Histórico |
Docentes |
Ensino |
Assistência |
Cursos |
Trocando Idéias
|
I E P A G
|
[ principal ]
|
|
- Climatério
- reflexões sobre a
clínica e a técnica
- I
- Se os médicos aceitam o climatério
como sendo uma síndrome (conjunto
desinais e sintomas que caracterizam uma
doença) não podem negar que todas
asmulheres são ou serão um dia doentes.
Como o climaterio é inevitável e
fisiologicamente a totalidade das
mulheres está a ele condenada nos vemos
diante de uma doença que não se
enquadra na definição que classicamente
a medicina adota; "enfermidade ou
doença é uma alteração orgânica ou
funcional que se caracteriza pôr fugir a
norma". Seria um contra-senso
aceitar o climatério como doença ? No
entanto estamos em uma época de
vertiginosas mudanças: informática,
genética, economia, globalização,
enfim, vivemos em plena civilização de
controle. Será que ainda podemos
conviver sem conflitos com a clássica
definição de doença ? Nos dias atuais
tendemos a considerar doença tudo que
foge ao controle, tudo que reduz a
produtividade e o lucro na sociedade,
tudo que desobedece aos pretensos ideais
de perfeição hígida que nos impomos.
Hormônios no climatério atendem aos
ideais de lucro e controle do mundo
contemporâneo. Há ai um fenômeno a ser
examinado na tentativa de explicar porque
tantos médicos aceitam o climatério
como se ele fosse uma doença,
medicalizando com hormônios o universo
constituído pela totalidade das mulheres
na peri e pos-menopausa. Seria aceitável
no exercício da clínica essa mudança
no conceito de doença ? É realmente
esta medicalização destituída de
riscos como procuram provar as numerosas
pesquisas realizadas por técnicos e
divulgadas exaustivamente entre os
médicos clínicos ?
- Qual
o significado de uma ação preventiva
através de hormônios e da
- realização
periódica de uma serie de exames
complementares em todas as
- mulheres
com mais de 45 anos?
|
GONOCOCOS
"ON THE ROCKS"
- Foi
o Bastos quem contou enquanto comíamos
sardinha no Botequim do seu Alberto, numa
esquina do Baixo Humaitá. Deve haver
muito de gozação e fantasia na
história, pois quando conta seus casos o
Bastos não tem o mesmo rigor que
demonstra em assuntos científicos. Há
quarenta e alguns anos muito antes da
época do AIDS, colega ginecologista
viu-se com corrimento uretral e o Gram
provou a presença de diplococos Gram
negativos gonorréia. O diagnóstico
trazia em si não só a comprovação da
doença, mas também a certeza que a
"namorada", caso recente, era
portadora do terrível mal venéreo. Na
época era hábito o desprezo pelas
contaminadas. Mulher que aceitava vida
sexual sem casar ou, casada, tinha um
"cacho", como se dizia na
época, era pouco ou nada respeitada. Com
gonorréia então era não mais que
desprezível prostituta. Mas nosso colega
era avançado e além de tudo médico, e
mais ainda, solteiro, desimpedido, com
aquela malandragem carioca dos velhos
tempos que, embora modernizada continua
firme na cidade, menos mais ainda
maravilhosa.A penicilina despontava como
remédio capaz de curar tudo e era a
melhor terapêutica para a gonorréia,
só que além de difícil e cara, a
penicilina que existia era a cristalina,
tomada em doses de 25.000 U/IM de 3/3
horas. As 200.000 U eram tiro e queda
pois as misérias daquele tempo eram
muito inocentes quanto às possibilidades
de tornarem-se resistentes. Nosso amigo
não teve dúvidas: armou-se de seringa,
agulha, gelo e álcool. O álcool em duas
formas, a 95 graus para as injeções e
como uísque; e o gelo conservava a
pinicilina e gelava a bebida...
- ...Curtiu
a noite toda com a "namorada" .
Muito amor e nos intervalos, uísque e
penicilina. Na semana seguinte
comemoravam a cura, aí sem a penicilina.
- -Isso
é verdade Bastos?
- -Claro,
as coisas não acontecem porque as
pessoas não contam e eu estou contando.
|
Bê-a-bá
da Filo II
- Possivelmente
desde os primórdios da humanidade o
homem buscava explicar-se. De onde vim? O
que faço no mundo? Para onde vou? O que
é vida? O que é morte?
- Parece
que universalmente, em todas as culturas,
os humanos respondiam a estas questões
com fantasias. Estas fantasias, mesmo
não sendo verdadeiras, eram elaboradas
através da visão pela qual o mundo se
mostrava aos homens.
- Ao
crer na fantasia o homem encontrava uma
resposta capaz de contentar seus
espíritos primitivos.
- Assim
parece que surgiram os mitos. Todos os
povos acreditavam nestas explicações
organizando sua verdade mitológica, que
passava de uma a outra geração através
de uma tradição oral transmitida pêlos
sábios. Hoje estas respostas nos parecem
fantásticas e talvez sejam, mas elas
foram a primeira forma de compreender o
mundo, sua origem e seus habitantes. Os
mitos explicam as coisas e as suas
causas. O mito, representação
fantástica da realidade, é uma
elaboração do
pensamento que tenta explicar os
fenômenos da vida.
- Junito
Brandão em sua Mitologia diferencia mito
de fábula e lenda e nos mostra o quanto
é ele importante para os humanos. Até
hoje construímos mitos na ciência,
Lacan considera fundamental na terapia
psicanalítica descobrir um mito
individual que, segunda ele, substitui
nas pessoas o mito social no qual não
podemos mais acreditar.
- Sucintamente
Mondin nos fala do mito fábula e do mito
verdade. O primeiro é uma narração
imaginária semelhante as fábulas. O
segundo tipo de mito, cuja
interpretação é moderna crê que os
mitos escondem sob a forma de fantasias
as respostas dos sábios da antigüidade
as questões primordiais da existência
do humano.
- Foi
pôr não considerar os mitos suficientes
para responderem estas questões
transcendentais que na Antiga Grécia os
homens sábios passaram a usar a razão,
o logos, e se designaram não mais
sábios, mas "amigos da
sabedoria", aqueles que buscavam.
Assim surgiram os filósofos. O primeiro
homem que transitou das explicações
míticas para as racionais, embora
duvidosas, foi Tales de Mileto.
|
- .Peixes
e ovos?
- (riscos de argumentação
lógica)
Lúcia
chegou à consulta dizendo: -
Eu tenho pavor de pílula.
Inicio a anamnese e vou
sabendo das coisas.
Já tinha usado Diu, foi
um desastre, menstruação demais, cólicas e
até umas dores do lado que um colega, conhecido
especialista de ilibada reputação, rotulou de
"princípio de infecção" e tratou com
analgésicos e anti-inflamatórios. As dores
passaram, a febrícula foi embora, mas Lúcia
não melhorou, o "quadro clínico"
cedeu mesmo foi com a retirada do Diu.
- Fiquei aliviada quando
tiraram de mim aquele corpo estranho - me disse.
Diafragma tentou, mas
não deu certo. Nunca conseguiu sentir-se segura
usando-o, não sabia se estava colocado direito,
desistiu quando engravidou usando seu
"Ramsés 65" e acabou provocando
aborto.
Lúcia tem 24 anos, é
saudável, normal, seus planos de vida são
formar-se, o que ocorrerá em 2 anos, firmar-se
em sua profissão, arquitetura; casar-se e ter
filhos, possivelmente aos 30 anos de idade ou
mais.
Pensei comigo mesmo, a
melhor indicação é a pílula, que outro
recurso haveria? Camisa de Vênus? Não dava,
Lúcia não tinha parceiros constantes e sem
sentir-se responsável pela gravidez homem não
toma conhecimento de anticoncepção.
Falei da pílula,
expliquei que era a melhor solução.
- Pílula não, morro de
medo.
Entrei na argumentação,
aborto você já fez um usando diafragma, o Diu
deu infecção, se não usar a pílula vai acabar
engravidando, Lúcia.
- Mas pílula é
antinatural.
- Concordo, mas todos os
métodos usados para impedir a gestação são
antinaturais, como evitar um processo
fisiológico como a gravidez, se não com drogas
ou procedimentos antinaturais? A rigor até
tabela....
- Acho muito arriscado
tomar pílula.
- Risco? Sim a pílula
tem seus riscos, mas tudo na vida é arriscado, o
fumo, o álcool, o açúcar, o café, os
enlatados, os peixes e mesmo os ovos que
consuminos...
A pílula pelo menos não
deixa você engravidar.
- Peixes e ovos?
- Peixes e ovos, sim!
Quem garante a você que o peixe não vem da
Baía de Guanabara? Toda poluída.
Continuei.
- E os ovos, sabe lá
você como é hoje um ovo? Gerações e
gerações de galinhas que vivem aprisionadas em
gaiolas, máquinas biológicas que transformam a
mais barata ração em ovos. E muitas vezes com
casca moreninha e gema cor de ouro, ovos iguais
os das galinhas que ciscam atrás de minhocas na
roça, imitações baratas - argumentava eu.
- Como é que pode?
- Como é que pode? É
só aumentar a dose do CHD-18 e 23 na ração.
Puxa! Mas, pílula não,
eu morro de medo!
E não teve jeito. Foi
embora dizendo que ía tentar a tabela, apesar de
saber da insegurança.
- Desculpe, doutor, mas a
pílula nunca!
Alguns meses depois
atendo cliente de primeira vez e como sempre
pergunto quem mandou, e vem a resposta:
- Uma cliente sua,
Lúcia, ela disse que você se lembraria dela,
era só eu dizer: aquela que morre de medo da
pílula.
- Ah, lembro, e como vai
ela?
- Vai bem, mandou um
abraço e pediu para agradecer a você, a tabela,
mesmo antinatural, está dando certo e disse que
anda muito mais tranquila e com saúde, depois
que deixou de comer peixes e ovos.
@ @ @
|
O Be-a-Bá da Filo I *
"Cientificamente"
explica-se, nos dias de hoje, diante de mil
dúvidas e contestações, o surgimento da vida
na Terra da seguinte maneira: Durante 2.000
milhões de anos não havia oxigênio no planeta
e teria sido sua ausência a responsável pelo
aparecimento da vida. A primitiva atmosfera
terrestre continha gazes como amônia e metano
que sob um sol fulgurante acabaram por formar
compostos capazes de organizar-se em cadeias
químicas. Estes futuros componentes proteícos
do ser vivo se dissolveram nos mares. Por
milhões de anos estes compostos formados e
destruídos pelas radiações solares não
filtradas interagiram acabando por adquirir
características novas. Tornaram-se capazes de
organizarem-se para se reproduzirem, para se
"fabricarem". Destas moléculas, hoje
chamadas de orgânicas, teriam derivado os
ácidos nucléicos com a propriedade de
utilizar-se de "proteínas" para sua
própria construção. Esta reação ocorreria
numa espécie de "sopa orgânica", os
coacervados que permitem a formação de uma
membrana protetora da atividade química. Teriam
assim surgido as primeiras células.
Certas
células fabricaram (supõe-se) um corante, a
clorofila, capaz de utilizar-se da luz solar para
suas reações químicas reprodutivas e liberando
oxigênio que lentamente acumulou-se na
atmosfera.
Em sua
superfície externa, por ação do sol, o
oxigênio transformou-se em ozônio. Este gás
então, tornou-se um filtro para as perigosas
radiações solares permitindo que a vida, a
partir dos vegetais, se aprimorasse no planeta.
* O Título é uma
homenagem a Jean Claud Nahoum e ao
"Homo".
Experiências
como as de Oparin e Cox puderam comprovar a
capacidade da matéria orgânica se organizar nos
coacervados, mas jamais foi possível dotar estas
pseudo células de uma, quem sabe divina,
"força vital" que as tornasse
reprodutivas.
Há
hipóteses para explicar a estrutura do ser vivo
mas ainda não foi possível explicar a
capacidade de conservação e reprodução que
caracteriza a vida.
De onde
teria ela surgido? No planeta? Teria vindo de
fora, sendo alienígena? Ou seja, em um ou outro
caso, teria havido "algo superior",
para muitos "divino", na origem desta
força vital" que proporciona a vida?
Como se
vê, existe hoje uma questão primordial na busca
do entendimento de si pelo humano e certamente
foi desta mesma questão primitivamente formulada
como, "o que sou?" que surgiria na
Grécia a filosofia
|
-
|