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canella@gineco.ufrj.br

Menssagem do PBastos
Climatério
reflexões sobre a clínica e a técnica
I - Se os médicos aceitam o climatério como sendo uma síndrome (conjunto desinais e sintomas que caracterizam uma doença) não podem negar que todas asmulheres são ou serão um dia doentes. Como o climaterio é inevitável e fisiologicamente a totalidade das mulheres está a ele condenada nos vemos diante de uma doença que não se enquadra na definição que classicamente a medicina adota; "enfermidade ou doença é uma alteração orgânica ou funcional que se caracteriza pôr fugir a norma". Seria um contra-senso aceitar o climatério como doença ? No entanto estamos em uma época de vertiginosas mudanças: informática, genética, economia, globalização, enfim, vivemos em plena civilização de controle. Será que ainda podemos conviver sem conflitos com a clássica definição de doença ? Nos dias atuais tendemos a considerar doença tudo que foge ao controle, tudo que reduz a produtividade e o lucro na sociedade, tudo que desobedece aos pretensos ideais de perfeição hígida que nos impomos. Hormônios no climatério atendem aos ideais de lucro e controle do mundo contemporâneo. Há ai um fenômeno a ser examinado na tentativa de explicar porque tantos médicos aceitam o climatério como se ele fosse uma doença, medicalizando com hormônios o universo constituído pela totalidade das mulheres na peri e pos-menopausa. Seria aceitável no exercício da clínica essa mudança no conceito de doença ? É realmente esta medicalização destituída de riscos como procuram provar as numerosas pesquisas realizadas por técnicos e divulgadas exaustivamente entre os médicos clínicos ?
Qual o significado de uma ação preventiva através de hormônios e da
realização periódica de uma serie de exames complementares em todas as
mulheres com mais de 45 anos?

GONOCOCOS "ON THE ROCKS"

Foi o Bastos quem contou enquanto comíamos sardinha no Botequim do seu Alberto, numa esquina do Baixo Humaitá. Deve haver muito de gozação e fantasia na história, pois quando conta seus casos o Bastos não tem o mesmo rigor que demonstra em assuntos científicos. Há quarenta e alguns anos muito antes da época do AIDS, colega ginecologista viu-se com corrimento uretral e o Gram provou a presença de diplococos Gram negativos gonorréia. O diagnóstico trazia em si não só a comprovação da doença, mas também a certeza que a "namorada", caso recente, era portadora do terrível mal venéreo. Na época era hábito o desprezo pelas contaminadas. Mulher que aceitava vida sexual sem casar ou, casada, tinha um "cacho", como se dizia na época, era pouco ou nada respeitada. Com gonorréia então era não mais que desprezível prostituta. Mas nosso colega era avançado e além de tudo médico, e mais ainda, solteiro, desimpedido, com aquela malandragem carioca dos velhos tempos que, embora modernizada continua firme na cidade, menos mais ainda maravilhosa.A penicilina despontava como remédio capaz de curar tudo e era a melhor terapêutica para a gonorréia, só que além de difícil e cara, a penicilina que existia era a cristalina, tomada em doses de 25.000 U/IM de 3/3 horas. As 200.000 U eram tiro e queda pois as misérias daquele tempo eram muito inocentes quanto às possibilidades de tornarem-se resistentes. Nosso amigo não teve dúvidas: armou-se de seringa, agulha, gelo e álcool. O álcool em duas formas, a 95 graus para as injeções e como uísque; e o gelo conservava a pinicilina e gelava a bebida...
...Curtiu a noite toda com a "namorada" . Muito amor e nos intervalos, uísque e penicilina. Na semana seguinte comemoravam a cura, aí sem a penicilina.
-Isso é verdade Bastos?
-Claro, as coisas não acontecem porque as pessoas não contam e eu estou contando.

Bê-a-bá da Filo II

Possivelmente desde os primórdios da humanidade o homem buscava explicar-se. De onde vim? O que faço no mundo? Para onde vou? O que é vida? O que é morte?
Parece que universalmente, em todas as culturas, os humanos respondiam a estas questões com fantasias. Estas fantasias, mesmo não sendo verdadeiras, eram elaboradas através da visão pela qual o mundo se mostrava aos homens.
Ao crer na fantasia o homem encontrava uma resposta capaz de contentar seus espíritos primitivos.
Assim parece que surgiram os mitos. Todos os povos acreditavam nestas explicações organizando sua verdade mitológica, que passava de uma a outra geração através de uma tradição oral transmitida pêlos sábios. Hoje estas respostas nos parecem fantásticas e talvez sejam, mas elas foram a primeira forma de compreender o mundo, sua origem e seus habitantes. Os mitos explicam as coisas e as suas causas. O mito, representação fantástica da realidade, é uma elaboração do
pensamento que tenta explicar os fenômenos da vida.
Junito Brandão em sua Mitologia diferencia mito de fábula e lenda e nos mostra o quanto é ele importante para os humanos. Até hoje construímos mitos na ciência, Lacan considera fundamental na terapia psicanalítica descobrir um mito individual que, segunda ele, substitui nas pessoas o mito social no qual não podemos mais acreditar.
Sucintamente Mondin nos fala do mito fábula e do mito verdade. O primeiro é uma narração imaginária semelhante as fábulas. O segundo tipo de mito, cuja interpretação é moderna crê que os mitos escondem sob a forma de fantasias as respostas dos sábios da antigüidade as questões primordiais da existência do humano.
Foi pôr não considerar os mitos suficientes para responderem estas questões transcendentais que na Antiga Grécia os homens sábios passaram a usar a razão, o logos, e se designaram não mais sábios, mas "amigos da sabedoria", aqueles que buscavam. Assim surgiram os filósofos. O primeiro homem que transitou das explicações míticas para as racionais, embora duvidosas, foi Tales de Mileto.
.Peixes e ovos?
(riscos de argumentação lógica)
Lúcia chegou à consulta dizendo:

- Eu tenho pavor de pílula.

Inicio a anamnese e vou sabendo das coisas.

Já tinha usado Diu, foi um desastre, menstruação demais, cólicas e até umas dores do lado que um colega, conhecido especialista de ilibada reputação, rotulou de "princípio de infecção" e tratou com analgésicos e anti-inflamatórios. As dores passaram, a febrícula foi embora, mas Lúcia não melhorou, o "quadro clínico" cedeu mesmo foi com a retirada do Diu.

- Fiquei aliviada quando tiraram de mim aquele corpo estranho - me disse.

Diafragma tentou, mas não deu certo. Nunca conseguiu sentir-se segura usando-o, não sabia se estava colocado direito, desistiu quando engravidou usando seu "Ramsés 65" e acabou provocando aborto.

Lúcia tem 24 anos, é saudável, normal, seus planos de vida são formar-se, o que ocorrerá em 2 anos, firmar-se em sua profissão, arquitetura; casar-se e ter filhos, possivelmente aos 30 anos de idade ou mais.

Pensei comigo mesmo, a melhor indicação é a pílula, que outro recurso haveria? Camisa de Vênus? Não dava, Lúcia não tinha parceiros constantes e sem sentir-se responsável pela gravidez homem não toma conhecimento de anticoncepção.

Falei da pílula, expliquei que era a melhor solução.

- Pílula não, morro de medo.

Entrei na argumentação, aborto você já fez um usando diafragma, o Diu deu infecção, se não usar a pílula vai acabar engravidando, Lúcia.

- Mas pílula é antinatural.

- Concordo, mas todos os métodos usados para impedir a gestação são antinaturais, como evitar um processo fisiológico como a gravidez, se não com drogas ou procedimentos antinaturais? A rigor até tabela....

- Acho muito arriscado tomar pílula.

- Risco? Sim a pílula tem seus riscos, mas tudo na vida é arriscado, o fumo, o álcool, o açúcar, o café, os enlatados, os peixes e mesmo os ovos que consuminos...

A pílula pelo menos não deixa você engravidar.

- Peixes e ovos?

- Peixes e ovos, sim! Quem garante a você que o peixe não vem da Baía de Guanabara? Toda poluída.

Continuei.

- E os ovos, sabe lá você como é hoje um ovo? Gerações e gerações de galinhas que vivem aprisionadas em gaiolas, máquinas biológicas que transformam a mais barata ração em ovos. E muitas vezes com casca moreninha e gema cor de ouro, ovos iguais os das galinhas que ciscam atrás de minhocas na roça, imitações baratas - argumentava eu.

- Como é que pode?

- Como é que pode? É só aumentar a dose do CHD-18 e 23 na ração.

Puxa! Mas, pílula não, eu morro de medo!

E não teve jeito. Foi embora dizendo que ía tentar a tabela, apesar de saber da insegurança.

- Desculpe, doutor, mas a pílula nunca!

Alguns meses depois atendo cliente de primeira vez e como sempre pergunto quem mandou, e vem a resposta:

- Uma cliente sua, Lúcia, ela disse que você se lembraria dela, era só eu dizer: aquela que morre de medo da pílula.

- Ah, lembro, e como vai ela?

- Vai bem, mandou um abraço e pediu para agradecer a você, a tabela, mesmo antinatural, está dando certo e disse que anda muito mais tranquila e com saúde, depois que deixou de comer peixes e ovos.

@ @ @

O Be-a-Bá da Filo I *

"Cientificamente" explica-se, nos dias de hoje, diante de mil dúvidas e contestações, o surgimento da vida na Terra da seguinte maneira:

Durante 2.000 milhões de anos não havia oxigênio no planeta e teria sido sua ausência a responsável pelo aparecimento da vida. A primitiva atmosfera terrestre continha gazes como amônia e metano que sob um sol fulgurante acabaram por formar compostos capazes de organizar-se em cadeias químicas. Estes futuros componentes proteícos do ser vivo se dissolveram nos mares. Por milhões de anos estes compostos formados e destruídos pelas radiações solares não filtradas interagiram acabando por adquirir características novas. Tornaram-se capazes de organizarem-se para se reproduzirem, para se "fabricarem". Destas moléculas, hoje chamadas de orgânicas, teriam derivado os ácidos nucléicos com a propriedade de utilizar-se de "proteínas" para sua própria construção. Esta reação ocorreria numa espécie de "sopa orgânica", os coacervados que permitem a formação de uma membrana protetora da atividade química. Teriam assim surgido as primeiras células.

Certas células fabricaram (supõe-se) um corante, a clorofila, capaz de utilizar-se da luz solar para suas reações químicas reprodutivas e liberando oxigênio que lentamente acumulou-se na atmosfera.

Em sua superfície externa, por ação do sol, o oxigênio transformou-se em ozônio. Este gás então, tornou-se um filtro para as perigosas radiações solares permitindo que a vida, a partir dos vegetais, se aprimorasse no planeta.

* O Título é uma homenagem a Jean Claud Nahoum e ao "Homo".

Experiências como as de Oparin e Cox puderam comprovar a capacidade da matéria orgânica se organizar nos coacervados, mas jamais foi possível dotar estas pseudo células de uma, quem sabe divina, "força vital" que as tornasse reprodutivas.

Há hipóteses para explicar a estrutura do ser vivo mas ainda não foi possível explicar a capacidade de conservação e reprodução que caracteriza a vida.

De onde teria ela surgido? No planeta? Teria vindo de fora, sendo alienígena? Ou seja, em um ou outro caso, teria havido "algo superior", para muitos "divino", na origem desta ‘força vital" que proporciona a vida?

Como se vê, existe hoje uma questão primordial na busca do entendimento de si pelo humano e certamente foi desta mesma questão primitivamente formulada como, "o que sou?" que surgiria na Grécia a filosofia