhes sobre a narrativa de A Bruxa de
Blair, pois trata-se de uma experiência muito bem feita em “medo”, que deve ser
sofrida pelo espectador, sem que ele, ou ela, saiba o que esperar. É importante saber, no
entanto, que Myrick e Sanchez administram perfeitamente emoções como pânico, desespero
e o mais puro terror, evocando nossos medos mais infantis. O filme não funcionaria se
esta escalada de pavor fosse mal conduzida.
Não é à toa, por exemplo, que algumas das seqüências mais
eficientes de medo, neste filme, acontecem no escuro, com a tela preta e onde apenas
ouvimos sons que sugerem o que pode, ou não, estar acontecendo. A Bruxa de Blair, na
verdade, é um dos filmes mais sádicos dos últimos anos, pois tortura o espectador
impiedosamente, negando-lhe expectativas e levando-lhe a um final que não tem redenção,
ou mesmo explicação. Ao final, há apenas uma sensação desagradável, mas plena e
satisfatória para os mais masoquistas.
PS: Tente ver A Bruxa de Blair à uma distância razoável da tela,
pois a imagem treme muito, podendo causar tontura.
O P I N I Õ E S |
"Meu,
esse filme torna-se muito intertessante quando chega ao fim pois vc se ve livre de nauseas
tonturas e sono!!!!!!!!!!!!!!!
Apesar de uma história interessante, poderia ser mais bem produzido!!!! Melhor nome seria
a Bruxa de Blehhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!" Mariana Tavares e Renata / Santos (SP)
"Vocês querem saber a minha opinião sincera?? O filme é uma droga!! Me fez lembrar dos primeiros filmes em super 8 que eu e meu marido fazíamos há vinte anos atrás!! Não entendo porque tanto sucesso!! No dia em que eu assisti, o cinema praticamente lotou e quando o filme acabou as expressões das pessoas eram de que haviam perdido seu tempo!! Fazer o quê né??"! Virginia / Santos (SP)
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C R Í T I C A |
A Bruxa de Blair , de Daniel Myrick
e Eduardo Sanchez, pode sofrer com uma ultra-expectativa do público, ou mesmo de uma
irritação normalmente causada pela super exposição, especialmente entre jornalistas.
As capitais estão demarcadas por outdoors com o rosto aterrorizado de uma garota com
gorro de lã, chorando de medo, este é o filme mais comentado na Internet do Brasil e do
mundo e seus resultados fenomenais, nas bilheterias dos EUA, também aumentam a
curiosidade, especialmente porque estamos falando de uma produção feita entre amigos por
U$ 40 mil e que rendeu até, esta semana, U$ 134 milhões.
Outro fator interessante sobre A Bruxa de Blair
é o fato de ser um filme que representa o maior “crossover” já observado no
cinema comercial. “Crossover” significa a capacidade que um filme tem de superar
as barreiras impostas pelo seu perfil e atingir outras áreas. Pulp Fiction, de Quentin
Tarantino, por exemplo, pode ser considerado um enorme sucesso, pois sua temática
(forte), narrativa
Elenco Heather Donahue Joshua Leonard Michael Williams Bob Griffith Jim King Sandra Sánchez Ed Swanson Patricia Decou |
(fragmentada) e conteúdo (anormal) não podem exatamente ser considerados hollywoodianos, mas o filme (com alguns astros hollywoodianos) comportou-se como um produto made in Hollywood nas bilheterias (U$ 105 milhões). Se Noiva em Fuga vai bem de bilheteria, tudo bem, mas se Pulp Fiction é bem aceito, temos em
mãos essa coisa que
chamam de “crossover”. O filme não tem astros, nem estrelas. Sua estrutura
narrativa, embora linear, não tem nada a ver com Hollywood, muito menos as imagens
escuras, tremidas e cruas, gravadas em vídeo. Muita gente, aliás, sai tonto do cinema,
com tanta tremedeira. Num mundo normal, A Bruxa de Blair seria mais um filme do
“cinema independente americano”, exibido em salas alternativas do mundo inteiro.
Ao invés disso, temos em mãos algo mais bem sucedido do que o último filme de Julia
Roberts.
Dizem que o segredo para o
sucesso de A Bruxa de Blair foi a utilização do seu site, na internet ( http://www.blairwitch.com ), e do investimento que a
distribuidora Artisan fez depois de comprar o filme no Festival de Sundance, por U$ 1,1
milhão. Marketing realmente é essencial, mas muita gente esquece de levar em conta o
fato de o filme ser mesmo muito bom e que a eficiência vista na tela e sentida na
platéia confirmaram o ânimo criado em cima desta Bruxa.
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